O Estado de S. Paulo

ÁGUA MINERAL VIRA ARTIGO DE LUXO

Apenas produto importado sobra nas prateleira­s

- Roberta Jansen / RIO

Avenda de água mineral dobrou no Rio desde o início do ano por causa da crise da contaminaç­ão da Estação de Tratamento de Guandu com geosmina, substância orgânica formada por algas. Esse material dá gosto e cheiro de terra ao produto que sai das torneiras. Com isso, houve uma repentina corrida aos mercados e o produto já some das prateleira­s.

Ontem, nos principais supermerca­dos de Copacabana, zona sul, só havia água mineral importada. Havia versões francesa, italiana ou dinamarque­sa do produto, a preços altos, a partir de R$ 21 a garrafa de 750 ml. “As pessoas saem até no tapa dentro dos mercados para conseguir uma garrafa de água mineral que não seja importada”, diz o jornaleiro Julio Bruno, que vende água e refrigeran­te em sua banca. A Polícia vai apurar denúncias de cobrança de preços abusivos.

Conforme a Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam), foram vendidos 240 milhões de litros em garrafões retornávei­s de 20 litros, o dobro do que é normalment­e vendido no verão. Na venda em embalagem descartáve­l, foram 180 milhões de litros, 50% acima do normal. “Não há falta de água mineral”, diz o presidente da Abinam, Carlos Alberto Lancia. “O que enfrentamo­s é um problema de logística.”

Presidente da Associação de Supermerca­dos do Rio, Fábio Queiroz afirmou que a rotina de distribuiç­ão do produto já foi alterada para tentar evitar desabastec­imento. “Aplicando logística acelerada, as produtoras de água mineral trabalham a todo vapor, além de terem aumentado a circulação dos caminhões” diz. “Novos fornecedor­es de água já estão sendo cadastrado­s nas lojas, inclusive de Estados vizinhos, para ajudar.”

Lancia informou ainda que a capacidade instalada de produção é equivalent­e ao triplo da quantidade vendida em 2019 (1,6 bilhão de litros). Algumas empresas já estão convocando um 2.º turno de trabalhado­res para aumentar a produção.

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ROBERTA JANSEN / ESTADÃO Prateleira. Garrafas disponívei­s custam mais de R$ 21

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