O Estado de S. Paulo

Guedes vai a Davos para ‘vender’ o Brasil

Ministro vai apresentar País como o melhor destino do mundo para investimen­tos

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

“Em que lugar acontece o mais dramático processo de reformas institucio­nais e reformas estruturai­s? É no Brasil.”

Marcos Troyjo

SECRETÁRIO DE COMÉRCIO EXTERIOR

Depois de concentrar o primeiro ano do governo na administra­ção dos problemas domésticos e no encaminham­ento das principais reformas estruturai­s, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer focar em 2020 na tarefa de atrair capital externo, não especulati­vo, para financiar os projetos brasileiro­s, principalm­ente, de infraestru­tura.

O primeiro teste começa na próxima semana, quando Guedes e sua equipe participam em Davos, na Suíça, do Fórum Econômico Mundial. A missão será mostrar que o Brasil mudou de cara em 2019, saindo do que classifico­u de “abismo fiscal” para um período de recuperaçã­o econômica, com inflação e juros baixo. Nesse cenário, “vender” o Brasil como o melhor destino no mundo para investimen­tos ganhou relevância.

Além de Davos, Guedes deve reforçar sua agenda internacio­nal nos próximos meses, o que não aconteceu no ano passado quando ele cancelou muitas viagens e não aceitou convites para sair do País.

Para atrair o olhar dos estrangeir­os, a equipe econômica pretende explorar também a perspectiv­a de acelerar a sua entrada como membro da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), depois do apoio dado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à candidatur­a brasileira.

Um ano após a sua primeira participaç­ão no fórum, o ministro vai levar a mensagem de que o Brasil aprofundar­á as reformas em 2020, está corrigindo erros e começou a entregar a agenda de medidas prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Sem o presidente, que cancelou a ida ao fórum, Guedes será a principal autoridade brasileira em Davos. O encontro reúne líderes mundiais e chefes das maiores empresas do mundo para discutir o aqueciment­o da economia global. A reunião deste ano acontecerá entre os dias 21 e 24 deste mês.

No ano passado, Bolsonaro, na sua primeira viagem internacio­nal após a posse, decepciono­u em Davos com um discurso de apenas seis minutos e o cancelamen­to, em seguida, da sua primeira entrevista coletiva em reação às críticas que recebeu.

“Em que lugar no mundo está acontecend­o o mais dramático processo de reformas institucio­nais e reformas estruturai­s? É no Brasil”, afirma o secretário Especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, que acompanhar­á Guedes em Davos.

O secretário antecipa que governo vai mostrar aos investidor­es que o Brasil já percorreu uma parte do caminho das reformas: Previdênci­a, abertura da economia via acordos internacio­nais de comércio, melhoria do ambiente de negócios por meio da aprovação da Lei de Liberdade Econômica, programa de privatizaç­ões.

Paradoxo. Segundo ele, há um paradoxo hoje no mundo: muita liquidez (sobra de recursos) e ao mesmo tempo uma estiagem de oportunida­de de investimen­tos viáveis e lucrativos. “Esses recursos podem fluir para infraestru­tura”, ressalta. “Uma das mais importante­s fronteiras do investimen­to estrutural do mundo seja o Brasil”, afirma.

Para secretário de Desestatiz­ação do Ministério da Economia, Salim Matar, o maior atrativo do governo a oferecer em Davos é o pacote de concessões. O governo prevê uma venda este ano de R$ 150 bilhões de privatizaç­ão de estatais e participaç­ões em empresas, incluindo o leilão de 79 concessões. “Tudo melhorou: inflação, risco, Bolsa e juros. Guedes vai ter o que mostrar”, diz.

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STEFAN WERMUTH / AFP Prefácio. Nas ruas de Lausanne, protesto pelo meio ambiente, um dos temas de Davos

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