Disney descarta nome ‘Fox’ e cria 20th Century Studio.
Após aquisição de US$ 71 bi, gigante decide desvencilhar marca da rede de TV ‘Fox News’
ADisney confirmou ontem que, a partir de agora, o lendário estúdio 20th Century Fox não terá mais o nome “Fox”. A partir de fevereiro, dois lançamentos já receberão novos logos: 20th Century Studios para a linha de filmes principais e Searchlight (ex-Fox Searchlight) para os de arte. As marcas mudam pouco – os grandes holofotes que caracterizam ambas serão mantidos.
Conforme destacou a revista americana The Hollywood Reporter, o estúdio 20th Century Fox teve origem em 1936 e também surgiu de uma fusão entre a Twentieth Century Pictures e a Fox Film Corporation.
Ao longo de sua história, a Fox produziu filmes como Avatar, Titanic, Esqueceram de Mim, Duro de Matar e Alien, além da série Star Wars. O estúdio estava nas mãos de Rupert Murdoch desde meados dos anos 80 até a venda bilionária do ano passado. Os funcionários do novo estúdio já foram avisados do renovado batismo.
Muita gente se pergunta em Hollywood se a Disney precisa realmente manter a Fox (ou, agora, 20th Century Studios) para lançar filmes para adultos, que poderia ser direcionada para subsidiárias da Disney que hoje andam meio dormentes, como a Touchstone.
A franquia Star Wars, talvez a mais lucrativa da história do cinema, já passou a ser lançada pelo selo Disney. No ano passado, a maior parte dos filmes que o estúdio herdara da Fox foram fracassos de bilheteria. Uma das exceções foi Ford vs. Ferrari, um sucesso internacional que obteve uma indicação ao
Oscar de melhor filme na semana passada.
A Fox Searchlight, considerada uma das melhores divisões de filmes de menor orçamento do cinema, também seria descartável para a Disney. Apesar de prestigiada, a divisão gera receitas e resultados muito inferiores ao que a casa do Mickey Mouse está acostumada.
O ano de 2019, aliás, foi recorde para a Disney: sua arrecadação nas bilheterias globais foi de mais de US$ 11 bilhões, graças a êxitos como Frozen 2, O Rei Leão, Vingadores: Ultimato, Toy Story 4 e Star Wars – A Ascensão Skywalker. A biblioteca de filmes da ex-Fox também será útil para compor o recém-lançado serviço de streaming Disney+.
Sem polêmicas. Por trás da decisão, segundo reportagem do The New York Times, estaria a intenção da Disney de se distanciar de vez do império de Rupert Murdoch, magnata da mídia que vendeu o estúdio de cinema e TV – por mais de US$ 71 bilhões –, mas manteve a rede de TV
Fox News, conhecida pelo apoio ao presidente americano, Donald Trump, e também os canais de esporte.
A ideia da Disney, ao deixar a Fox para trás, é distanciar o estúdio da era Murdoch. A emissora Fox News está no centro de um escândalo sexual envolvendo Roger Ailes, seu ex-presidente. O filme O Escândalo – que recebeu três indicações ao Oscar (atriz, atriz coadjuvante e maquiagem) e está em cartaz nos cinemas brasileiros – mostra os bastidores do caso. A situação já havia inspirado uma minissérie da rede
Showtime em 2019.