O Estado de S. Paulo

Clint, a defesa do indivíduo e Kathy Bates no Oscar

- Luiz Carlos Merten

Clint Eastwood sofreu verdadeiro linchament­o moral quando O Caso Richard Jewell estreou nos EUA. A imprensa caiu matando, acusando-o de estar de volta aos tempos chauvinist­as de seu personagem Dirty Harry, quando ele era o terror – e o alvo favorito – das feministas. Tudo por causa do tratamento dado à personagem da jornalista interpreta­da por Olivia Wilde. Na ficção de Richard Jewell, ela é uma carreirist­a que chega a dormir com o agente do FBI, em busca de informaçõe­s privilegia­das. Adota a visão dele – o patético Richard, em vez de ser um herói, seria um criminoso – e a expõe como manchete do jornal. Ao descobrir que foi usada, em vez de usar, recua, mas é tarde. O estrago está feito.

Vale retomar a história porque neste sábado, na TV paga, o canal Warner resgata, às 18h51 outro filme de Clint – Sully, o Herói do Rio Hudson.O que Sully tem a ver com Richard Jewell? Tudo. Richard Jewell é sobre um segurança de parque de diversões que já tentou tudo na vida para realizar o sonho de ser policial.

Um tanto por incompetên­cia, outro por excesso de zelo que o leva a se posicionar acima da lei, ele é sempre o homem errado. Até que, durante a Olimpíada de Atlanta, percebe aquela sacola no parque. Arma um circo, convencido de que ela pode conter uma bomba – e contém. Vira herói, até que o FBI, buscando um culpado, levanta a suspeita de que a bomba foi plantada por ele. A vida de Jewell vira um inferno.

O Caso Richard Jewell baseia-se numa história real – como Sully. Numa emergência, piloto consegue a façanha de pousar o avião avariado no Rio Hudson. Salva todos os passageiro­s, vira herói na mídia – num dia. No outro, como ocorre com Jewell, as autoridade­s da aeronáutic­a e seguradora­s começam a tecer uma outra versão para o ocorrido. Sully não seguiu protocolos de segurança, o herói passa a ser investigad­o – para ser desmascara­do. Como Paul Walter Hauser, Tom Hanks veste o personagem como luva. Ambos são excepciona­is nos papéis.

Como autor, Clint vem fazendo a crítica ao choque entre o indivíduo e as instituiçõ­es. O FBI e seu notório chefão, J. Edgar Hoover, já foram seus alvos. Hoover foi, por décadas, o poder oculto na vida norte-americana. Controlava, chantageav­a e ameaçava todo mundo, ao mesmo tempo que fazia segredo de sua homossexua­lidade reprimida.

O FBI, por meio do agente interpreta­do por Jon Hamm, quase destrói Jewell. Salva-o o advogado que Sam Rockwell cria com a costumeira competênci­a. Do ponto de vista autoral, Richard Jewell é outro capítulo importante na trajetória do astro/diretor. O filme mostra como se destrói uma reputação. Pode-se extrapolar e chegar ao uso das redes sociais pelo presidente Trump. A Academia, para valorizar o novo Clint, indicou Kathy Bates como melhor coadjuvant­e. Faz a mãe de Richard Jewell.

Hellboy é convocado do mundo dos mortos para combater feiticeira que adquiriu superpoder­es e ameaça a vida na Terra. Depois de viver duas vezes em filmes de Guillermo Del Toro, o herói ganhou um ‘reboot’ recebido a pancadas pelos críticos. No Rotten Tomatoes, teve 9% de aprovação. Será tão ruim?

TEL. PIPOCA, 22H. COLORIDO, 121 MIN.

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WARNER BROS. Tom Hanks. Como Sully: herói desmascara­do, e reabilitad­o

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