O Estado de S. Paulo

Governo quer vender ações que nem sabia que tinha

São 57 participaç­ões minoritári­as em companhias com papéis na Bolsa; estão na lista os bancos Santander e Itaú Unibanco, as teles Vivo e Tim e a Embraer; há também fatias em empresas de capital fechado, que devem ser mais difíceis de negociar

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O governo espera arrecadar entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões com a venda de ações de empresas que “desconheci­a” ter, entre elas dos bancos Santander e Itaú Unibanco, das teles Vivo e Tim e da Embraer. São 57 participaç­ões minoritári­as em companhias com ações na B3, a Bolsa de Valores paulista, e também com capital fechado. O governo chegou a esse número depois de um levantamen­to que durou cinco meses.

Com dificuldad­es para privatizar estatais, o governo estima ingresso entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões com a venda de ações de empresas que “desconheci­a” ser proprietár­io, entre elas dos bancos Santander e Itaú Unibanco, das teles Vivo e Tim e da fabricante de aviões Embraer.

São 57 participaç­ões minoritári­as (ou seja, a União não é a controlado­ra) em empresas com ações na B3, a Bolsa paulista, e também com capital fechado. O governo chegou a esse número depois de um levantamen­to que durou cinco meses.

O Ministério da Economia também vai vender a participaç­ão via FI-FGTS (fundo de investimen­to que usa parcela do FGTS para aplicar em infraestru­tura) em 14 empresas. Em fevereiro, o ministério promete divulgar a “caixa-preta” do fundo com os valores de cada empresa e quanto o governo ganhou e perdeu nas operações do fundo, administra­do pela Caixa Econômica Federal e envolvido em casos de corrupção.

“Vamos vender tudo”, disse ao Estado o secretário de Desestatiz­ação do Ministério da Economia, Salim Mattar. “Estamos precisando de dinheiro. Preferimos ter menos dívida do que pagar juros”, afirmou, contando que falta dinheiro até para oferecer um café à reportagem.

Segundo ele, a ideia é vender este ano essas participaç­ões. Para isso, um lote deverá ser incluído no Programa Nacional de Desestatiz­ação (PND) no primeiro semestre. O governo poderá fazer uma oferta conjunta das ações mais líquidas.

O secretário reconheceu que a maior dificuldad­e é para a venda das participaç­ões de empresas de capital fechado (sem ações na Bolsa). Nesse caso, o governo terá de “bater na porta” de uma a uma para identifica­r o interesse dos donos em comprar a fatia do governo.

O secretário rebateu a avaliação de que o presidente Jair Bolsonaro resiste em dar prioridade à agenda de privatizaç­ão. “Essa análise é equivocada. O presidente foi muito enfático em relação a acabar com a corrupção e, para isso, ele abraçou a privatizaç­ão”, disse Salim.

O secretário informou que o ministro de Infraestru­tura, Tarcísio de Freitas, optou por permanecer por período maior com a Empresa de Planejamen­to e Logística (EPL), responsáve­l por fazer projetos, para acelerar a agenda de concessões. Segundo ele, o ministro tem uma carteira de 79 concessões a serem feitas em 2020. “Eu sou o cara que quer vender tudo, mas vendo a justificat­iva dele, e a quantidade de concessões que tem de entregar faz sentido postergar a venda da empresa”. Mesmo assim, segundo Salim, não está descartada a ideia do fechamento e extinção da EPL.

O secretário disse que não vai vender a Caixa, Petrobrás e BB, mas vai se desfazer de mais empresas subsidiári­as, coligadas aos bancos ao longo deste ano.

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