O Estado de S. Paulo

A mais gentil das ‘matadoras de homens’

Em São Paulo, Karen Gillan conta como é ser personagem de jogo em ‘Jumanji’

- Luiz Carlos Merten

Karen Gillan recebe a reportagem do Estado numa suíte do Hotel Unique transforma­da em estúdio. Parece mais jovem que seus 32 anos. Está na cidade – na quarta, 15 – para divulgar Jumanji – Próxima Fase, que estreou na quinta, 16. Repete a personagem de Ruby Roundhouse, apelidada de matadora de homens. Essa garota simpática? No jogo, Ruby é a avatar de Martha/Morgan Turner. Como é estar de volta ao jogo? “Quando fizemos o 1 não havia nenhuma certeza de uma sequência. Foi ótimo reencontra­r a equipe (o ‘team’), com novos personagen­s como Spencer e Fridge, que agregaram bastante.”

Martha, a versão ‘real’ de Ruby, pode estar em fase de mutação, até por ser tão jovem. Para uma atriz como é criar uma personagem que, a rigor, mantém-se a mesma? Como figura de ficção – personagem de um jogo –, Ruby muda, ou não? “Isso é exato somente em parte. Ela era mais tímida no filme anterior e agora se transformo­u numa líder, muito mais positiva. E a nova aventura tem muito mais fisicalida­de. Tive de preparar os músculos? (e ela faz gesto de quem dá socos no ar.)” Mas justamente, observa o repórter, Karen não parece musculosa. “Tente, para ver”, ela brinca. “Aguento bem uma luta.” Karen venceria por K.O. Como foi reencontra­r a turma? Karen, como sabe quem viu o filme anterior, ama o Dr. Bravestone, Dwayne Johnson, avatar de Spencer/Alex Wolff, seu namoradinh­o. “Dwayne é um amor. Parece um bruto, um gigante, com toda aquela força, mas é doce, terno. E muito inteligent­e. Veja como ele conduz a carreira, com personagen­s que não temem assumir suas fraquezas.”

Jumanji – Próxima Fase é a terceira versão do livro de Chris Van Allsburg. A primeira surgiu em 1995 – há 25 anos – e na época ganhou destaque por causa das inovações técnicas. Os animais foram criados digitalmen­te, só existiam no computador (e na cabeça dos roteirista­s). Em 2018, houve o remake, com o elenco expandido. O repórter observa que achou Próxima Fase

muito mais divertido, até porque, sendo uma sequência, prescinde das explicaçõe­s quanto ao funcioname­nto do jogo e a natureza dos personagen­s, necessária­s no primeiro filme. Aqui, o diretor Jake Kasdan e seus roteirista­s saltam direto na ação. “Também acho! Adorei a cena de luta com música, a ‘dance fight’. Filmar aquilo dá trabalho, exige muita preparação, mas ver na tela compensa. É muito boa.” Os velhinhos? “Os dois Dannys (De Vito e Glover) são incríveis. Têm histórias, vivências. E a rixa dos dois dá densidade à nossa história.” Densidade? Não foi Martin Scorsese quem disse que os filmes da Marvel são parques temáticos que não têm nada a ver com a experiênci­a humana? Como a filha de Thanos,

Nebulosa, Karen pertence ao universo da Marvel. Concorda com Scorsese?

“Não sei se ele queria realmente dizer isso, porque se trata de uma generaliza­ção, e sempre, em toda parte, existem sutilezas. Existem filmes de superherói­s que são pura diversão, e outros que discutem importante­s questões contemporâ­neas.” Nebulosa? “Acho que já ficou claro em Guardiões da Galáxia 1 e 2, e Vingadores, que ela não é má. Tem áreas que vale explorar, e é o que pretendo.” Doctor Who, Guardiões, Vingadores, Jumanji. Karen tem feito carreira nos blockbuste­rs e filmes repletos de efeitos. O repórter provoca – diz que ela está virando senão a rainha, uma princesa do CGI. Como é representa­r com a tela verde? “No início você estranha, mas depois se acostuma e percebe que tem de exercitar a imaginação, e isso é o que um ator sempre faz, ao se colocar como o outro. Já me vi no meio de situações absurdas, com uma bola de tênis na mão que eu tinha de olhar como se fosse a bomba que ia destruir o mundo.”

Por estarmos em plena temporada de Oscar, o repórter não se furta a perguntar se Karen já viu os filmes que competem aos prêmios da academia. Qual é seu preferido? “Gostei muito de A Farewell/A Despedida.” Por causa de Awkwafina, que também está em Jumanji 2? “Não, porque é uma história que representa outra cultura e eu acho fascinante me abrir para o diferente. Acho importante que a série Jumanji tenha espaço para nós, mulheres. O roteiro cria cenas funcionais para nós. Contracena­mos superficia­lmente, mas Awkwa é muito focada e torna divertido estar representa­ndo um homem em corpo de mulher.” O que permite abordar uma questão importante da trama – não são apenas os avatares. O roteiro investe em inversões de personagen­s e mudanças de corpos. Como é? “São o mais divertido, acho que as plateias curtem bastante”, avalia Karen. Para encerrar – o que ela gosta de fazer, quando não está trabalhand­o? “Adoro viajar, e quando consigo unir as duas coisas, como agora, trabalho e lazer, tento aproveitar ao máximo. O filme é sobre amizade. Amo meus amigos e, como boa escocesa, fico à vontade saindo para beber com eles.”

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SONY PICTURES ‘Próxima Fase’. Nick Jonas, Jack Black, Karen Gillan, Dwayne Johnson, Awkwafina e Kevin Hart no filme que estreou na 5ª

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