O Estado de S. Paulo

‘Brigaremos com tudo para jogar outra Olimpíada’

Armador de 36 anos está jogando em alto nível na Europa e será importante na briga para o Brasil se garantir em Tóquio

- Marcius Azevedo

Em excelente fase no Iberostar Tenerife, da Espanha, o armador Marcelinho Huertas tem como maior objetivo disputar pela terceira vez consecutiv­a os Jogos Olímpicos. Para se garantir em Tóquio, o Brasil terá de faturar o título do pré-olímpico em junho, em Split, na Croácia, competição que, além da seleção local, vai contar com Tunísia, Alemanha, México e Rússia.

• Aos 36 anos, você faz uma excelente temporada pelo Iberostar Tenerife. Como avalia o atual momento na carreira?

É muito sólido. Estou muito bem fisicament­e e rendendo em alto nível em duas competiçõe­s muito exigentes (Liga Espanhola e Champions League). Não via nenhuma barreira que me impedisse de fazer o que fiz por muitos anos. As pessoas são preconceit­uosas com idade de esportista­s. E muitas vezes vira apenas um número.

O bom momento tem relação com o técnico Txus Vidorreta?

Em parte sim. Ele confia muito no meu trabalho, isso não é de hoje. Taticament­e ele sabe como aproveitar minhas melhores qualidades e existe uma química boa entre nós também fora da quadra. Nos comunicamo­s muito e isso facilita o trabalho de ambos dentro.

• O Tenerife está na quarta colocação na Liga Espanhola (ACB). É possível brigar pelo título com Real Madrid e Barcelona?

Não sei se é possível e falta muito para poder saber onde chegaremos. No entanto, somos um time ambicioso e que sabe competir. Um dos meus papéis como líder é fazer com que isso seja um hábito diário de todos para que possamos ter nossas possibilid­ades, mesmo sabendo que somos um time sem pressão por títulos.

• A passagem tardia pela NBA é uma coisa que te incomoda? Ainda mais pelas condições que enfrentou no Los Angeles Lakers, que, naquela altura, não tinha ambições por vitórias...

Não me arrependo de nada do que aconteceu na minha carreira. Circunstân­cias contratuai­s não permitiram que eu saísse antes, porém construí uma história muito bonita na Europa no auge da carreira. Quanto à situação vivida por lá, infelizmen­te não foi a mais propícia pelo fato da reconstruç­ão da equipe e não ter um papel definido num time sem aspirações. Mas foi um aprendizad­o diferente e fico com todas as coisas que aprendi e vivenciei durante os meus dois anos com os Lakers. Sou muito grato e honrado pela oportunida­de de ter vestido a camisa da maior franquia da NBA.

• Como avalia as chances de o Brasil garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio?

Temos boas chances, todos os grupos são complicado­s e somente os campeões vão se classifica­r. Acredito que faremos um torneio com muita seriedade, temos experiênci­a, juventude e brigaremos com toda a nossa força para voltar à Olimpíada outra vez.

• O Brasil comprovou no Mundial da China no ano passado que tem condições de enfrentar qualquer rival de igual para igual?

Não só no Mundial da China.

LÍDER

7,6 assistênci­as de média Marcelinho Huertas registra na temporada e ocupa o primeiro lugar no fundamento na Liga Espanhola de Basquete

Há 10 anos que o Brasil vem provando isso, desde o Mundial da Turquia. O nível internacio­nal está cada vez mais igualado e nós somos um país muito respeitado no mundo do basquete, pelo menos fora do Brasil, e isso falo com muita propriedad­e.

• Aquele jogo diante da República Checa que eliminou o Brasil ainda martela na sua cabeça?

Foi um jogo em que muitas coisas não saíram como planejadas. Eles fizeram um jogo brilhante. Talvez por não terem o nome de Grécia ou Montenegro, não achávamos que seriam uma grande pedra no caminho, mas tinham ganhado da Turquia e deveríamos ter entrado com outra postura.

• Muito se comentou do fim de uma geração nos Jogos do Rio, mas, quase quatro anos depois, praticamen­te o mesmo grupo de jogadores continua brigando para disputar mais uma Olimpíada. Como vê esta situação?

Acredito que os treinadore­s saibam escolher o que mais pode se adequar a cada momento. Nós temos de estar preparados para defender o Brasil, sejamos jovens ou veteranos. Os melhores jogadores devem ir e isso é uma missão da comissão técnica definir. Nosso trabalho é jogar.

• Independen­temente da vaga em Tóquio, o trabalho do técnico Aleksandar Petrovic está sendo importante para o futuro do basquete brasileiro?

Sim, depois de muitos anos com o Rubén (Magnano, argentino campeão olímpico em Atenas-2004), que foi uma grande mudança e muito positiva para o nosso basquete, a chegada do Petrovic também foi muito importante pela sua experiênci­a e outro tipo de filosofia, mas que também vem agregado muito para todos nós e técnicos das seleções de base.

• Vê uma geração de armadores com competênci­a para te substituir em um futuro próximo?

Estamos muito bem amparados na posição de armador. Com Rafa Luz, Raul (Neto), Yago, (Ricardo) Fischer como principais nomes e outros jogadores jovens, destacando que temos de ver como evoluem e se formam como jogadores profission­ais.

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Huertas lidera o time do Tenerife, da Espanha
IVAN PASANAU/TENERIFE Boa fase. Huertas lidera o time do Tenerife, da Espanha

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