Por caixa, empresas adiam pagamento de dividendos
AAs companhias brasileiras de capital aberto já começaram a anunciar cortes ou postergação de pagamento de dividendos para preservar o caixa e atravessar a crise trazida com a pandemia do coronavírus. A Petrobrás, por exemplo, anunciou que deixará o desembolso, que seria feito em maio, para o fim do ano. Já a EDP cortou seus dividendos quase pela metade e o conselho do ressegurador IRB Brasil Re recomendou à diretoria a reavaliação da proposta elaborada antes da crise. Um número grande de empresas está consultando seus advogados sobre essa questão e a previsão é de que venha uma onda de anúncios do tipo por outras companhias.
» Em pauta. A discussão em torno do pagamento de dividendos é um dos temas na mesa da administração das companhias no momento de fechamento dos demonstrativos financeiros, os quais são posteriormente apreciados pelos acionistas, em assembleia, que até o momento não tiveram os prazos flexibilizados, visto que para isso é preciso uma Medida Provisória (MP), já que a regra está prevista em lei. Enquanto a MP não vem, a CVM alterou prazos que estão em sua alçada, tal como a entrega de formulários de referência.
» Secou. O ânimo da indústria de materiais de construção desabou diante da pandemia do coronavírus. Em fevereiro, antes da crise, 71% das indústrias planejavam realizar investimentos no curto prazo. O setor percebia uma demanda elevada de materiais para reformas e novas obras. Mas após a chegada do surto, em março, essa marca despencou para 38%. Sem renda, pessoas e empresas devem postergar obras. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
» Fechou o tempo. Nesse período, o otimismo em relação às ações do governo baixou de 25% para 10%, e o pessimismo cresceu de 4% para 24%. A maioria das indústrias de materiais ainda (67%) segue indiferente às intervenções estatais.
» Help! A Abramat solicitou ao governo federal nesta semana a inclusão do comércio de materiais de construção como atividade essencial. O objetivo é que não haja obrigatoriedade dessas lojas fecharem, assim como acontece com farmácias e supermercados, por exemplo. Segundo a Abramat, a proposta foi aceita, e a autorização deve ser anunciada em breve.
» Mais leitos. A operadora de planos de saúde para idosos Prevent Senior e a gestora de investimentos imobiliários VBI Real Estate fizeram um acordo e revisaram o contrato de locação de um prédio comercial na capital paulista, para permitir que o imóvel seja transformado em um hospital com capacidade de receber 200 leitos para pacientes não emergenciais.
» Primeira classe. A transformação será feita no Edifício Park Tower, localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3.521, um imóvel do tipo "Triple A" - fachada espelhada, alto padrão de acomodação interna - que até então abrigava atividades administrativas. O contrato de locação foi fechado em 2019, tem 15 anos de duração e previa estritamente uso comercial. A adaptação será mantida enquanto perdurar o caos no sistema de saúde.
» Urgência. A Prevent Senior afirmou que a propagação rápida do coronavírus e o aumento do número de pacientes infectados na rede Sancta Maggiore, de propriedade da operadora que é muito forte junto ao público mais velho, exigiu ampliação da capacidade de atendimento. Por sua vez, a VBI diz que se solidariza com a Prevent e apoiou a reorientação do setor produtivo para combater a doença.
» No escuro. As distribuidoras de energia - que prestam um dos serviços públicos mais universalizados no País - têm na inadimplência um dos principais desafios de curto prazo. A paralisação da economia com a quarentena diminuiu de forma significativa a capacidade do pagamento de contas de luz por uma fatia expressiva dos consumidores brasileiros, e não apenas dos clientes considerados baixa renda.
» Praesent. Semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a suspensão por 90 dias do corte de energia, mesmo para os clientes inadimplentes. A ação, embora justificada, foi recebida de forma negativa pelo mercado, sobretudo por não prever de imediato a adoção de um mecanismo de compensação financeira pelos prejuízos com o provável aumento da inadimplência. A Aneel fez um apelo para que os consumidores continuem pagando a conta de luz, de modo a manter em 5% a taxa de inadimplência na classe residencial, o patamar atual.