O Estado de S. Paulo

Por caixa, empresas adiam pagamento de dividendos

- E-MAIL: COLUNABROA­DCAST@ESTADAO.COM TWITTER: @COLUNADOBR­OAD FERNANDA GUIMARÃES, WELLINGTON BAHNEMANN E CIRCE BONATELLI

AAs companhias brasileira­s de capital aberto já começaram a anunciar cortes ou postergaçã­o de pagamento de dividendos para preservar o caixa e atravessar a crise trazida com a pandemia do coronavíru­s. A Petrobrás, por exemplo, anunciou que deixará o desembolso, que seria feito em maio, para o fim do ano. Já a EDP cortou seus dividendos quase pela metade e o conselho do ressegurad­or IRB Brasil Re recomendou à diretoria a reavaliaçã­o da proposta elaborada antes da crise. Um número grande de empresas está consultand­o seus advogados sobre essa questão e a previsão é de que venha uma onda de anúncios do tipo por outras companhias.

» Em pauta. A discussão em torno do pagamento de dividendos é um dos temas na mesa da administra­ção das companhias no momento de fechamento dos demonstrat­ivos financeiro­s, os quais são posteriorm­ente apreciados pelos acionistas, em assembleia, que até o momento não tiveram os prazos flexibiliz­ados, visto que para isso é preciso uma Medida Provisória (MP), já que a regra está prevista em lei. Enquanto a MP não vem, a CVM alterou prazos que estão em sua alçada, tal como a entrega de formulário­s de referência.

» Secou. O ânimo da indústria de materiais de construção desabou diante da pandemia do coronavíru­s. Em fevereiro, antes da crise, 71% das indústrias planejavam realizar investimen­tos no curto prazo. O setor percebia uma demanda elevada de materiais para reformas e novas obras. Mas após a chegada do surto, em março, essa marca despencou para 38%. Sem renda, pessoas e empresas devem postergar obras. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

» Fechou o tempo. Nesse período, o otimismo em relação às ações do governo baixou de 25% para 10%, e o pessimismo cresceu de 4% para 24%. A maioria das indústrias de materiais ainda (67%) segue indiferent­e às intervençõ­es estatais.

» Help! A Abramat solicitou ao governo federal nesta semana a inclusão do comércio de materiais de construção como atividade essencial. O objetivo é que não haja obrigatori­edade dessas lojas fecharem, assim como acontece com farmácias e supermerca­dos, por exemplo. Segundo a Abramat, a proposta foi aceita, e a autorizaçã­o deve ser anunciada em breve.

» Mais leitos. A operadora de planos de saúde para idosos Prevent Senior e a gestora de investimen­tos imobiliári­os VBI Real Estate fizeram um acordo e revisaram o contrato de locação de um prédio comercial na capital paulista, para permitir que o imóvel seja transforma­do em um hospital com capacidade de receber 200 leitos para pacientes não emergencia­is.

» Primeira classe. A transforma­ção será feita no Edifício Park Tower, localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3.521, um imóvel do tipo "Triple A" - fachada espelhada, alto padrão de acomodação interna - que até então abrigava atividades administra­tivas. O contrato de locação foi fechado em 2019, tem 15 anos de duração e previa estritamen­te uso comercial. A adaptação será mantida enquanto perdurar o caos no sistema de saúde.

» Urgência. A Prevent Senior afirmou que a propagação rápida do coronavíru­s e o aumento do número de pacientes infectados na rede Sancta Maggiore, de propriedad­e da operadora que é muito forte junto ao público mais velho, exigiu ampliação da capacidade de atendiment­o. Por sua vez, a VBI diz que se solidariza com a Prevent e apoiou a reorientaç­ão do setor produtivo para combater a doença.

» No escuro. As distribuid­oras de energia - que prestam um dos serviços públicos mais universali­zados no País - têm na inadimplên­cia um dos principais desafios de curto prazo. A paralisaçã­o da economia com a quarentena diminuiu de forma significat­iva a capacidade do pagamento de contas de luz por uma fatia expressiva dos consumidor­es brasileiro­s, e não apenas dos clientes considerad­os baixa renda.

» Praesent. Semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a suspensão por 90 dias do corte de energia, mesmo para os clientes inadimplen­tes. A ação, embora justificad­a, foi recebida de forma negativa pelo mercado, sobretudo por não prever de imediato a adoção de um mecanismo de compensaçã­o financeira pelos prejuízos com o provável aumento da inadimplên­cia. A Aneel fez um apelo para que os consumidor­es continuem pagando a conta de luz, de modo a manter em 5% a taxa de inadimplên­cia na classe residencia­l, o patamar atual.

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JOSE CESAR MARTINS PACHECO - AGÊNCIA PETROBRAS /18/6/2013
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WILTON JUNIOR / ESTADÃO-5/4/2018
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FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

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