O Estado de S. Paulo

‘DAREI MAIS VALOR AO TRABALHO DOMÉSTICO AGORA’

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Wagner Davino, 50 anos, proprietár­io de lanchonete

“Sempre tive empregada. Todos os dias da semana. Mas, claro, ficou perigoso para a própria empregada e para minha família manter o esquema com ela enquanto durar a pandemia provocada pelo novo coronavíru­s. Minha mulher tem uma doença autoimune, portanto, está no grupo considerad­o de risco para a doença.

Agora que estamos nesse isolamento, estou fazendo coisas em casa que nunca fiz – ou que fiz apenas eventualme­nte. Estou achando até legal, porque pelo menos é alguma coisa para fazer nesse período.

Estou lavando, passando, aprendendo umas coisas na cozinha. Estou estendendo roupa no varal, passando, dobrando… Ah, passando nem tanto. Tenho achado tão difícil que já avisei que, já que é para ficar em casa, eu posso andar com as roupas amassadas.

Cozinhar, eu já cozinhava, muito raramente, mas agora estou me aprimorand­o. Gosto de uma coisas gourmet e estou me arriscando na cozinha. Minha mulher já disse que eu quero engordá-la. Cada dia apareço com um prato diferente. Já fiz doce também.

Agora, o que eu acho chato é lavar roupa. Já me deu vontade de chutar a máquina – e nem sei onde tem de colocar o sabão em pó direito. Enfim, esse é o meu novo cotidiano. Lavar louça, lavar roupa, varrer... De verdade, é melhor do que ficar sentado no sofá esperando o tempo e a pandemia passarem.

Também faço atividades físicas, abdominais, flexão, uso elásticos para exercícios. Tudo isso e mais os afazeres domésticos vão me deixar em forma.

Tudo o que estou fazendo agora vai para o meu currículo. Tenho dividido todas as tarefas de casa, ajudado a minha filha de 8 anos com as lições…

A minha filha também está aprendendo as coisas de casa. Esses dias, ela aprendeu a arrumar a cama.

Sabe, no fim das contas, sei que a gente precisa dar mais valor para o trabalho das domésticas. Quantas vezes você não chega em casa e reclama de uma coisinha que ela deixou de fazer? Tudo bobagem. Agora eu consigo enxergar o quanto é difícil manter uma casa limpa, quanto esse trabalho é cansativo. Vou dar mais valor e nunca mais pegar no pé.

Uma quarentena pode mudar a gente para melhor.” DEPOIMENTO A GILBERTO AMENDOLA

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Mão na massa. Wagner se adapta sem ajudante em casa

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