‘FICO MAIS CANSADA. BRINCO QUE NÃO DURMO, DESMAIO’
Thais Fagury, 42 anos, executiva
“Em home office, continuo cumprindo todos os compromissos profissionais do dia a dia, que agora foram para o ambiente virtual. Reuniões de rotina, reunião de equipe, reunião de projeto, tudo está lá. Participo de todas elas.
Estou tentando fazer meu horário de trabalho convencional. Ao mesmo tempo, estou cuidando da casa, do filho de 3 anos e do cachorro.
Meu marido continua trabalhando, no Hospital das Clínicas, e é ele, como arquiteto do hospital, que projeta os leitos do HC e agora está fazendo a liberação dos leitos de UTI. Ele está em um lugar em que corre risco de contaminação, mas tem tomado precauções colocando máscara no rosto, usando álcool em gel, fazendo assepsia, mas ele entra nas áreas onde há pacientes contaminados.
Há sempre um risco, mas ele precisa estar lá neste momento. Temos priorizado, para não haver nenhuma contaminação, dormir em quartos separados e ele está evitando ficar perto do nosso filho, para que não tenha nenhum problema.
Meu marido chega pela entrada dos fundos da casa, já coloca a roupa para lavar, toma um banho e, aí sim, ele fala um ‘oi’ para a gente. Nós sempre deixamos álcool em gel disponível.
Nem precisamos comprar, porque nosso filho teve no começo do ano a síndrome mão-pé-boca, que pegou na praia. Tenho feito a limpeza diária do quarto dele, com álcool e água sanitária. Não tenho economizado. Durante a semana, faço a limpeza geral da casa dia sim, dia não e coloco a roupa para lavar todos os dias.
Quando a situação ficou mais complicada por causa do coronavírus, liberamos a pessoa que trabalha em nossa casa. Tenho tentado me dividir o máximo possível em todas as tarefas domésticas, fazendo o meu horário de trabalho normal. Não tenho tido tempo para mim. Meu filho demanda muito, mas ele também brinca muito sozinho. Ele dorme cedo e acorda tarde, o que ajuda muito.
Acordo bem cedo e começo a fazer as coisas do trabalho. Meu filho acorda às 9h. Depois de preparar o café, volto para o trabalho e ele fica brincando e na sequência vê TV. De vez em quando, no meio de uma conference call ele aparece e me chama.
Na hora que ele dorme à noite, volto a trabalhar para fazer coisas que precisam de mais concentração. Tenho dormido à meia-noite e as 6h já estou de pé. É uma rotina cansativa. Por outro lado, não enfrentar o trânsito todos os dias dá uma compensada.
Estou mais cansada. Eu só consigo descansar na hora que vou dormir. Brinco que não durmo, desmaio. Apago. DEPOIMENTO A RENATO VIEIRA