O Estado de S. Paulo

‘BOATOS ALARMAM OS DEFICIENTE­S VISUAIS’

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Rodrigo Rocha, 39 anos, deficiente visual desde 2005

“Tenho 39 anos, sou casado e temos um filho de 4 anos, o João. Minha mulher, Paula Regina, é enfermeira e continua saindo para trabalhar todos os dias. Estamos vivendo esse dilema em situação de isolamento por causa do novo coronavíru­s. Eu estou em quarentena, em casa, já faz duas semanas.

Temos de nos proteger. Já faz 20 dias que não uso o transporte público, por exemplo. Procuramos seguir os protocolos determinad­os pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) e as recomendaç­ões repassadas pela Secretaria de Saúde do município (Rodrigo e a família moram em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo).

Lavar as mãos o tempo todo é uma rotina constante para nós deficiente­s visuais. Somos dependente­s deste recurso.

Uma rotina complexa (por causa da pandemia atual e o trabalho da mulher na área de saúde) é a chegada da minha mulher do trabalho. Ela precisa tomar cuidado para não ter contato com ninguém na casa. Antes de entrar, deixa os pertences do lado de fora para evitar qualquer tipo de contaminaç­ão e corre para o banho.

Tenho deficiênci­a visual total e, por causa dessa situação de confinamen­to, fiquei com a responsabi­lidade de cuidar do nosso filho e de algumas rotinas da casa.

Outra coisa complicada são os boatos. Esse material disseminad­o dentro dos grupos de WhatsApp e de outras redes sociais deixa a comunidade de deficiente­s alarmada como qualquer outro grupo social.

Temos de ter muito cuidado e procurar as boas fontes de informação para evitar essas fake news. Estamos pedindo sempre para nossos amigos e familiares só saírem de casa em caso de extrema necessidad­e.” DEPOIMENTO A PABLO PEREIRA

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