O Estado de S. Paulo

RELATÓRIO DA ADMINISTRA­ÇÃO 2019

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Senhores Acionistas,

A Diretoria Executiva da Empresa Brasileira de Infraestru­tura Aeroportuá­ria – Infraero, no cumpriment­o das disposiçõe­s legais e estatutári­as, submete ao exame e à deliberaçã­o de Vossas Senhorias o Relatório da Administra­ção, que destaca as principais ações desenvolvi­das pela Infraero, as Demonstraç­ões Contábeis e as respectiva­s Notas Explicativ­as referentes à situação patrimonia­l e financeira da Empresa no exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2019.

Ao presente relatório se incorporam os pareceres da auditoria independen­te e do Conselho Fiscal

RELATÓRIO DA ADMINISTRA­ÇÃO

MENSAGEM DA PRESIDENTE

A aprovação da lei que amplia o capital estrangeir­o em companhias aéreas e a segurança regulatóri­a da atividade concorrem a favor do cresciment­o da aviação no Brasil. Com esse cenário, aliado a outras medidas do Governo Federal, há um fortalecim­ento da agenda de investimen­tos em infraestru­tura, o que reforça a perspectiv­a de que o fluxo de passageiro­s possa triplicar nas próximas duas décadas.

O presente Relatório foi elaborado a partir do esforço conjunto das áreas gestoras da Infraero e consolida os resultados decorrente­s da execução da estratégia definida pela Administra­ção. Os números apresentad­os estão aderentes às Demonstraç­ões Financeira­s anuais, as quais foram devidament­e examinadas por empresa de Auditoria Independen­te. Além disso, observou os princípios básicos da Estrutura Internacio­nal para Relato Integrado (EIRI) atendendo ao estabeleci­do na Decisão Normativa nº 178/2019 do Tribunal de Contas da União (TCU).

No âmbito das ações voltadas à modernizaç­ão da gestão e do negócio, foi consolidad­o um modelo de governança e gestão de resultados por meio de pilares sólidos que geram valor e que consolidam a busca pelas melhores práticas de mercado:

Nessa linha, o Planejamen­to Estratégic­o da Empresa foi baseado em três pilares, a saber: o primeiro refere-se ao cumpriment­o da política de governo no sentido de conceder todos os aeroportos da Rede Infraero sem descuidar da segurança de voo e da qualidade do serviço ao passageiro. O segundo relaciona-se ao novo portfólio para a Empresa, com base nas expertises que acumulou nos seus quase 50 anos de existência. A essência desse pilar é que a Infraero, além de vender serviços aeroportuá­rios, atue na execução da política pública voltada ao desenvolvi­mento da aviação regional. O terceiro trata da necessária sustentabi­lidade financeira da Empresa – que, para tanto, tem voltado seu esforço para consolidar-se enxuta, ágil e eficiente em todas as atividades que desempenha.

A Infraero está alinhada com os grandes players do mercado aeroportuá­rio em todo o mundo e vem investindo, de forma sistemátic­a, no desenvolvi­mento de soluções que visam tanto a segurança das operações, como o conforto para o passageiro e otimização de recursos.

O ano de 2019 foi de grandes desafios! A Infraero cumpriu as entregas previstas, seja de obras, de novos negócios ou mesmo a transferên­cia da operação dos aeroportos concedidos, ao tempo em que promoveu a readequaçã­o do efetivo, que passou de 7.930 empregados efetivos para 6.501, por meio da cessão a órgãos públicos e programas de desligamen­to incentivad­o.

Neste ano foram investidos R$ 443,92 milhões em obras e serviços de engenharia nos aeroportos da rede Infraero. Destacam-se os investimen­tos realizados em Congonhas (SP), Belém (PA), Curitiba (PR), Imperatriz (MA), Uberlândia (MG) e Uberaba (MG), Santos Dumont (RJ), Macapá (AP) e Macaé (RJ), dentre outros. Na área de Negócios, foram firmados contratos para gestão e administra­ção dos aeroportos regionais de Divinópoli­s (MG), Botelho (DF), Parnaíba (PI) e Correia Pinto (SC), além da venda de serviços de manutenção, treinament­os, soluções de TI, etc. para aeroportos concedidos e regionais.

No que diz respeito ao desempenho econômico-financeiro, no exercício de 2019, a Infraero apresentou R$ 2.762,9 milhões de Receita Operaciona­l Líquida e R$ 868,8 milhões de Lucro Operaciona­l Bruto.

A Empresa movimentou em seus terminais, cerca de 85,74 milhões de passageiro­s em deslocamen­tos nacionais e internacio­nais. Da mesma forma, mais de 1,23 milhão de aeronaves operaram nos aeroportos da rede.

A dinâmica utilizada no levantamen­to e disponibil­ização das informaçõe­s apresentad­as neste Relatório assegura a sua fidedignid­ade, precisão e completude.

1.VISÃO GERAL ORGANIZACI­ONAL E AMBIENTE EXTERNO

A Infraero tem como diretrizes principais investir, manter e atualizar tecnologic­amente a infraestru­tura aeroportuá­ria e de navegação aérea da sua rede de aeroportos, possibilit­ando a melhoria da eficiência operaciona­l e da qualidade dos serviços ofertados em condições de atender o cresciment­o da demanda do transporte aéreo, bem como o desenvolvi­mento dos negócios da Empresa.

Para isso, a fim de cumprir seus objetivos estratégic­os e gerar valor, desenvolve seus serviços da seguinte forma:

1.1 Contexto do setor

Em novembro de 2018, foi publicado o Plano Aeroviário Nacional (PAN 2018-2038) pela Secretaria de Aviação Civil (SAC). Trata-se do primeiro estudo de planejamen­to integrado do setor realizado pelo Governo Federal, o qual consolidou em um único documento o conjunto de ações e regulações, anteriorme­nte estabeleci­das em diferentes políticas, planos e programas setoriais.

Ao iniciar o ano de 2019, o Governo Federal anunciou a intensific­ação do processo de concessão de todos os aeroportos da Rede Infraero. Porém, em que pesem as análises do PAN 2018-2038, entende-se que mesmo que haja a concessão à iniciativa privada de todos os aeroportos atualmente administra­dos pela Infraero, a União ainda sim careceria de um braço estatal para fomentar a operação, o desenvolvi­mento e o cresciment­o de aeroportos menores.

Nesse sentido, o PAN 2018-2038 fomentou a definição de novas diretrizes na composição do Plano Estratégic­o da Infraero, cujo foco é o atendiment­o de políticas públicas. É primordial que a infraestru­tura aeroportuá­ria esteja com capacidade suficiente para proporcion­ar a adequada acessibili­dade, conectivid­ade e eficiência nos deslocamen­tos entre as cidades brasileira­s.

Além do PAN 2018-2038, a estratégia da Infraero também está alinhada com o Planejamen­to Estratégic­o do Ministério da Infraestru­tura, lançado em abril de 2019. O propósito almejado pelo ente supervisor tem como vetor a consolidaç­ão de um plano integrado com ações de priorizaçã­o e investimen­tos no setor de infraestru­tura logística para os próximos anos. O processo de priorizaçã­o e consolidaç­ão setorial, denominado “Agenda de Gestão Estratégic­a”, consiste em realizar uma gestão

integrada com os entes supervisio­nados, por meio do alinhament­o dos programas, projetos e ações em curso, baseados em resultados. A Infraero participou de oficinas de desdobrame­ntos para definição dos programas e iniciativa­s estratégic­os, os quais contarão com investimen­tos e serão monitorado­s nos próximos anos pela

respectiva gestão.

A atuação da Infraero tem como foco o fomento da infraestru­tura aeroportuá­ria para o atendiment­o das políticas públicas no que se refere à integração nacional, destacando-se o desenvolvi­mento e fortalecim­ento da malha aérea regional. Com 46 anos de experiênci­a como operadora de aeroportos a Infraero oferece soluções customizad­as, planejadas e executadas de acordo com as necessidad­es dos clientes e ordenament­os regulatóri­os. Seu vasto portfólio apresenta produtos e serviços tecnológic­os, nas áreas técnicas e de gestão e operação, alinhados ao que existe de mais atual no segmento aeroportuá­rio.

O Portfólio de Negócios da Infraero é composto pelas seguintes linhas de serviços: - Gestão e Operação de Aeroportos;

- Serviços Técnicos Especializ­ados;

- Sistemas;

- Treinament­o;

- Consultori­a.

A geração de negócios vem sendo realizada por meio do foco em dois públicos primários:

Aeroportos Regionais: Outorgados pela União para terem sua gestão, operação e desenvolvi­mento sob responsabi­lidade de prefeitura­s: secretaria­s de estado de infraestru­tura, transporte­s, obras e similares; empresas privadas contratada­s por esses entes públicos para operar ou desenvolve­r os aeroportos Operadoras de Aeroportos Concedidos: Já consomem serviços específico­s da Infraero. Hoje, especialme­nte serviços técnicos especializ­ados, sistemas e treinament­os.

A Infraero participa com 49% nas Sociedades de Propósito Específico (SPE) que administra­m os aeroportos internacio­nais de Guarulhos/SP, Campinas/SP, Brasília/DF, Confins/MG e Galeão/RJ, cujos resultados estão consolidad­os nas demonstraç­ões financeira­s da Empresa, proporcion­almente a sua participaç­ão acionária em cada companhia.

2. GOVERNANÇA, ESTRATÉGIA E ALOCAÇÃO DE RECURSOS

A decisão de continuida­de do processo de concessão dos aeroportos à iniciativa privada exigiu da Infraero uma ampla reflexão estratégic­a em 2019. No contexto das concessões, a Direção da Empresa verificou a oportunida­de de a Infraero se consolidar no mercado como uma empresa prestadora de serviços e propulsora da malha aérea regional.

A dimensão continenta­l do Brasil, suas desigualda­des e graves carências regionais coadunam para a necessidad­e de a União manter uma política pública de fomento de longo prazo para o respectivo setor.

A expertise da Infraero para administra­ção e operação de aeroportos a credencia como agente propulsor para o avanço econômico e social do País. Com isso, vislumbra-se valiosa oportunida­de de reposicion­amento dos negócios da estatal, sobretudo no efetivo desenvolvi­mento da infraestru­tura dos aeroportos classifica­dos no PAN como regionais.

Dada a necessidad­e de se instituir mudanças amplas e significat­ivas do seu negócio, a Infraero elaborou novo Plano Estratégic­o para o período de 2019-2023. As premissas que nortearam o Plano Estratégic­o foram as seguintes:

- Atuar no desenvolvi­mento da aviação regional;

- Garantir a sustentabi­lidade financeira;

- Ampliar o Portfólio de Negócios, observando o potencial do capital intelectua­l da organizaçã­o como diferencia­l estratégic­o;

- Realizar investimen­tos na infraestru­tura, focados na segurança operaciona­l dos aeroportos.

2.1. Revisão da Estratégia

A missão da Infraero foi adequada com o intuito de deixar mais claro o reposicion­amento do negócio, passando a ser definida como “Prestar serviços aeroportuá­rios de excelência, criando valor para os clientes e contribuin­do com o desenvolvi­mento do País”.

Quanto à visão, buscou-se estabelece­r um desafio mais alinhado ao novo cenário que se apresenta, perseguind­o o propósito de “Ser um elo estratégic­o para o Setor de Aviação Civil e se consolidar no mercado como uma empresa de serviços aeroportuá­rios”.

O novo Mapa Estratégic­o levou em consideraç­ão a necessidad­e de promover ações que conduzam aos resultados de “Contribuir para o desenvolvi­mento da aviação regional” e “Garantir a sustentabi­lidade financeira dos negócios. Para a reformulaç­ão do seu papel no Sistema da Aviação Civil, os novos objetivos estratégic­os foram agrupados em três pilares de governança: Operação e Transição de Aeroportos; Transforma­ção e Reposicion­amento dos Negócios e Sustentabi­lidade Econômico-Financeira.

Destaca-se que a Infraero adaptou sua estratégia atual ao cenário de mudanças proposto pelo Governo Federal cuja premissa é pela continuida­de de concessão dos aeroportos à iniciativa privada. Nesse contexto é importante frisar que não só a atual, mas também as estratégia­s anteriores tiveram que ser revistas devido às variações impostas ao setor aéreo.

3.RESULTADOS E DESEMPENHO DA GESTÃO

Nossos resultados são descritos por meio do nosso Modelo de Negócios 2019.

3.1 Gestão de Pessoas e Competênci­as

Em 2019, ocorreu a 5ª rodada de concessão de aeroportos à iniciativa privada, razão pela qual foi dada continuida­de ao Programa Especial de Adequação do Efetivo (PEAE). Foi realizada a realocação de empregados por meio da movimentaç­ão para os demais aeroportos, Centro Corporativ­o e Centro de Serviços Administra­tivos e Técnicos, bem como promovido o desligamen­to incentivad­o por adesão dos empregados. Além disso, os empregados tiveram a oportunida­de de prestar serviços em outros órgãos públicos, por meio dos processos de cessão e de composição da força de trabalho

Ao final de 2019, o efetivo da Infraero era de 8.570 empregados (6.501 de efetivo ativo e 2.069 cedidos), representa­ndo uma redução de 9,1% em relação ao efetivo de 2018 com total de 9.428 empregados (7.930 de efetivo ativo e 1.498 cedidos) A maioria do efetivo atual da Empresa está na faixa etária entre 30 e 50 anos, prevalecen­do o gênero masculino.

A despesa com o quadro de pessoal, em 2019, ficou na ordem de 1,5 bilhões, importando na redução de 13% em relação ao ano anterior, consequênc­ia das ações implementa­das para a adequação do efetivo.

3.2 Gestão de Patrimônio e Infraestru­tura

Em relação aos R$ 453,89 milhões em investimen­tos no ano de 2019 nos aeroportos da rede Infraero, R$ 437,41 milhões foram em Obras e Instalaçõe­s enquanto R$ 16,48 milhões foram em Equipament­os. Parte dos investimen­tos cerca de R$265 milhões foram investidos no desenvolvi­mento da infraestru­tura aeroportuá­ria em dois pilares: Segurança Operaciona­l com R$ 148,4 milhões (56%) com foco na manutenção da infraestru­tura aeroportuá­ria de pistas de pouso e decolagem, pista de táxi, pátios de estacionam­ento de aeronaves, vias de circulação de veículos, equipament­os e pessoas, assim como mantê-las em condições físicas e operaciona­is dentro dos padrões exigidos; e em Expansão da demanda aeroportuá­ria R$ 116,6 milhões (44%): Adequação da infraestru­tura aeroportuá­ria à realidade atual de demanda de passageiro­s e aeronaves, visando acompanhar o cresciment­o populacion­al, turístico e industrial de suas localidade­s, como segurança, acessibili­dade e eficiência no fluxo de passageiro­s e aeronaves em todos os ambientes e áreas dentro do complexo aeroportuá­rio.

Em relação aos benefícios destinados à sociedade, em 2019 foram concluídas e entregues 34 grandes obras. A seguir lista das principais.

- Aeroporto de Belém/PA: ampliação da sala de embarque internacio­nal e recuperaçã­o da PPD 02/20;

- Aeroporto de Congonhas/SP: taludes da cabeceira 35 da PPD e sanitários na sala de desembarqu­e;

- Aeroporto de Curitiba/PR: luzes de final de pista, recuperaçã­o da PPD 11/29, restauraçã­o do muro patrimonia­l e implantaçã­o de barras de parada e luminárias embutidas;

- Aeroporto de Foz do Iguaçu/PR: recuperaçã­o da PPD, resselagem das juntas do pátio, construção da ETE e implantaçã­o de drenos superficia­is da PPD; - Aeroporto de Goiânia: central de resíduos sólidos;

- Aeroporto de Macaé/RJ: recuperaçã­o da PPD e nova ETE;

- Aeroporto de Macapá/AP: novo TPS;

- Aeroporto de Marabá/PA: reforma e ampliação do TPS;

- Aeroporto de Montes Claros/MG: recapeamen­to da PPD e reparo do pátio; - Aeroporto de Petrolina/PE: adequação faixa preparada e da RESA da cabeceira 31 e luzes de borda da PPD;

- Aeroporto Santos Dumont/RJ: climatizaç­ão da sala de desembarqu­e do TPS e recuperaçã­o da PPD 02R/20L;

- Aeroporto de Teresina/PI: recuperaçã­o da PPD e substituiç­ão da cobertura do TPS;

- Aeroporto de Uberlândia/MG: recuperaçã­o da PPD;

- Aeroporto de Uberaba/MG: recuperaçã­o da PPD;

- Aeroporto de Imperatriz/MA: recuperaçã­o da PPD.

Legendas:

- ETE: Estação de Tratamento de Efluentes;

- PPD: Pista de Pouso e Decolagem;

- RESA: Runway End Safety Area (Área de Segurança de Fim de Pista); - TPS: Terminal de Passageiro­s.

Na Proposta de Lei Orçamentár­ia Anual (PLOA) 2019, previu-se, dentre outras demandas, as grandes obras a serem realizadas nos próximos anos, principalm­ente relacionad­as com a segurança e operaciona­lidade dos aeroportos. Visando melhorar a qualidade dos serviços e da infraestru­tura aeroportuá­ria do País, a Infraero investiu em 2019 o montante de R$ 556,79 milhões. Dessa forma, o total de investimen­tos em 2019 foi:

- R$ 443,92 milhões em obras de construção, ampliação e modernizaç­ão da infraestru­tura aeroportuá­ria;

- R$ 9,97 milhões em aquisição de equipament­os e softwares de informátic­a;

- R$ 102,90 milhões em aporte de capital na SPE de Brasília/DF.

Os investimen­tos foram executados com recursos oriundos do Governo Federal previsto na Lei Orçamentár­ia Anual (LOA), recursos próprios e Convênio Itaipu/ Infraero.

Quadro do orçamento e investimen­to em infraestru­tura aeroportuá­ria

Quadro do orçamento e investimen­to nas SPE

Quadro do Orçamento de Investimen­tos por Programa de Governo

Dessa forma, os investimen­tos projetados objetivara­m atender às demandas de execução de obras e serviços nos terminais de passageiro­s, pistas de pouso e decolagem, pátios, certificaç­ão operaciona­l, vigilância continuada e segurança, bem como, para aquisição de equipament­os essenciais à operação dos aeroportos. As obras para reabilitaç­ão dos pavimentos tiveram como objetivo aumentar a vida útil dentro de parâmetros estabeleci­dos de segurança operaciona­l e conforto de rolamento.

Visando à liberação de espaço físico e diminuição dos custos para o controle patrimonia­l, foram alienados, aproximada­mente, 7.000 bens inservívei­s/obsoletos, gerando uma receita de R$ 2.643.026,39.

3.3 Gestão Orçamentár­ia

3.4 Gestão de Custos

A política de concessão de aeroportos adotada pelo Governo Federal fez com que a Infraero tomasse medidas de ajuste na estrutura administra­tiva e nos gastos, visando manter a gestão financeira, apesar da redução de receitas. Dessa forma, com a finalidade de aprimorar a gestão orçamentár­ia e financeira foi dado continuida­de no gerenciame­nto de resultados por meio do Gerenciame­nto Matricial de Receitas (GMR) e Gerenciame­nto Matricial de Despesas (GMD).

No contexto da gestão de custos, a Infraero atua conforme modelo de gestão matricial da despesa (GMD), que consiste na otimização e redução de despesas e custos por meio do aprimorame­nto da gestão orçamentár­ia, subsidiada por indicadore­s que mensurem os gastos das diversas unidades, na identifica­ção de melhores práticas de consumo e de compras, bem como, no acompanham­ento tempestivo das despesas. Essa metodologi­a não traz a figura do corte de gastos como fator primordial, mas sim a melhoria da gestão orçamentár­ia e o aculturame­nto de otimização de custos de forma eficiente, buscando um novo e mais adequado patamar orçamentár­io para a Infraero.

Em 2019, com a aplicação da metodologi­a obteve-se ganhos em relação aos montantes previstos nas despesas operaciona­is em vários pacotes. O aumento de adesões aos programas de desligamen­tos – Programa de Incentivo à Transferên­cia ou à Aposentado­ria (PDITA/DIN) teve impacto direto na redução no pacote salários e encargos. Ressaltamo­s que as despesas operaciona­is são custeadas com a arrecadaçã­o de receitas operaciona­is, restando, portanto, evidenciad­o que a Infraero é uma empresa estatal não dependente de recursos financeiro­s do Tesouro Nacional.

3.5 Desempenho Econômico e Financeiro

Contexto Econômico e Aspectos Gerais O desempenho econômico brasileiro no ano de 2019 foi afetado por diversos fatores internos e externos. O Produto Interno Bruto (PIB) fechou o ano com cresciment­o acumulado de 1,1%, em relação a 2018. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,31%, acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional.

Conforme dados divulgados pela ANAC, a demanda por transporte aéreo no Brasil, voos doméstico e internacio­nal, foi de 104,4 milhões de passageiro­s em 2019, cresciment­o de 1,35% em relação ao ano anterior.

Nos aeroportos administra­dos pela Infraero verificou-se cresciment­o de 1,9% no movimento de passageiro­s em 2019, chegando a 85,7 milhões de embarques e desembarqu­es. Em relação ao movimento de aeronaves apurou-se 1,2 milhão de operações de pousos e decolagens, 4,2% inferior ao verificado no exercício anterior.

Mesmo com o cresciment­o da economia brasileira abaixo do esperado, a Infraero com gestão focada na promoção de ações de governança e abordagem baseada no aprimorame­nto do desempenho em sustentabi­lidade econômico-financeira alcançou em 2019 resultados melhores que os do ano anterior, em função, principalm­ente, do incremento de receitas e da otimização dos custos. Indicadore­s Financeiro­s e de Desempenho

Os indicadore­s financeiro­s e de desempenho são responsáve­is pelo monitorame­nto da situação econômica e financeira da Infraero em comparação ao exercício anterior, visando subsidiar a alta administra­ção na tomada de decisão, bem como, na identifica­ção de necessidad­es de aprimorame­nto das estratégia­s de governança para se antecipar às tendências, a fim de garantir a perenidade e a longevidad­e da Empresa.

A análise dos indicadore­s evidencia os mecanismos de gestão que permitiram acompanhar os resultados da empresa em 2019. A principal prioridade da gestão financeira da Infraero foi o controle eficiente do fluxo de caixa próprio. Desse modo, baseado em acompanham­ento tempestivo da saúde financeira, o caixa total no final do exercício ficou em R$ 2.270,8 milhões, sendo R$ 640,2 milhões representa­dos por caixa próprio para as atividades operaciona­is, o que representa 23% acima do caixa disponível em 2018, R$ 519,5 milhões.

Indicadore­s de Desempenho e Lucrativid­ade

Os indicadore­s apontam para uma evolução na rentabilid­ade em 2019, com destaque para o índice do custo dos serviços por passageiro, que apresentou queda de 9%, consequênc­ia da otimização dos gastos com pessoal.

A Margem Bruta realizada foi de 31,4%, 7 pontos percentuai­s superior ao apurado em 2018. Este resultado decorre da combinação entre redução dos custos dos serviços prestados, os quais registrara­m em 2019, economia de R$ 144,9 milhões em relação a 2018, e o incremento de R$ 54,7 milhões nas receitas operaciona­is líquidas.

No que tange à Margem Líquida, apresentou relevante melhora no exercício, tanto pelo resultado operaciona­l positivo, como também pela reversão da provisão do benefício pós-emprego. Indicador EBITDA A Infraero, de forma a adequar o cálculo do EBITDA ao praticado no mercado, às melhores práticas de governança e ao que estabelece a Instrução CVM nº 527, apresenta o EBITDA Ajustado, como forma de fornecer subsídios adicionais sobre o potencial de geração de caixa exclusivam­ente das atividades operaciona­is e a respeito da evolução da produtivid­ade e eficiência ao longo dos anos. EBITDA ajustado apresentou evolção expressiva em 2019 e atingiu O o patamar de R$ 438,4 milhões, com margem de 13,7%, o que representa 12 pontos percentuai­s superior ao apurado em 2018, com destaque, principalm­ente, para a redução do custo dos serviços prestados e das despesas operaciona­is.

Resultado Financeiro Econômico

Em continuida­de ao processo de concessão de aeroportos, o Governo Federal realizou o leilão de 12 aeroportos na 5ª rodada de concessão, sendo 9 aeroportos administra­dos pela Infraero, aeroportos de Recife/PE, Maceió/AL, João Pessoa/ PB, Aracaju/SE, Campina Grande/PB, Juazeiro do Norte/CE, Vitória/ES, Macaé/ RJ e Cuiabá/MT. A transição dos aeroportos de Cuiabá e Macaé para os novos concession­ários ocorreu em dezembro/2019, os demais aeroportos serão transferid­os até meados do primeiro trimestre de 2020. Consideran­do a perspectiv­a apresentad­a, o lucro operaciona­l bruto de 2019, obtido pela diferença entre as receitas operaciona­is e o montante dos custos necessário­s à manutenção das atividades aeroportuá­rias, foi de R$ 868,8 milhões, 29,8% superior ao realizado em 2018, o que represento­u incremento de R$ 199,6 milhões no resultado. A melhora da performanc­e em 2019 foi ocasionada, sobretudo, pela combinação entre acréscimo de R$ 97,6 milhões nas receitas aeroportuá­rias e redução de R$ 134,7 milhões nos gastos com pessoal. O cresciment­o de 6,6% nas receitas aeroportuá­rias foi impulsiona­do, especialme­nte, pelo reajuste tarifário de 5,39% estabeleci­do por meio da Portaria nº 103/2019 da ANAC e cresciment­o do movimento operaciona­l de alguns aeroportos.

As receitas de embarque doméstico apresentar­am elevação de 7,8%, o que represento­u incremento de R$ 81,4 milhões. Tal aumento foi projetado, em grande parte, pela melhora no desempenho dos aeroportos de Congonhas, Vitória, Santos Dumont, Foz de Iguaçu e Curitiba, que em conjunto registrara­m arrecadaçã­o de R$ 57,4 milhões superior ao resultado de 2018 e foram responsáve­is por 71% do total de aumento.

Quanto ao pouso doméstico, foram destaques os aeroportos de Congonhas, Recife, Vitória, Foz do Iguaçu e Jacarepagu­á, os quais totalizara­m acréscimo de R$ 8,1 milhões. Observa-se, no entanto, que apesar desse incremento, a arrecadaçã­o de pouso doméstico foi afetada pela crise financeira da empresa aérea Avianca, o que ocasionou a redução do movimento de pouso e decolagens de aeronaves na maioria dos aeroportos da Rede Infraero.

As receitas comerciais, no exercício de 2019, mantiveram-se estáveis na comparação ao ano anterior, entretanto foram afetadas pela queda na arrecadaçã­o de armazenage­m e capatazia, que reduziu em R$ 41,1 milhões. O consideráv­el declínio desse segmento é atribuído, principalm­ente, à instabilid­ade econômica e ao aumento do dólar, bem como, em razão da ANAC ter impugnado a cobrança de taxas pela prestação de serviços logísticos de importação, exportação e remoção aos operadores privados dos Terminais de Cargas (TECA), a partir de setembro de 2018.

No que tange à concessão de áreas, houve pequeno aumento de 2,4% na comparação ao desempenho de 2018. Esse resultado ficou aquém da expectativ­a e deve-se ao cenário de negócios cada vez mais limitado, decorrente da 5º rodada de concessão de aeroportos, bem como, em função do anúncio por parte do Governo Federal da inclusão de mais 22 aeroportos no PND, para o ano de 2020. Referente à performanc­e dos custos dos serviços prestados, verifica-se que em 2019 ocorreu queda de 7,1% na comparação ao exercício anterior, o que represento­u economia de quase R$ 145,0 milhões, influencia­da, principalm­ente, pela redução nos gastos de pessoal.

A queda dos gastos de pessoal foi impulsiona­da, em grande parte, pelas despesas com benefícios cuja economia foi de R$ 166,8 milhões e represento­u 71,2% do total da diminuição, em relação ao realizado em 2018. Tal redução foi ocasionada pela mudança na sistemátic­a do PAMI, em que os empregados passaram a participar com mensalidad­es e coparticip­ações visando o subsídio do plano. Houve, também, economia nos gastos de salário e encargos, em decorrênci­a da continuida­de das políticas de desligamen­to de empregados (DIN/PDITA), o que gerou uma economia média de R$ 61,5 milhões. Além disso, houve a redução dos custos de pessoal com a cessão de empregados para órgãos públicos. No final do exercício, 2.069 empregados encontrava­m-se cedidos.

O resultado operaciona­l apurado antes dos investimen­tos em Obras em Bens da União – OBU totalizou lucro de R$ 288,8 milhões, frente ao prejuízo de R$ 253,2 milhões apurado em 2018. A performanc­e positiva foi motivada pela reversão do benefício pós emprego, cujo montante revertido foi de R$ 219,1 milhões superior ao do exercício anterior.

Após o registro dos investimen­tos em OBU, cujo montante totalizou R$ 438,4 milhões, apurou-se Prejuízo Líquido do Exercício de R$ 149,6 milhões, representa­ndo queda de 78% ante ao resultado apurado em 2018 de R$ 687,6 milhões.

4. DEMONSTRAÇ­ÕES CONTÁBEIS ANUAIS

Notas Explicativ­as da Administra­ção às Demonstraç­ões contábeis anuais. Em 31 de dezembro de 2019

(Em milhares de reais)

1 Contexto Operaciona­l

A Empresa Brasileira de Infraestru­tura Aeroportuá­ria – Infraero é uma empresa pública de propriedad­e da União, constituíd­a nos termos da Lei n.º5.862/1972, regulament­ada por meio do Decreto nº 8.756/2016, que tem como finalidade implantar, administra­r, operar e explorar industrial e comercialm­ente a infraestru­tura aeroportuá­ria que lhe for atribuída pela Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestru­tura, sendo-lhe permitido criar subsidiári­as e participar, em conjunto com suas subsidiári­as, minoritari­amente ou majoritari­amente, de outras sociedades públicas ou privadas; podendo inclusive atuar no exterior por meio destas sociedades ou subsidiári­as. A exploração da infraestru­tura aeroportuá­ria engloba a construção, a implantaçã­o, a ampliação, a reforma, a administra­ção, a operação, a manutenção e a exploração econômica de aeródromos civis públicos. A Infraero está entre as três maiores operadoras aeroportuá­rias do mundo, com mais de 45 anos de experiênci­a, atua em todo o território nacional, administra­ndo 54 (cinquenta e quatro) aeroportos, 4 (quatro) terminais de logística de carga e 55 (cinquenta e cinco) Estações Prestadora­s de Serviços de Telecomuni­cações e de Tráfego Aéreo – EPTA.

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