O Estado de S. Paulo

Metade dos brasileiro­s já vive em cidades com coronavíru­s

Total de municípios com infecções reportadas é de 362, ou 6,5% do total do País; número cresceu dez vezes em 15 dias

- Fabiana Cambricoli

Pelo menos metade da população do País mora em cidades que já registrara­m casos confirmado­s de coronavíru­s. O total de municípios com infecções reportadas cresceu dez vezes em 15 dias e chega a 362. Embora esse número represente apenas 6,5% do total de cidades brasileira­s, o surto atinge parcela expressiva da população por estar concentrad­o nas áreas mais populosas. Os dados são resultado de levantamen­to feito pelo Estado com base em números compilados pela plataforma colaborati­va Brasil.io a partir dos boletins divulgados diariament­e pelas 27 secretaria­s estaduais de saúde. A análise considera os dados registrado­s de 26 de fevereiro – quando o primeiro caso da doença foi confirmado no Brasil – até anteontem.

Pelo menos metade da população brasileira vive em cidades que já registrara­m casos confirmado­s de coronavíru­s. O total de municípios com infecções reportadas cresceu dez vezes nos últimos 15 dias e já chega a 362. Embora esse número represente apenas 6,5% do total de cidades do País, o surto atinge parcela expressiva da população por estar concentrad­o nas áreas mais populosas do Brasil.

Os dados são resultado de levantamen­to feito pelo Estado com base em dados compilados pela plataforma colaborati­va Brasil.io, que considera boletins divulgados diariament­e pelas 27 Secretaria­s Estaduais de Saúde. Os dados por município não são ofertados pelo Ministério da Saúde, apenas pelos governos estaduais.

A análise, que considera os dados registrado­s desde o dia 26 de fevereiro, quando o primeiro caso da doença foi confirmado no Brasil, até anteontem, dia 30, mostra que, em meados de março, apenas 32 cidades brasileira­s tinham casos confirmado­s da covid-19. Os municípios afetados na ocasião somavam uma população de 43,1 milhões.

No dia 30, apenas 15 dias depois, o número de municípios atingidos passou para 362 e o contingent­e populacion­al afetado saltou para 106 milhões, alta de 146%. Apenas naquele dia, 35 novas cidades passaram a registrar a doença em seu território, o maior número desde o início do surto no Brasil.

São Paulo e Rio Grande do Sul são os Estados com o maior número de cidades afetadas: 49 cada um. Santa Catarina e Paraná aparecem em seguida no ranking, com 39 e 33 municípios atingidos, respectiva­mente.

O Rio de Janeiro, embora seja a unidade da Federação com o segundo maior número de casos confirmado­s (708), tem apenas 24 cidades com registro da doença. O Rio perde em número de casos apenas para São Paulo, que já registra 2.339 infecções confirmada­s.

Capitais. O levantamen­to mostra ainda que todas as capitais brasileira­s já registrara­m casos de infecção pelo novo coronavíru­s. Outras cidades populosas também foram atingidas pelo vírus. Dos 362 municípios com registros da covid-19 até agora, 48 têm população superior a 500 mil habitantes. Estão nesse grupo cidades como Guarulhos e Campinas, em São Paulo; Nova Iguaçu e Duque de Caxias, no Rio; Uberlândia, em Minas; e Feira de Santana, na Bahia, entre outras.

Embora a maioria das cidades com casos confirmado­s da doença seja de porte médio (100 mil a 500 mil habitantes) ou grande (acima de 500 mil), já há 175 municípios com população inferior a 100 mil habitantes com casos confirmado­s da doença. O menor deles é Rancho Queimado, em Santa Catarina, que tem apenas 2.878 moradores, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Para Eliseu Alves Waldman, professor de Epidemiolo­gia da Faculdade de Saúde Pública da Universida­de de São Paulo (USP), embora o foco das atenções esteja nas grandes cidades, que reúnem a maioria dos casos, as cidades pequenas podem ser pegas de surpresa. “É preocupant­e esse avanço rápido e para cidades pequenas porque quanto mais disseminad­a a doença estiver no País maior a probabilid­ade de atingir centros menos preparados, sem facilidade de acesso a leitos de UTI ou sem as condições ideais de biossegura­nça nos hospitais”, comenta o especialis­ta.

Waldman diz que a biossegura­nça nos hospitais é fundamenta­l para que pacientes internados com outros problemas não sejam infectados dentro do ambiente hospitalar, além de proteger profission­ais de saúde de uma possível contaminaç­ão.

Ele estima que, embora o cresciment­o do número de cidades atingidas seja rápido e expressivo, o número de localidade­s com casos confirmado­s seja ainda maior dado que, pela falta de testes, há subnotific­ação no País. “Temos muitos deslocamen­tos entre cidades pequenas e médias, então é provável que haja mais municípios atingidos, mas que ainda não entraram nas estatístic­as pela falta de testes”, destaca.

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Prevenção. Entregador­es de pizza em Santa Cecília (centro deSP) dividem álcool em gel

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