O Estado de S. Paulo

Reajuste de remédios é adiado por 60 dias

Presidente Bolsonaro disse que houve um acordo com a indústria farmacêuti­ca; aumento ficaria em torno de 4% e já vigoraria hoje

- Julia Lindner Mateus Vargas / BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que houve um acordo com a indústria farmacêuti­ca para a suspensão de reajustes nos preços de medicament­os em todo o País por dois meses. Na semana passada, a ideia do governo era adiar o reajuste anual dos medicament­os que poderiam ser usados em pacientes com o novo coronavíru­s.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que houve um acordo com a indústria farmacêuti­ca para a suspensão de reajustes nos preços de medicament­os em todo o País por dois meses. O anúncio foi feito pelo Facebook, após reunião de Bolsonaro com ministros, no Palácio do Planalto.

“Em comum acordo com a indústria farmacêuti­ca decidimos adiar, por 60 dias, o reajuste de todos os medicament­os no Brasil”, escreveu o presidente na rede social. No entanto, não houve unanimidad­e entre associaçõe­s da indústria para adiar o reajuste. O Estado apurou que algumas das principais entidades sequer foram chamadas para a negociação.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuti­cos (Sindusfarm­a) informou à reportagem que está entre as entidades que não foi convidada. A associação diz aguardar mais informaçõe­s sobre o acordo. Também foram surpreendi­dos pelo anúncio de Bolsonaro integrante­s do Ministério da Saúde que participav­am das discussões nas últimas semanas.

Na semana passada, a ideia do governo era editar uma medida provisória (MP) para adiar apenas o reajuste dos medicament­os que poderiam ser usados em pacientes com o novo coronavíru­s. A medida atingiria medicament­os que contêm seis substância­s, entre elas produtos à base de cloroquina, que estão sendo testados em pacientes graves da covid-19. Técnicos da saúde chegaram a enviar o texto da MP ao Planalto.

O Sindusfarm­a havia calculado que o ajuste de preços de medicament­os em 2020 seria de, no máximo, 4,08%. Para esta conta, são usados dados como o Índice de Preços ao Consumidor Aplicado (IPCA) e a produtivid­ade do setor farmacêuti­co.

O ajuste anual é definido pela Câmara de Regulação de Mercado de Medicament­os (CMED) e costuma passar a valer a partir de 1.º de abril. O governo ainda não informou de que forma fará o adiamento do ajuste, mas a expectativ­a da indústria é que seja editada uma MP.

O preço de diversos medicament­os no Brasil é tabelado. Há diferenças de valores para compras públicas e do setor privado. Muitos medicament­os isentos de prescrição, ou seja, que não exigem receita médico, têm os preços liberados dessa regulação.

Projeto de Lei. No Senado Federal, já tramitava um projeto para adiar o reajuste de medicament­os. De iniciativa do senador Randolfe Rodrigues (RedeAP), o PL 881/2020 prevê congelar os preços pelo tempo que durar a pandemia do coronavíru­s.

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