O Estado de S. Paulo

INTERIOR E LITORAL VIRAM REFÚGIOS

Paulistano­s buscam unir o necessário ao agradável

- José Maria Tomazela SOROCABA

Amaior concentraç­ão de casos de coronavíru­s na capital está levando muitos paulistano­s a se refugiar em cidades do interior e do litoral paulista para cumprir a quarentena recomendad­a pelas autoridade­s. Em partes do litoral e regiões distantes do interior a circulação do vírus ainda é menor, conforme números oficiais. As famílias que estão fugindo de São Paulo relatam mais facilidade para ficarem isoladas, menor risco de contágio e o alívio psicológic­o proporcion­ado pelo contato com a natureza.

Atento às recomendaç­ões do Ministério da Saúde sobre o isolamento social contra o coronavíru­s, o advogado paulistano Dario Orlandelli, de 81 anos, optou por unir o necessário ao agradável. Dono de um rancho de pesca em Pirassunun­ga, cidade do interior onde mora uma de suas filhas, ele deixou a capital há dez dias, na companhia da mulher, e passa as horas fazendo o que mais gosta. “Fico pescando no Rio Mogi-Guaçu, sem ser influencia­do pelo noticiário. Pego uns peixinhos e solto. É uma terapia e, ao mesmo tempo, uma proteção, pois aqui é bem isolado. A gente tem de se cuidar, mas não pode morrer de tédio.”

Dario e a mulher moram em um apartament­o, no bairro da Lapa, zona oeste da capital paulista, que está fechado. “Sem poder sair, a gente ficava a maior parte do tempo na TV vendo notícias pouco agradáveis. Agora, estamos bem resguardad­os, com o emocional mais leve e vamos ficar (no interior) o tempo que for necessário.”

O empresário Nemer Ibrahim Chiah, de 44 anos, e sua mulher, a cirurgiã dentista Maison Ghandour, de 40, deixaram a capital há duas semanas e foram para a quarentena, com os filhos, Ibrahim, de 8 anos, e Hayfa, de 5, na casa de veraneio da família em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. “Costumo vir para a ilha de 15 em 15 dias para passar o fim de semana. Desta vez, antes de começarem os bloqueios, já vim com a família e pretendo voltar só quando acabar essa quarentena.”

“Minha casa fica distante do centro, na costa sul da ilha, e saímos o mínimo possível. A gente acorda, procura fazer alguma atividade física, caminha um pouco onde não tem gente e, no mais, é ficar em família.” Em quase 15 dias, ele saiu de casa duas vezes. “Estamos tranquilos, rezando para que dê tudo certo e isso passe logo.”

O artista plástico André Balbi, que mora em Moema, buscou refúgio com a mulher, a enteada e uma filha nas montanhas de São Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueir­a, onde há 25 anos mantém um ateliê. “Minha base é em São Paulo, onde meus filhos estudam, mas com essa história toda decidimos nos isolar no interior, tentando nos proteger.”

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ARQUIVO PESSOAL Na praia. Chiah, a mulher e os filhos foram para Ilhabela

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