Coronavírus castiga a Petrobrás em Nova York
APetrobrás é a petroleira que mais está sendo castigada pelo coronavírus entre as gigantes do setor. Em um ambiente no qual, além da pandemia, a cotação do barril apresenta queda livre, o valor de mercado da empresa na Bolsa de Nova York despencou 57% em um mês, até a última sexta-feira. São cerca de 30 pontos porcentuais a mais de queda em relação à da Shell (que encolheu 25,8%) e da Exxon (com retração de outros 25,8%). A chinesa Sinopec foi a menos afetada (-8%). Os dados são do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep). Segundo Rodrigo Leão, diretor técnico do Ineep, a estratégia da Petrobrás de se concentrar na exploração e produção de petróleo – enquanto as concorrentes diversificam o investimento – ajudou a penalizar a estatal. Isso porque ela ficou mais suscetível às oscilações do preço do petróleo. » Gestão. O grande peso da Ásia, região mais afetada pelo Covid-19 nesse período de um mês, nas exportações da Petrobrás também ajudou no quadro. Para o especialista, a cotação do barril permanecerá volátil neste ano, o que vai exigir das grandes petrolíferas flexibilidade na gestão dos ativos. Para ele, as que atuam de forma verticalizada deverão ter mais possibilidades de lidar melhor com a crise. » Congresso. O relator do novo marco legal de concessões e parcerias público-privadas, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) disse à Coluna que irá defender prioridade de votação para o projeto na Câmara dos Deputados, logo após os parlamentares deliberarem sobre medidas mais urgentes para a saúde e a economia, em razão do coronavírus. Segundo ele, o novo marco é importante para o Brasil retomar o crescimento após a pandemia.
» Aceito. O deputado também disse que deve “topar” incluir em seu relatório a sugestão do governo sobre a limitação da participação de instituições financeiras públicas nas concessões. A ideia é que sua presença não ultrapasse 50% do total dos ativos financiáveis do empreendimento. Com a medida, técnicos esperavam abrir espaço para que o mercado de capitais entre com mais força nas concessões.
» Ainda quer? Jardim, por outro lado, afirmou que será necessário avaliar se a equipe econômica continuará restringindo a participação dos bancos públicos no financiamento das concessões no pós-crise gerado pela pandemia. Será preciso avaliar, de acordo com ele, se o protagonismo do Estado permanecerá como política pública, em referência às medidas governamentais de socorro à economia, que estão sendo editadas em razão da Covid-19.
» Crédito. Antes de o Brasil entrar em quarentena, a procura do consumidor por crédito já havia registrado queda. Em fevereiro, os pedidos recuaram 1,7%, a primeira retração desde novembro de 2018. No entanto, o recuo se deu apenas pelo fato de fevereiro ter tido menos dias úteis neste ano, informou o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito.
» Ia bem. No primeiro bimestre, a procura por crédito cresceu 5,7%, no comparativo anual. O maior aumento foi registrado na região Sul, da ordem de 7,9%. Apesar da alta nos dois primeiros meses do ano, o crescimento foi menor do que o registrado em 2018 e 2019.
» Mas sentiu. Por outro lado, o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, afirma que já é possível perceber a queda da confiança do consumidor por conta do cenário da pandemia. Como consequência, as pessoas se afastaram do crédito voltado ao consumo. Mesmo que parte dos consumidores busque empréstimos para pagar contas, por exemplo, a quantidade não deve ser suficiente para gerar crescimento na demanda. » Mais baixas. A venda de artigos de moda e itens esportivos em 2020 deve sofrer queda da ordem de 20% a 25% devido aos impactos do coronavírus, de acordo com estimativa do Boston Consulting Group (BCG). A retração, provocada pela mudança de comportamento do consumidor, deve resultar em perdas potenciais de até R$ 1,9 trilhão para o setor em todo o mundo. A projeção da consultoria foi traçada com base em entrevistas com executivos de marcas globais de moda e artigos esportivos.
» Ajuda, mas não resolve. A pesquisa apontou também que, de acordo com os executivos, há a oportunidade de aumentar o faturamento nas vendas online em pelo menos 10%, embora esse crescimento compense apenas em parte as perdas registradas pelas lojas físicas. Como consequência, o lucro operacional (medido pelo Ebitda – lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) das empresas do setor deve despencar em torno de 35% a 40% em 2020, estimou a consultoria.