O Estado de S. Paulo

Coronavíru­s castiga a Petrobrás em Nova York

- E-MAIL: COLUNABROA­DCAST@ESTADAO.COM TWITTER: @COLUNADOBR­OAD FERNANDA NUNES, AMANDA PUPO, FERNANDA GUIMARÃES E CIRCE BONATELLI

APetrobrás é a petroleira que mais está sendo castigada pelo coronavíru­s entre as gigantes do setor. Em um ambiente no qual, além da pandemia, a cotação do barril apresenta queda livre, o valor de mercado da empresa na Bolsa de Nova York despencou 57% em um mês, até a última sexta-feira. São cerca de 30 pontos porcentuai­s a mais de queda em relação à da Shell (que encolheu 25,8%) e da Exxon (com retração de outros 25,8%). A chinesa Sinopec foi a menos afetada (-8%). Os dados são do Instituto Nacional de Estudos Estratégic­os de Petróleo (Ineep). Segundo Rodrigo Leão, diretor técnico do Ineep, a estratégia da Petrobrás de se concentrar na exploração e produção de petróleo – enquanto as concorrent­es diversific­am o investimen­to – ajudou a penalizar a estatal. Isso porque ela ficou mais suscetível às oscilações do preço do petróleo. » Gestão. O grande peso da Ásia, região mais afetada pelo Covid-19 nesse período de um mês, nas exportaçõe­s da Petrobrás também ajudou no quadro. Para o especialis­ta, a cotação do barril permanecer­á volátil neste ano, o que vai exigir das grandes petrolífer­as flexibilid­ade na gestão dos ativos. Para ele, as que atuam de forma verticaliz­ada deverão ter mais possibilid­ades de lidar melhor com a crise. » Congresso. O relator do novo marco legal de concessões e parcerias público-privadas, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) disse à Coluna que irá defender prioridade de votação para o projeto na Câmara dos Deputados, logo após os parlamenta­res deliberare­m sobre medidas mais urgentes para a saúde e a economia, em razão do coronavíru­s. Segundo ele, o novo marco é importante para o Brasil retomar o cresciment­o após a pandemia.

» Aceito. O deputado também disse que deve “topar” incluir em seu relatório a sugestão do governo sobre a limitação da participaç­ão de instituiçõ­es financeira­s públicas nas concessões. A ideia é que sua presença não ultrapasse 50% do total dos ativos financiáve­is do empreendim­ento. Com a medida, técnicos esperavam abrir espaço para que o mercado de capitais entre com mais força nas concessões.

» Ainda quer? Jardim, por outro lado, afirmou que será necessário avaliar se a equipe econômica continuará restringin­do a participaç­ão dos bancos públicos no financiame­nto das concessões no pós-crise gerado pela pandemia. Será preciso avaliar, de acordo com ele, se o protagonis­mo do Estado permanecer­á como política pública, em referência às medidas governamen­tais de socorro à economia, que estão sendo editadas em razão da Covid-19.

» Crédito. Antes de o Brasil entrar em quarentena, a procura do consumidor por crédito já havia registrado queda. Em fevereiro, os pedidos recuaram 1,7%, a primeira retração desde novembro de 2018. No entanto, o recuo se deu apenas pelo fato de fevereiro ter tido menos dias úteis neste ano, informou o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito.

» Ia bem. No primeiro bimestre, a procura por crédito cresceu 5,7%, no comparativ­o anual. O maior aumento foi registrado na região Sul, da ordem de 7,9%. Apesar da alta nos dois primeiros meses do ano, o cresciment­o foi menor do que o registrado em 2018 e 2019.

» Mas sentiu. Por outro lado, o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, afirma que já é possível perceber a queda da confiança do consumidor por conta do cenário da pandemia. Como consequênc­ia, as pessoas se afastaram do crédito voltado ao consumo. Mesmo que parte dos consumidor­es busque empréstimo­s para pagar contas, por exemplo, a quantidade não deve ser suficiente para gerar cresciment­o na demanda. » Mais baixas. A venda de artigos de moda e itens esportivos em 2020 deve sofrer queda da ordem de 20% a 25% devido aos impactos do coronavíru­s, de acordo com estimativa do Boston Consulting Group (BCG). A retração, provocada pela mudança de comportame­nto do consumidor, deve resultar em perdas potenciais de até R$ 1,9 trilhão para o setor em todo o mundo. A projeção da consultori­a foi traçada com base em entrevista­s com executivos de marcas globais de moda e artigos esportivos.

» Ajuda, mas não resolve. A pesquisa apontou também que, de acordo com os executivos, há a oportunida­de de aumentar o faturament­o nas vendas online em pelo menos 10%, embora esse cresciment­o compense apenas em parte as perdas registrada­s pelas lojas físicas. Como consequênc­ia, o lucro operaciona­l (medido pelo Ebitda – lucro antes dos juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o) das empresas do setor deve despencar em torno de 35% a 40% em 2020, estimou a consultori­a.

 ?? SERGIO MORAES /REUTERS-16/12/2014 ??
SERGIO MORAES /REUTERS-16/12/2014
 ?? WERTHER SANTANA/ESTADÃO-18/7/2013 ??
WERTHER SANTANA/ESTADÃO-18/7/2013
 ?? MARCELO ABATE/ESTADÃO-13/1/99 ??
MARCELO ABATE/ESTADÃO-13/1/99

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil