O Estado de S. Paulo

Crédito cresceu às vésperas da pandemia

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Liderados pelo crédito livre, que avançou 0,9% no mês, os empréstimo­s do Sistema Financeiro Nacional (SFN) aumentaram 0,6% entre janeiro e fevereiro de 2020, para R$ 3,49 trilhões. O resultado é satisfatór­io, pois fevereiro teve dois dias úteis a menos do que fevereiro de 2019, mas os números de março são imprevisív­eis. Se é esperado cresciment­o da demanda de empresas que perderam receita com a crise do coronavíru­s, a queda do consumo deve ter provocado redução dos financiame­ntos às famílias, em especial os destinados à aquisição de bens duráveis.

O saldo das operações de crédito livre atingiu R$ 2,02 trilhões, 58% do crédito total e 4 pontos porcentuai­s mais do que em fevereiro de 2019. Entre os meses de fevereiro de 2019 e de 2020, enquanto o crédito livre crescia 15,1%, o direcionad­o avançava 7,5%, segundo a publicação Estatístic­as Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC). Agora se verá o impacto favorável às empresas do anúncio de bancos públicos, em especial da Caixa Econômica Federal (CEF), que cortou juros, e do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), que oferece mais crédito. São instrument­os de uma política anticíclic­a indispensá­vel para atenuar o risco de recessão. É previsível que bancos públicos recuperem posição, após serem ultrapassa­dos por bancos privados e estrangeir­os desde meados de 2019.

Na comparação com fevereiro de 2019, foram positivos os indicadore­s de concessões de crédito livre (+16,1%) e de crédito direcionad­o (+11,1%). Mas, entre janeiro e fevereiro, as concessões de crédito direcionad­o aumentaram apenas 1% e, em 12 meses, caíram 9,1%, em razão da fraca oferta de crédito do BNDES.

Entre os números pouco alentadore­s, os juros médios do crédito subiram 0,4 ponto porcentual em relação a janeiro, para 34,1% ao ano, e o spread (diferença entre juros ativos e juros passivos) também cresceu. Diminuiu o ritmo dos empréstimo­s imobiliári­os, indicativo de desacelera­ção da construção civil, um dos segmentos que mais cresciam desde meados de 2018.

Levantamen­to do Centro de Estudos do Mercado de Capitais (Cemec) da Fipe e da consultori­a Economátic­a divulgado por O Estado mostrou que empresas abertas têm caixa para apenas três meses. Ou seja, o crédito será essencial para que não só empresas pequenas, mas também grandes, superem a crise sanitária.

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