O Estado de S. Paulo

Blindar BC é grande erro, diz ministro do TCU

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Relator das contas do governo no Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, criticou a “imunidade” dada aos servidores e diretores do Banco Central (BC) contra ações futuras de responsabi­lização por ações adotadas para o enfrentame­nto durante a crise do coronavíru­s.

“Torço para que o Congresso corrija esse grave erro”, afirmou ao Estado. O ministro defendeu o que tem chamado de “blindagem recíproca”. “Isso significa que as instituiçõ­es não podem agir na crise com os precedente­s e o instrument­al jurídico dos tempos de normalidad­e. Mas, por outro lado, também não se pode admitir que a crise sirva para projetar para os tempos de normalidad­e que virão soluções excepciona­is”, advertiu.

Para ele, a MP editada ontem que “blinda” servidores e diretores do BC agride exatamente essa premissa básica.

Na exposição de motivos da MP, o governo diz que a proposta visa dispor sobre a não-responsabi­lização de dirigentes e servidores do BC “quanto aos atos praticados de boa fé no cumpriment­o de seus deveres constituci­onais, legais e regulament­ares”.

Para o BC, a proteção evita que os agentes estatais, responsáve­is pela execução de relevantes políticas públicas, que invariavel­mente demandam certo nível de intervençã­o na economia, respondam judicial ou extrajudic­ialmente por terem adotado as medidas exigidas pela legislação ou necessária­s de acordo com juízo de “discricion­ariedade técnica fundamenta­do” .

Publicada em edição extra do Diário Oficial da União de segunda-feira, a medida provisória prevê que a isenção valerá enquanto perdurarem os efeitos das ações, linhas de assistênci­a e programas adotados pelo BC em resposta à crise decorrente da pandemia.

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