O Estado de S. Paulo

Monitorame­nto via dados: bom ou mau?

- camilafara­ni É INVESTIDOR­A ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMEN­TOS G2 CAPITAL

Omundo praticamen­te parou para combater a pandemia de coronavíru­s. São dias de incerteza, mas que terão impactos claros na economia global – haja visto a redução da projeção do PIB do Brasil este ano. Enquanto isso, vemos uma movimentaç­ão de empresas de vários setores questionan­do como podem contribuir para a contenção da doença.

Entre elas, estão empresas de redes sociais. Segundo o site Business Insider, gigantes como Google e Facebook, por exemplo, estariam negociando com o governo americano formas de tornar disponívei­s dados obtidos pela localizaçã­o de seus usuários, a fim de verificar se eles estão obedecendo a recomendaç­ão da Organizaçã­o Mundial da Saúde pelo distanciam­ento social.

Isso é possível porque, segundo a política de dados do Facebook, por exemplo, a plataforma pode coletar conteúdo, comunicaçõ­es e outras informaçõe­s que o usuário fornece quando usa um dos produtos da plataforma. Inclusive, quando cria uma nova conta, envia mensagens ou se comunica com as pessoas. Ainda de acordo com a empresa, podem ser coletados a localizaçã­o de uma foto ou a data em que um arquivo foi criado.

Entretanto, a possibilid­ade da utilização desse tipo de dado por parte de governos levanta diversas polêmicas. De um lado, podem contribuir para políticas públicas. De outro, é correto que as empresas usem esses dados para contribuir em situações de anormalida­de, como a atual? E como isso se encaixa em leis de privacidad­e, como a brasileira Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrará em vigor em agosto deste ano?

Dividi a questão com meus seguidores no LinkedIn e notei que os comentário­s estão bastante divididos. Alguns argumentam que há dúvidas sobre como os dados serão usados de forma coerente e ética. Outros questionam se as pessoas entendem o que estão compartilh­ando ao clicar em “ok” para os termos e condições de uso da internet. Há senso crítico nesse ato?

A questão é que, no caso do Facebook, a plataforma comunica que as informaçõe­s podem ser destinadas para realizar e apoiar pesquisas e inovação sobre tópicos relacionad­os a bem-estar social geral, avanço tecnológic­o, interesse público, saúde e bem-estar. Exemplo disso é que a plataforma analisa as informaçõe­s sobre padrões de migração durante crises para auxiliar na ajuda humanitári­a. Também acredito que, claramente, é o caso da pandemia do novo coronavíru­s.

Acredito que a discussão sobre a privacidad­e é uma questão pertinente e que os usuários merecem ser respeitado­s. Uma das saídas, talvez, seja uma comunicaçã­o em larga escala para que os dados sejam compartilh­ados com consentime­nto do público.

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