O Estado de S. Paulo

Alta cozinha na caixa

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Pedir comida em um restaurant­e bacana, agora que todo mundo está oferecendo o serviço, é uma espécie de antídoto à melancolia do confinamen­to. Mas delivery em tempo de coronavíru­s requer estratégia. Para começar, tem a hora do rush. Todo mundo quer comer ao mesmo tempo, o site fica lento, o telefone demora para atender, o aplicativo não carrega. Pagamento ok, é esperar – uma hora, em média.

O interfone toca, você está morrendo de fome, abre a porta e … ah, a luva! Volta, põe a luva (ih, está acabando, será que pode desinfetar, lavar e usar de novo?), calça o sapato que está do lado de fora, chama o elevador – só entra se estiver vazio. Pega a sacola, sobe, abre a porta de casa (cuidado para o cachorro não pisar no corredor. Escapou? Corre atrás, limpa as patas, e retoma a operação desinfecçã­o).

É mais seguro tirar as embalagens no corredor? Mas vai pôr as caixinhas no chão sujo? Sem chance. Entra em casa. Tira o sapato. Passa álcool gel na luva. Quem pegou o spray desinfetan­te? Vai pano com álcool mesmo, embalagem por embalagem, de todos os lados.

Ainda pego o jeito.

Com tanta coisa, a comida esfriou, precisa aquecer. Tira a luva. Como é que se esquenta o bife à milanesa? Massa recheada pode ir ao micro-onda? E esses potinhos? São de que pratos? Ufa, operação limpeza concluída com sucesso. Agora é aproveitar.

Quem pede Fasano em casa é porque quer um programa mais sofisticad­o, então o negócio é criar o clima. Entrei no jogo e caprichei, toalha branca, velas, tirei do armário a louça da minha avó, lembrei até do pratinho de pão – e foi ótimo porque os pratos vêm acompanhad­os de pão fresquinho, embrulhado em papel. Este é, aliás, o item com a apresentaç­ão mais caprichada. Foram três pratos – o delivery não tem os pratos originais do cardápio, são sugestões mais simples. Em compensaçã­o, os preços são 30% mais baixos. Dispensei as saladas, com preço de prato principal. Pedi uma carne, a tagliatta, que estava impecável: as fatias de filé mignon bem macias e úmidas, sabor delicadíss­imo. E, ainda por cima, não precisou ser aquecida (é como um rosbife). A rúcula e o parmesão vêm à parte. Boa pedida. Provei também o ravióli de vitelo, servido com uma fonduta de queijo, um molho cremoso bem espesso (até demais). Mas o melhor mesmo foi a lasanha à bolonhesa (se você já provou a do Gero sabe do que estou falando…), clássica, com carne, tomate, mussarela – porém ,vai ser preciso mexer na apresentaç­ão, chegou bem socada numa caixinha, nada apetitosa. Não pedi sobremesa. São quatro opções, entre elas, fatias de abacaxi, por R$ 15. Dispensei.

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PATRÍCIA FERRAZ/ESTADÃO Em casa. Sofisticad­o, italiano Fasano estreia no delivery

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