O Estado de S. Paulo

Tribos elétricas

Do patinete ao monociclo elétricos: a escolha que vai além do modal

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UM ESTUDO RECENTE APONTA QUE A CIDADE DE SÃO PAULO PASSARÁ POR TRANSFORMA­ÇÕES SIGNIFICAT­IVAS EM MOBILIDADE URBANA ATÉ 2030, COM QUEDA DE 28% NO USO DE CARROS.

Márcio Canzian é diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e CEO da Eletricz, empresa especializ­ada na distribuiç­ão de veículos elétricos portáteis

Que patinetes, bicicletas e monociclos elétricos estão entre nós não é mais novidade para ninguém – basta um olhar atento pela cidade para ver como essa paisagem da mobilidade urbana mudou de uns tempos para cá.

A forma de se locomover por São Paulo vem mudando radicalmen­te a cada dia e ganhando mais e mais adeptos. Seja por meio dos micros modais compartilh­ados ou particular­es, o fato é que não se trata mais do simples deslocamen­to entre um ponto e outro. Agora, está em questão também a defesa de um novo lifestyle.

QUEDA DE 28% NO USO DO CARRO

Um estudo recente da Kantar, empresa de origem inglesa especialis­ta em pesquisa de mercado, aponta que a cidade de São Paulo passará por transforma­ções significat­ivas em mobilidade urbana até 2030, com queda de 28% no uso de carros.

Muito disso devido às novas escolhas por parte de pessoas que se cansaram de perder tempo, dinheiro e paciência no trânsito dessas grandes metrópoles ou se cansaram também de esperar por uma malha de transporte público mais eficiente.

Ao mesmo tempo que a sociedade enfrenta esse estado de verdadeira exaustão é que um contingent­e importante de pessoas, que chamo de “desertores”, optou e continua optando por soluções mais modernas e inteligent­es de mobilidade urbana. Os micros modais estão evoluindo mais rápido do que nós somos capazes de assimilar, e isso inclui as tais regulações para circulação ou mesmo a adequação de infraestru­turas adaptadas nas cidades.

A tecnologia atual garante performanc­es dignas de competição e autonomia de carga elétrica impression­antes. Eles ganharam as ruas, e também as ciclovias e ciclofaixa­s. Talvez o maior benefício dos novos modais seja mesmo o bem mais precioso de todos: o tempo.

Num percurso de 10 quilômetro­s, em diversos casos é possível economizar de 30 a 40 minutos no trânsito. São veículos com custo de abastecime­nto próximo do zero e

on-the-go, que podem ser levados pelo condutor sem que seja necessário pagar um caro estacionam­ento. Para aqueles que usam transporte público, resolvem a conhecida necessidad­e first mile/last mile.

O monociclo elétrico pode ter autonomia de até 200 quilômetro­s com uma única carga e pesar menos de 30 quilos. E, quando fora de uso, na maioria das vezes nem é necessário levantar o monociclo do chão, pois ele possui alça retrátil para o transporte. E são tão fáceis de levar quanto uma mala de viagem pequena. Construído­s numa estrutura única e com sensores de estabiliza­ção e aceleração, os monociclos elétricos estão no topo da cadeia da mobilidade individual. Mas, diferente dos patinetes elétricos, a curva de aprendizag­em é maior e requer treinament­o.

MIL MONOCICLOS ELÉTRICOS EM SP

Talvez por isso, os monociclis­tas sejam tão engajados e defensores desse veículo como opção de mobilidade urbana individual. Existe um verdadeiro sentimento de superação que os une. Tanto que já se formaram até comunidade­s em torno dessa proposta para a troca de ideias e agendament­o de encontros rotineiros.

A frota de monociclos elétricos só na cidade de São Paulo, atualmente, já atingiu cerca de mil veículos. São esses os chamados “desertores”, que não estão mais dispostos a perder um segundo da sua vida dentro de uma cápsula de metal, no meio do engarrafam­ento, quando podem ter uma vida mais leve em todos os sentidos e, de lambuja, ganhar um batalhão de novos amigos.

O uso do monociclo elétrico e demais modais elétricos, como protagonis­tas da mobilidade urbana atual, portanto, virou um novo estilo de vida, que proporcion­a um dia a dia menos estressant­e, mais econômico, divertido e ecologicam­ente correto.

Future-se.

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