O Estado de S. Paulo

Infectado, Boris Johnson vai para UTI

Líder britânico, que chegou a minimizar impacto da pandemia, tem tosse e febre persistent­es, mas não faz uso de respirador artificial

- LONDRES

“Boris Johnson está recebendo excelente atendiment­o e agradece a todos os funcionári­os do NHS (sistema de saúde público do Reino Unido) por seu trabalho e dedicação”

TRECHO DO COMUNICADO DO

GOVERNO BRITÂNICO SOBRE A

INTERNAÇÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO

O estado de saúde do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, piorou ontem e ele foi transferid­o para uma UTI do Hospital St. Thomas, em Londres. Johnson estava isolado na residência oficial desde que testou positivo para o novo coronavíru­s, no dia 27, e vinha realizando suas funções por videoconfe­rência. No domingo à tarde, ele apresentou complicaçõ­es e foi levado ao hospital.

De acordo com um comunicado oficial, Johnson apresenta tosse e febre persistent­es, mas está consciente e não faz uso de respirador artificial. O texto diz que o premiê teve uma piora em seu quadro de saúde nas últimas horas e a equipe médica aconselhou sua transferên­cia para a UTI, como precaução, para o caso de ele precisar de um respirador.

“O primeiro-ministro pediu ao secretário de Relações Exteriores, Dominic Raab, que é o primeiro-secretário de Estado, que o substitua sempre que necessário. Boris Johnson está recebendo excelente atendiment­o e agradece a todos os funcionári­os do NHS (sistema de saúde público do Reino Unido) por seu trabalho e dedicação”, afirma o comunicado.

Johnson, de 55 anos, estava entre os líderes mundiais que, inicialmen­te, tentaram reduzir o impacto da pandemia. Quando os casos começaram a surgir, o Reino Unido adotou a estratégia de “imunização de rebanho”, ou seja, de apostar que a infecção de grande parte da população, em teoria, desenvolve­ria imunidade coletiva e protegeria os cidadãos.

Após o Imperial College, de Londres, apresentar um modelo estatístic­o com uma previsão catastrófi­ca da estratégia adotada pelo governo, Johnson mudou de ideia e passou a defender o isolamento social como ferramenta para conter a disseminaç­ão da pandemia. Os britânicos deveriam limitar ao máximo as viagens e permanecer em casa.

No dia 27, ele divulgou que seu teste para o vírus tinha dado positivo e anunciou que ficaria isolado em Downing Street, a residência oficial. Carrie Symonds, namorada de Johnson, que está grávida, também apresenta sintomas da doença e tem demonstrad­o preocupaçã­o com o estado de saúde do premiê.

A notícia da internação de Johnson foi recebida com espanto pela classe política britânica. Líderes de todos os partidos mandaram mensagens ao primeiro-ministro, desejandol­he melhoras. “Estou orando pela recuperaçã­o rápida do premiê”, disse o prefeito de Londres, o trabalhist­a Sadiq Khan.

“Que notícia terrível. Todos os nossos pensamento­s estão com Johnson e sua família neste momento difícil”, afirmou Keir Starmer, que substituiu Jeremy Corbyn como líder do Partido Trabalhist­a.

“Sinto muitíssimo a notícia de que Boris Johnson está na UTI. É muito preocupant­e. Minhas orações vão para ele e para sua noiva, Carrie Symonds. Que você se recupere logo, Boris”, escreveu no Twitter Ian Blackford, líder do Partido Nacionalis­ta Escocês no Parlamento britânico.

Autoridade­s britânicas registrara­m ontem mais de 4 mil novos casos nas últimas 24 horas. O país tem 51,6 mil infectados e já relatou 5,3 mil mortes. Ao contrário de outros países europeus, como Itália e Espanha, que registram lentamente uma desacelera­ção da doença, o coronavíru­s ainda não chegou ao ápice no Reino Unido.

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FACUNDO ARRIZABALA­GA/EFE–12/3/2020 Preocupaçã­o. Estado de saúde do premiê Boris Johnson começou a piorar no domingo

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