A CIÊNCIA CONTRA NOTÍCIAS FALSAS
Para cardiologista, boatos e falsas notícias atrapalham o trabalho de combate ao coronavírus
Mentira atrapalha combate a vírus, diz médico.
O clínico-geral, cardiologista e médico referência do pronto-atendimento do Hospital Albert Einstein, Marcus Gaz, de 35 anos, recebe mais de mil mensagens em seu WhatsApp por dia. Muitas delas são de pacientes compartilhando áudios ou reproduzindo notícias falsas. “É o pesadelo das fake news que atrapalha o combate ao coronavírus e o nosso trabalho”, afirma. Ele conta o caso de um paciente, que escreveu para ele desesperado porque não estava encontrando cloroquina. “Essas notícias falsas falam de cura. Então, muita gente correu para a farmácia para levar um medicamente que é útil para outro tipo de tratamento. E pode fazer falta para outra pessoa.”
Longe das fake news, em janeiro, quando ainda estava de férias, o médico já sabia que enfrentaria um período complicado pela frente. Mas não tão difícil a ponto de provocar toda essa repercussão social e econômica. “Não tenho medo. Tenho preocupação. A gente respeita a doença e as necessidades que temos agora. Mas o pânico é inimigo da nossa luta.”
E a luta de Marcus inclui momentos de muita empatia e emoção. “Há duas semanas, atendi uma idosa com mais de 70 anos. A única pessoa com quem ela podia contar nesse mundo era seu esposo. Dias depois, ele, também com mais de 70 anos, foi internado em estado grave. Agora, os dois estão na UTI. E só têm um ao outro.”
“Neste momento de vulnerabilidade, cada gesto importa muito. Tenho tido um retorno importante dos meus pacientes e seus familiares. A gente acaba criando laços e tendo uma relação de proximidade que vai permanecer”, afirmou Gaz.
Aliás, Gaz se tornou médico justamente por observar, quando ainda era criança, esse comportamento empático nos médicos que atendiam sua família e os amigos próximos. “Além disso, eu tinha uma curiosidade pela ciência e pelo funcionamento do corpo humano.”
Marcus tem duas filhas, uma de 4 anos e outra de 5. “O coronavírus já entrou no vocabulário delas. Quando estão lavando as mãozinhas, dizem que estão matando o coronavírus”, conta. “Um dia, elas quiseram entender por que todo mundo estava em casa e o pai delas tinha de sair. Tive de sentar e explicar que o pai delas é médico. E que essa é a nossa missão.” Para
Gaz, se cuidar é respeitar o próximo: “Neste momento, nossos cuidados precisam ser redobrados com a nossa higiene e com a saúde dos outros. Vamos passar por essa intensificando nossos cuidados”.
HOMENAGEIE ESSES PROFISSIONAIS USANDO #ABRACONASAUDE NO TWITTER
Doe um abraço. Assim com o médico Marcus Gaz, alguns heróis usam máscaras e estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Eles estão espalhados em hospitais, postos de atendimento e consultórios de todo o País. São médicas, enfermeiros, condutores de ambulância, equipes de apoio e limpeza, todos empenhados no combate à pandemia e em salvar vidas.
Essa dedicação diária merece mais do que aplausos. E é por isso que o Estado convida você a homenagear esses profissionais usando a hashtag #AbracoNaSaude, no Twitter.
Seu apoio vai entrar em uma contagem de abraços que pode ser acompanhada no Estadao.com.br. Lá, você também vai encontrar histórias inspiradoras e cards para compartilhar nas redes sociais, marcando os profissionais da saúde que fazem parte da luta contra a covid-19.
Na nossa plataforma “Doe um Abraço”, conheça um pouco da história desses heróis. O que mudou no cotidiano dessas pessoas? Como lidam com o risco de infecção? Como atendem pacientes e consolam familiares?
No site do Estado, você já encontra a história da enfermeira Janaína Maria Felix de Moraes, que cresceu na Cohab 2, em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, começou a vida como officegirl e hoje está na linha de frente em um dos principais hospitais do País.
Você também vai descobrir o que aconteceu com a cardiologista e intensivista Danielle da Silva Saldanha – que além de médica é praticante de remo. O esporte precisou ser deixado de lado no dia em que ela sentiu um cansaço estranho e foi para o isolamento.
Além disso, tem a história da intensivista pediátrica do Hospital das Clínicas, Fabiane Aliotti Regalio, que deixou temporariamente de atuar com crianças para se dedicar a pacientes do coronavírus. Ela ressalta a importância da corrente de solidariedade. Mas não há só médicas e enfermeiras entre os heróis. O condutor de ambulância Marcos Paulo do Nascimento fala sobre a missão e as dificuldades de uma corrida contra o vírus.
Não esqueça de doar seu abraço e acompanhar essas e outras histórias no Estadao.com.br.
“Neste momento de vulnerabilidade, cada gesto importa muito. Tenho tido um retorno importante dos meus pacientes e seus familiares. A gente acaba criando laços”
Marcus Gaz
CLÍNICO GERAL DO ALBERT EINSTEIN
“O coronavírus já entrou no vocabulário das minhas filhas pequenas”
Idem