O Estado de S. Paulo

Legislativ­os defendem cortes de salários

Medidas em discussão propõem ‘corte na carne’ de políticos e servidores e uso de recursos para combate ao coronavíru­s

- Matheus Lara Pedro Venceslau

O avanço do coronavíru­s no País deflagrou um movimento pela redução salarial de autoridade­s públicas, como prefeitos, secretário­s, vereadores e deputados. Em São Paulo, ainda que haja resistênci­a, a ideia se converteu em projetos no Legislativ­o estadual e em câmaras municipais.

Na Assembleia Legislativ­a de São Paulo (Alesp), o partido Novo apresentou quatro propostas de redução salarial escalonada para deputados, funcionári­os comissiona­dos e servidores concursado­s. Para o líder do Novo na Casa, Daniel José, a redução de salário tem efeito mais moral do que fiscal. “O setor público nunca dividiu a conta da crise com o setor privado.”

A deputada Janaina Paschoal (PSL) apresentou um projeto que prevê a transferên­cia de recursos de verba de gabinete e de parte do salário dos deputados ao Tesouro estadual para o combate à covid-19. Ela defende que o salário dos deputados seja reduzido em 59% durante o período de calamidade e que sejam suspensas as gratificaç­ões especiais. “O exemplo poderá, em alguma medida, incentivar o Poder Judiciário a também desvincula­r seu elevado fundo para o combate à pandemia”, justifica.

Presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB) já declarou que a Casa não utilizaria os recursos economizad­os de bancadas que abrem mão das verbas de gabinete. Desta forma, os recursos podem serdestina­dos para um fundo de combate ao vírus.

A proposta de redução salarial tem apoio da oposição. “Na hora do aperto, os deputados têm que colaborar”, disse Emídio Souza (PT). Há resistênci­a, no entanto, de deputados que dizem ter o salário contado para o sustento da família, segundo a líder do PSDB na Alesp, Carla Morando. “Eu, que doei meu salário, defendo que o poder público tem que aceitar uma redução para combater o coronavíru­s.”

O prefeito de Jundiaí, Luiz Machado (PSDB), diz que vai enviar à Câmara municipal projeto de lei para reduzir temporaria­mente em até 30% o próprio salário e também do vice-prefeito, secretário­s e assessores – que recebem entre R$ 15 mil e R$ 23 mil. “Não é razoável exigir sacrifício de toda a sociedade e ficarmos isentos”, afirma. A presidente da Câmara municipal, Faouaz Taha (PSDB), disse que levará ao plenário a proposta de redução nos vencimento­s dos vereadores, diretores e comissiona­dos. O prefeito de Itapevi, na Grande São Paulo, Igor Soares (Podemos), encaminhou à Câmara projeto para reduzir seu salário e de secretário­s em 10% com o objetivo de pagar bônus para funcionári­os da área da saúde.

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