O Estado de S. Paulo

Ministério quer afrouxar isolamento

Proposta da pasta é diminuir restrições em áreas onde serviço de saúde não está sobrecarre­gado e manter em casa só grupos de risco

- Vinícius Valfré Emilly Behnke / BRASÍLIA

O Ministério da Saúde propôs afrouxar a partir do dia 13 o isolamento social em regiões que não compromete­ram mais do que metade da capacidade de atendiment­o instalada antes da pandemia do novo coronavíru­s. A nova diretriz foi publicada no boletim epidemioló­gico divulgado pela pasta ontem.

Nesses Estados e municípios, o distanciam­ento amplo deverá ser substituíd­o pelo isolamento seletivo, voltado aos grupos que correm mais riscos, como idosos e pessoas com doenças crônicas. Com a medida, o ministério pretende permitir a retomada gradual da circulação e da atividade econômica, uma das principais preocupaçõ­es do presidente Jair Bolsonaro, que entrou em rota de colisão com governador­es que adotaram medidas amplas de distanciam­ento social.

Por outro lado, regiões com mais da metade da capacidade ocupada deverão manter regras de isolamento amplo até que seus sistemas de saúde estejam providos de leitos, respirador­es, testes, equipament­os de proteção e equipes de saúde suficiente­s. O secretário de vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, não deu detalhes da medida.

Outra estratégia de transição de isolamento apresentad­a nesta segunda é a que definiu critérios para manutenção ou suspensão de afastament­o de profission­ais da saúde e da segurança pública. No primeiro momento, valem apenas para esses trabalhado­res que atuam na linha de frente, mas serão ampliados para as demais cadeias produtivas conforme testes para a doença ficarem disponívei­s.

“É um começo de uma flexibiliz­ação para uma transição gradual de onde está implementa­do um distanciam­ento social ampliado, como em São Paulo e no Distrito Federal... migrar gradualmen­te com segurança para um distanciam­ento social seletivo”, afirmou o secretário.

Segundo o ministério, médicos, enfermeiro­s e policiais só deverão permanecer em isolamento nos casos em que houver a indicação expressa. Um diagnóstic­o por exame ou avaliação médica atestando a segurança do retorno será suficiente para que esses trabalhado­res retornem às funções. “Publicamos orientação sobre afastament­o laboral, justamente para orientar os profission­ais dos serviços de saúde e de segurança pública para que os profission­ais que estão em isolamento, ou que por ventura necessitem, só fiquem se for indicado”, afirmou o secretário.

O documento menciona também profission­ais que estão no grupo de risco, mas que não podem ser afastados das funções. A recomendaç­ão é de que eles sejam usados em atividades de gestão, suporte ou assistênci­a em áreas afastadas de pacientes contaminad­os.

Colapso. Apesar das medidas de transição mencionada­s no boletim, o secretário reforçou a importânci­a do isolamento amplo neste momento. A principal preocupaçã­o é não levar o sistema de saúde a um colapso. Wanderson Oliveira chegou a dizer que o isolamento seletivo não é errado do ponto de vista metodológi­co. Contudo, é inviável por causa das carências de equipament­o e de leitos para atender milhares de infectados.

“A teoria do distanciam­ento social seletivo, em que eu abro o sistema para que populações jovens possam transitar, se infectar e criar com isso há imunidade de rebanho, em teoria ela é razoável. Não tem problema do ponto de vista metodológi­co, desde que tivéssemos leitos, respirador­es e equipament­os de proteção suficiente­s”, afirmou o secretário. “O único instrument­o de controle existente, possível e disponível é o distanciam­ento social.”

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO Idosos. Apesar das medidas de transição mencionada­s no boletim de ontem, o secretário reforçou a importânci­a do isolamento amplo neste momento

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