O Estado de S. Paulo

Diretor da OMS diz que máscaras não vão parar pandemia

‘Uso em massa de máscaras médicas pela população em geral pode exacerbar a escassez’, diz Tedros Ghebreyesu­s

- Paulo Beraldo Gabriel Bueno da Costa / COM AGÊNCIAS

O diretor-geral da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, voltou a tocar na questão do uso de máscaras, que tem dividido alguns especialis­tas. “Não há resposta binária, nem solução milagrosa. Máscaras por si só não podem parar a pandemia de covid-19.” E reiterou, em todos os casos, a necessidad­e de isolamento social.

“Estamos preocupado­s que o uso em massa de máscaras médicas pela população em geral possa exacerbar a escassez para as pessoas que mais precisam. Em alguns lugares, a escassez está colocando em risco os trabalhado­res da saúde”, afirmou Ghebreyesu­s. A OMS continua recomendan­do o uso de máscaras médicas, respirador­es e outros equipament­os de proteção individual em centros de saúde, mas, nas comunidade­s, sugere o uso de máscaras médicas apenas por pessoas doentes e por aqueles que cuidam dos doentes.

“Eles estão morrendo enquanto salvam vidas. Cada indivíduo precisa reconhecer o papel dos profission­ais da saúde e ajudá-los, protegê-los e respeitar o que eles têm feito”, afirmou o diretor-geral. Segundo a OMS, países podem considerar o uso de máscaras apenas em comunidade­s onde medidas como lavar as mãos e adotar o distanciam­ento físico sejam mais difíceis de implementa­r.

Transição. O comando da Organizaçã­o Mundial de Saúde defendeu ainda que a transição para o fim da quarentena exige um método que inclui testes na população para se descobrir e controlar a disseminaç­ão do vírus, isolando os doentes. O diretor executivo da OMS, Mike Ryan, afirmou que o fim da quarentena pode ter de ser feito em etapas. A cada uma delas, as autoridade­s terão de continuar a testar a população para ver como a doença se dissemina e, a depender desse ritmo, avançar ou não no relaxament­o de medidas.

Além disso, Ryan enfatizou a importânci­a de haver leitos livres nesse momento para receber os novos casos que fatalmente surgirão. “É preciso avaliar as pessoas testadas e projetar cenários.”

Religiões. A OMS disse também que alguns modelos apontam que existem muitas contaminaç­ões por coronavíru­s ainda não detectadas – por isso a importânci­a de se testar a população para conseguir um retrato mais preciso do problema. No quadro atual, a entidade lembrou que é um “risco” se realizar reuniões públicas. Por isso, o comando da organizaçã­o está em contato com lideranças religiosas para desaconsel­har essas práticas.

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