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Tesoura. Agir por impulso pode gerar arrependimento, frustração e prejudicar a autoestima

Como cortar o cabelo em casa? Respondendo a essa pergunta, a primeira dica que os cabeleireiros Neandro Ferreira e Sandro Dessou deram para quem quer cortar as próprias madeixas foi: não faça isso!

“Costumo dizer que, quando a mulher não consegue resolver uma coisa, ela vai lá e corta o cabelo. É muito mais psicológico do que uma necessidade de tirar um pedacinho ou um ‘pedação’ de cabelo”, diz Dessou, do Maison Jacques Janine.

Para Neandro Ferreira, esse desejo de pegar uma tesoura ou uma máquina e mudar o estilo dos fios também é indicativo de anseios mais profundos.

A doutora em psicanálise Andrea Ladislau vê um desejo de melhoria em meio a tempos difíceis. “Normalmente, o cabelo está muito ligado à autoestima. O corte faz parte de uma melhoria da imagem pessoal.”

E a atitude durante a quarentena traz ainda mais benefícios psicológicos. “Tem uma conotação de autonomia ‘eu consegui cortar o meu cabelo sozinha’”, afirma Andrea. Isso tudo no cenário mais otimista.

No entanto, a psicanalista pontua a possibilidade de decepção que pode ocorrer caso o resultado não saia perfeito como planejado. Pode juntar essa frustração com o período de incertezas e insegurança, e as coisas vão ficar muito mais complicadas. Ela ressalta que a necessidade de entender se essa urgência para aparar os fios é momentânea ou até mesmo uma sucessão de angústias causadas pela pandemia.

“As mudanças são muito bem-vindas, por outro lado agir por impulso pode gerar um grande arrependimento, frustração e prejudicar a autoestima. É importante entender que essa crise vai passar, e em breve você poderá voltar a um salão de beleza”, pondera a psicanalista.

Para quem quer mudar o visual sem enfrentar a tesoura, os cabeleireiros indicam fazer novos penteados, tranças, coques, rabos de cavalo, e abusar das texturas dos fios e também dos acessórios para incrementar a proposta.