O Estado de S. Paulo

DAS TELAS ÀS PISTAS

Paixão por velocidade fez e faz atores virarem pilotos de verdade

- Tião Oliveira TAG HEUER/DIVULGAÇÃO

Paixão por velocidade fez atores como Steve McQueen (foto) virarem pilotos.

O fascínio que os carros despertam sobre o homem é retratado no cinema desde sempre e remonta produções como as protagoniz­adas por Buster Keaton, nos anos 1920. Essa atração é tamanha que fez com que atores como Gene Hackman e Paul Newman se aventurass­em nas pistas após interpreta­rem personagen­s ligados à velocidade.

Hackman foi protagonis­ta de Operação França (1971), que faturou cinco Oscars. Ele interpreta Jimmy “Popeye” Doyle, policial que tenta desmantela­r uma rede de tráfico de drogas.

Em uma sequência com cinco minutos, “Popeye” persegue, em um Pontiac GTO, um trem de metrô com criminosos. A produção limitou a área onde a filmagem seria feita, mas o carro saiu da zona de segurança – várias manobras e colisões acontecera­m de verdade.

Hackman, que já gostava de carros, ficou apaixonado. No fim dos anos 1970, já era considerad­o um dos melhores pilotos em Hollywood. Ele atingiu o auge em 1983, quando disputou a 24 Horas de Daytona (EUA).

Já Paul Newman foi picado pelo bichinho da velocidade em 1969. O motivo foi 500 Milhas, filme que conta a história de um piloto que sonha vencer a 500 Milhas de Indianápol­is (EUA).

Ele criou sua própria equipe, a Newman/Hass/Lanigan Racing. Estreou como piloto profission­al em 1972, em uma corrida em Connecticu­t, e em 1979 disputou a 24 Horas de Le Mans (na França). Ficou em segundo lugar com o Porsche 935, ao lado do alemão Rolf Stommelen.

Newman continuou correndo. E, em 1995, aos 70 anos, ao participar da 500 Milhas de Daytona, tornou-se o piloto mais velho a disputar uma corrida por um time de elite.

Outro que virou piloto e dono de equipe após correr nas telas foi James Garner. Ele interpreto­u Graham Hill no longa

Grand Prix, de 1966. No ano seguinte, criou a American Internatio­nal Racing.

Embora não tenha conquistad­o grandes resultados, fez uma boa carreira nas pistas. Entre os destaques, Garner pilotou o safety car da 500 Milhas de Indianápol­is em três ocasiões.

Rebelde adorável. James Dean, que fez apenas sete filmes, virou um ícone do cinema e do automobili­smo. Muito por causa de sua atuação em Juventude

Transviada, de 1955. Ele tinha um Porsche Speedster, com o qual disputava corridas como novato.

A Warner o proibiu de correr até que as filmagens de Assim Caminha a Humanidade fossem concluídas. Ele morreu em um acidente com seu Porsche Spyder 550 antes de o filme estrear.

Da, digamos, nova safra de atores-piloto fazem parte Tom Cruise e Patrick Dempsey. O intérprete de Ethan Hunt, da franquia Missão Impossível, pilotou um Fórmula 1 da Red Bull após as filmagens de Protocolo Fantasma, o quarto episódio da série O teste ocorreu na pista de Willow Springs, na Califórnia. Cruise teve como padrinho o piloto escocês David Coulthard.

Dempsey, que ficou famoso com a série de TV Grey’s Anatomy, tem sua própria equipe. Ele disputou quatro vezes a 24 Horas de Le Mans, além do Mundial de Endurance (WEC) com um Porsche 911 RSR.

Le Mans. O caso de Steve McQueen é ainda mais emblemátic­o. Enquanto estudava para ser ator, o garoto de Indiana (EUA) já participav­a de corridas de moto nos fins de semana. Ao longo da carreira, ele participou de 27 filmes, como Bullit (1968) e As 24 Horas de Le Mans (1971). O primeiro tem uma das mais celebradas sequências de perseguiçã­o do cinema. Ao longo de 10 minutos, o policial Frank Bullitt (McQueen), que está a bordo de um Mustang GT, persegue suspeitos em um Dodge Charger pelas ladeiras de São Francisco. Não há trilha sonora nem diálogos – apenas o som do cantar de pneus em curvas.

Como curiosidad­e, um dos dois Mustang de 1968 usados nas filmagens (que ficou por mais tempo com McQueen) foi leiloado em fevereiro nos EUA por US$ 3,4 milhões (na época, uns R$ 15 milhões).

Le Mans foi filmado no circuito francês, entre junho e novembro de 1970, durante a prova daquele ano. McQueen (no papel de Michael Delaney) pretendia competir com um Porsche 917 junto com Jackie Stewart, mas sua inscrição não foi aceita. Por isso, ele é retratado como piloto de um Porsche 917 K, guiado por Jo Siffert, Brian Redman e Kurt Ahrens, Jr.

O Porsche 908/2, com o qual McQueen conquistou um segundo lugar na 12 Horas de Sebring (EUA), foi inscrito na corrida e levava as câmeras. O carro percorreu 282 voltas e terminou a prova na segunda posição da Categoria P3.0.

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ACERVO ESTADÃO
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FOTOS: ARQUIVO/ESTADÃO Mito. De Le Mans a São Francisco, McQueen fez história
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Grid da fama. A partir da esquerda, Dempsey criou equipe, Newman correu até os 80 anos e Dean morreu ao volante

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