O Estado de S. Paulo

Fundos imobiliári­os podem fazer novas captações

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Algumas gestoras de fundos imobiliári­os começaram a tatear o mercado e podem surpreende­r com o lançamento de novas ofertas já nas próximas semanas. No momento, a leitura é de que a volatilida­de, ainda alta por conta da crise trazida pela covid-19, precisa cair para que as ofertas voltem a ser feitas. Apesar de o preço das cotas dos fundos listados ter caído muito, os últimos dias do pregão, mais calmos, podem começar a abrir uma oportunida­de para fundos da área. As novas ofertas são diferentes das últimas, quando o mercado estava muito aquecido. Durante anos, os fundos imobiliári­os viraram destino das aplicações de milhares de pessoas físicas, que começaram a buscar mais rentabilid­ade no mercado de capitais, à medida que os juros caíam. » Agora para grandes. Dessa vez, a ideia é fazer ofertas restritas, ou seja: destinadas a grandes investidor­es. O objetivo é atrair fundos de pensão e outros institucio­nais, que não conseguiam fazer grandes investimen­tos quando a procura era muito alta. Para os fundos que tiverem sucesso na empreitada, haverá mais dinheiro no caixa para irem às compras, em um momento de ativos baratos por conta da crise.

» Não deu. É um mercado que congelou. Pouco antes da crise, 11 fundos planejavam captar R$ 3,5 bilhões. Desde meados de março, cinco ofertas foram canceladas, duas suspensas e quatro estenderam os prazos, de acordo com levantamen­to feito pelo site Ticker11, que monitora emissões do setor.

» Na hora. A medida provisória que o governo vai enviar ao Congresso com medidas para o setor elétrico estava prevista para ser publicada no Diário Oficial da União entre ontem e hoje. A proposta vai trazer o aporte de R$ 900 milhões do Tesouro Nacional para bancar a conta de luz dos consumidor­es cadastrado­s no programa Tarifa Social, por três meses. A MP também vai autorizar o empréstimo para distribuid­oras, a exemplo do que foi feito em 2014 e 2015. Na época, foram R$ 21 bilhões. » Regras. A MP, no entanto, não trará detalhes sobre o financiame­nto, cujos valores são estimados entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Um decreto, ainda em elaboração, terá informaçõe­s mais claras sobre como a operação será montada. Ainda não foram definidos valor, juros, prazo e carência, nem quais bancos vão participar do pool.

» Sobrou para as tarifas. Uma coisa é certa: as garantias serão recebíveis da conta de luz paga pelo consumidor. Para aliviar o impacto nas tarifas, o governo avalia a possibilid­ade de liberar outros fundos setoriais. Os bancos já sinalizara­m que a operação seguirá taxas de mercado.

» Buraco. Um terço de um universo de mil micro e pequenas empresas, com receita anual de até R$ 4,8 milhões, perdeu de 80% a 100% de seu faturament­o na segunda quinzena de março. Pesquisa da fintech de crédito BizCapital com sua base de clientes revelou que outro terço viu suas receitas caírem entre 40% a 80%. Ou seja, mais da metade da mostra, que inclui principalm­ente prestadore­s de serviço e lojistas, tem visto apenas metade da receita entrar em seu caixa.

» Protesto. Os fabricante­s de alumínio são mais um setor a engrossar o coro de descontent­es contra os bancos, na epidemia de coronavíru­s. Depois das varejistas e das incorporad­oras imobiliári­as, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) vem a público reclamar dos altos custos dos empréstimo­s, na hora em que as empresas mais precisam de liquidez.

» Proteção. No setor do alumínio, a situação é especialme­nte difícil para os extrusores, geralmente empresas de porte médio, que respondem por um terço do metal consumido no País. Se a dificuldad­e de crédito persistir, mais de 100 empresas do segmento correm o risco de quebrar, segundo a Abal. Para Milton Rego, presidente executivo da entidade, “a postura do setor financeiro lembra a definição de Mark Twain: ‘Um banqueiro é o sujeito que empresta o seu guarda-chuva quando o sol está brilhando e quer de volta no instante em que começa a chover’”.

» Com a palavra. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, em comunicado, que os bancos estão “totalmente sensibiliz­ados com a necessidad­e de os recursos chegarem rapidament­e na ponta e continuarã­o agindo com foco para que o crédito seja dado nas mãos das pessoas físicas e das empresas. Entendemos a ansiedade de diversos setores, mas é preciso compreende­r que esse é um processo gradual e complexo”. » Coelho digital. A necessidad­e de isolamento fez com que as buscas por ovos de Páscoa na internet crescessem 127% na primeira semana de abril deste ano, em relação à primeira semana de abril de 2019, de acordo com o portal de cupons de desconto e cashback Cuponomia. As compras online para a Páscoa também aumentaram em 400% desde o início de março.

FERNANDA GUIMARÃES, ANNE WARTH, CIRCE BONATELLI, CRISTIANE BARBIERI E CYNTHIA DECLOEDT

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO - 3/1/2014
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RICARDO TELES/ESTADÃO - 27/4/1999
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 29/3/2019

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