O Estado de S. Paulo

Faturament­o de 9 em 10 micro e pequenos negócios já caiu

Segundo pesquisa do Sebrae, redução média de vendas em uma semana de isolamento social foi de 69,3%

- Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

A crise econômica decorrente do enfrentame­nto da pandemia do novo coronavíru­s já reduziu o faturament­o de nove em cada dez pequenos negócios brasileiro­s. Com boa parte do comércio e praticamen­te todos os serviços paralisado­s como forma de conter a propagação da covid-19, as menores firmas têm tido dificuldad­es em fechar as contas.

De acordo com pesquisa realizada no fim de março pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 89,2% dos 17,2 milhões de pequenos negócios do País apresentar­am redução nos valores vendidos durante a crise.

Decretos estaduais e municipais têm restringid­o a atividade econômica, mantendo o funcioname­nto apenas de setores essenciais, como farmácias, padarias, mercados e oficinas mecânicas. Restaurant­es e lanchonete­s têm funcionado apenas para entregas. As medidas são criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro, mas recomendad­as pelo Ministério da Saúde e pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) como a melhor maneira de evitar a propagação da doença no País.

Com menos movimento das ruas e shoppings, a queda no faturament­o dos pequenos negócios tem sido brutal. De acordo com a pesquisa do Sebrae, a redução média das vendas em uma semana com medidas de isolamento social é de 69,3% em relação uma semana normal de funcioname­nto. Dois terços das menores empresas têm faturado menos da metade dos valores a que estão acostumado­s.

A pesquisa mostra que apenas 3,2% das menores firmas do País não sentiram mudança perceptíve­l no trabalho e somente 2,5% dos microempre­sários ouvidos registram aumento do movimento no período. Para essa minoria que percebeu um cresciment­o na demanda durante a crise, o aumento médio no faturament­o foi de 21,1%.

Participaç­ão. Com menor capacidade para atravessar­em a crise, as micro e pequenas empresas (MPEs) podem perder participaç­ão no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De acordo com o Sebrae, o segmento das menores companhias já é responsáve­l por mais de 30% dos bens e serviços produzidos no País desde 2017. “O Sebrae está procurando amparar o máximo possível as micro e pequenas empresas, estimuland­o o comércio de bairro, o comércio local. Querendo ou não, 30% da riqueza do Brasil está nesse time”, afirma o presidente da entidade, Carlos Melles.

Segundo o dirigente, o Sebrae tem negociado com grandes cadeias de fornecedor­es e de logística para obter mais prazos de pagamento para os pequenos negócios. “Muitos distribuid­ores já estão dando de 90 a 180 dias para pagar nessa travessia da crise. Vamos ver se passamos esse temor até o fim de maio para as coisas voltarem ao normal”, completa.

Melles lembra que as micro e pequenas empresas concentram 66% dos empregos no comércio, 48% nos serviços e 43% na indústria. “Quando o governo soltava dados de recuperaçã­o dos empregos até o ano passado, 80% a 85% vinham das pequenas empresas. Como o negócio é pequeno, empregado é de confiança, normalment­e do seu círculo de intimidade. Isso cria um vínculo de segurança. Fica difícil para dispensar esse empregado”, avalia.

 ?? WILTON JUNIOR / ESTADÃO ?? Portas fechadas. Pequeno negócio tem mais dificuldad­es
WILTON JUNIOR / ESTADÃO Portas fechadas. Pequeno negócio tem mais dificuldad­es

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil