Portugal está entre locais mais procurados por brasileiros para investimento em imóveis
Em um forte movimento nos últimos anos, Portugal passou a ocupar a segunda colocação no ranking de países que mais receberam investimentos imobiliários de brasileiros no exterior, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados mais recentes do Banco Central do Brasil compreendem o período de 2007 a 2017, quando a participação de Portugal no ranking mais do que dobrou até chegar aos atuais 17%.
Ainda que os EUA mantenham parcela expressiva no total de investimentos imobiliários (34%), a participação relativa aos norte-americanos caiu 4% durante os 10 anos analisados pelo BC. Já a de Portugal aumentou 131% no período.
O movimento de alta em Portugal está mais atrelado a políticas de incentivo definidas por autoridades portuguesas do que pela rentabilidade dos imóveis adquiridos. Afinal, com a forte alta do Euro frente ao Real nos últimos anos, os custos inerentes a um processo de compra e venda de bens em Portugal naturalmente limitariam a parcela de brasileiros aptos ao negócio.
Desde 2012, o governo de Portugal implementou um sistema cujo principal objetivo era atrair recursos estrangeiros a fim de movimentar seu mercado interno, à época em grave crise financeira. Caso os investimentos se enquadrem nas regras determinadas pelo governo, o investidor pode obter visto de residência permanente no país e, depois de seis anos, a cidadania.
O regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento contempla aportes em imóveis, fundos de investimento, pesquisa científica ou no apoio à produção artística, dentre as possibilidades aos estrangeiros que desejam o visto português. Em relação aos imóveis, é preciso que a casa ou apartamento adquirido tenha um valor igual ou superior a 500 mil euros (atualmente, o equivalente a cerca de R$ 3 milhões).
A principal crítica feita ao regime de concessão de vistos é que ele não gerou investimentos diversificados no mercado
Destino ultrapassa países como Reino Unido e França, mas segue atrás dos EUA
português. Cerca de 95% dos pedidos de residência feitos através deste modelo envolvem aportes direcionados à compra de imóveis.
Além disso, ainda que o investimento no setor imobiliário tenha gerado uma série de empregos diretos e indiretos aos portugueses, a definição do valor de 500 mil euros resultou em uma pressão aos imóveis na faixa de preço entre 400 mil e 450 mil euros. Os valores naturalmente subiram para adequar os bens à faixa contemplada pelo regime de vistos.
Ainda assim, chama a atenção a participação dos brasileiros neste mercado. No primeiro semestre de 2019, investidores do Brasil responderam por 18% dos imóveis comprados em Portugal. É o mesmo percentual dos britânicos. Ambos os países perdem apenas para os franceses entre os estrangeiros, com 21% do total.
Para ultrapassar Reino Unido e França no ranking de países com maior investimento imobiliário de brasileiros, Portugal conta com a proximidade gerada pela cultura e pelo idioma frente aos demais. Mais do que isso, a crise interna tornou os preços dos imóveis mais vantajosos aos brasileiros.
Em um mercado tão dinâmico, resta saber se os brasileiros irão manter seus aportes no setor de outros países em meio às altas do Dólar e do Euro. E, principalmente, se Portugal conseguirá permanecer à frente de outros locais, que até décadas recentes geravam maior interesse nos brasileiros com capital para investir no exterior.