ÍCONE DO JAZZ
MORRE O BATERISTA QUE MARCOU A HISTÓRIA Membro do sexteto de Miles Davis, ele gravou o clássico ‘Kind of Blues’ Caderno2
Jimmy Cobb, cuja bateria sutil e constante determinou a pulsação de algumas das gravações mais amadas do jazz, morreu em sua casa em Manhattan, no domingo, 24. Ele estava com 91 anos e a causa foi câncer de pulmão, informou sua mulher, Eleana Tee Cobb.
Cobb era o último membro sobrevivente do que costuma ser chamado de Primeiro Grande Sexteto de Miles Davis. Ele deteve esse título por quase três décadas, servindo de canal para muitas gerações de fãs de jazz na banda, que gravou o álbum mais icônico e duradouro da música, Kind of Blue, de 1959.
Foi justamente o repertório desse álbum que Cobb apresentou em sua passagem pelo Brasil, em 2009. Considerado um divisor de águas na indústria musical, Kind of Blue é o álbum mais vendido na história do jazz.
Também é uma obra que até hoje turbina apaixonadas discussões musicais. “Miles entendia que menos era mais. O mais impressionante sobre aquele disco é que, se você quer analisar algo, não há muito o que analisar. São apenas alguns acordes. Freddie Freeloader não tem mais do que cinco notas”, afirmou o pianista Larry Willis, em entrevista ao Estadão, em 2009.
Cobb e Davis se conheceram em 1955, quando o baterista se mudou para Nova York, onde passou a se apresentar em clubes de jazz. Depois de ver uma de suas apresentações, Davis o convidou para sua banda de estúdio. Lá, além do lendário trompetista, Cobb tocou com outros grandes nomes da música, como Wes Montgomery, Dinah Washington e Pearl Bailey.
Apesar de sua importância histórica para a música, Cobb enfrentou problemas financeiros no final da vida. Em janeiro, sua filha Serena iniciou uma campanha para arrecadar fundos para cobrir as despesas médicas de Cobb, sem especificar a doença. Foram arrecadados US$ 94 mil.