O Estado de S. Paulo

LOUVRE DE PORTAS ABERTAS

Depois de três meses de confinamen­to, o museu mais visitado do mundo vai receber somente 7 mil pessoas por dia e terá salas restritas à entrada

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Maior museu do mundo reabre com restrição a multidões.

Depois de três meses e meio de confinamen­to, o Louvre de Paris, o museu mais visitado do mundo, reabriu nesta segundafei­ra, 6, as portas, mas com a queda do turismo provocada pela pandemia, o número de visitantes foi reduzido e sobretudo de moradores da cidade.

Alguns visitantes aguardavam, de máscara, na fila pouco antes da abertura às 9h. Um cartaz informava que não havia mais ingressos para o dia. Por motivos de saúde, o museu pretende receber apenas 7.000 pessoas por dia. Antes da pandemia eram 30.000, anunciou o presidente da instituiçã­o, JeanLuc Martínez.

“Estava com muita saudade, havia cinco meses que não visitava”, afirmou à AFP Elodie Berta, guia especializ­ada em obras de “street art”. “Paris não pode viver sem cultura”, acrescento­u a parisiense, visivelmen­te emocionada.

“Esta é nossa quinta ou sexta vez no Louvre. Mas nunca conseguimo­s ver a Mona Lisa, devido ao grande número de visitantes, mas desta vez esperamos observá-la”, disse Helene Ngarnim, moradora da cidade, ao lado dos dois filhos adolescent­es.

De acordo com números oficiais, 75% do público habitual do Louvre é formado por estrangeir­os, especialme­nte americanos, chineses, sul-coreanos, japoneses e brasileiro­s. Nas primeiras semanas de reabertura, no entanto, o museu espera receber principalm­ente franceses e cidadãos dos países europeus vizinhos.

O Museu do Louvre não fechava as suas portas por um período tão prolongado desde a Segunda Guerra Mundial.

Depois de registrar mais de ¤ 40 milhões (US$ 45 milhões) de perdas por causa do confinamen­to, a direção prevê três anos difíceis, levando em consideraç­ão que o número de ingressos vendidos em 2020 ficará muito abaixo do recorde de mais de 10 milhões registrado em 2018 e dos 9,6 milhões do ano passado.

O dispositiv­o para receber os visitantes foi estudado para evitar qualquer incidente sanitário que possa obrigar o museu a fechar novamente. Martínez explicou que o Louvre pode suprimir algumas faixas de horário, caso aconteça algum problema.

Mas a direção está confiante porque os espaços no museu são muito amplos. Todos os visitantes com mais de 11 anos devem usar máscara já a partir da fila de entrada.

Mona Lisa, Vitória de Samotrácia, A Liberdade Guiando o Povo, A Balsa da Medusa, A Vênus de Milo: diversas maravilhas do Louvre podem ser admiradas, mas 30% das coleções não estarão acessíveis em um primeiro momento, como esculturas francesas da Idade Média e renascenti­stas e as artes da África, Ásia, Oceania e Américas.

Mas ainda há muito por ver: mais de 30.000 obras em um espaço de 45.000 m². E sem o grande fluxo habitual, o público aproveitar­á uma visita mais tranquila. Setas da cor azul indicam o percurso a seguir e as pessoas não poderão retornar em sua trajetória. Marcas no chão pretendem evitar aglomeraçõ­es em pontos estratégic­os.

A única exposição temporária aberta é Figura de Artista, inaugurada antes do confinamen­to e depois prolongada. Apresenta uma seleção de pinturas, especialme­nte retratos, de Rembrandt, Dürer, Delacroix e Vigée-lebrun.

“Ajuda financeira”. A temporada dedicada aos gênios renascenti­stas, após o grande sucesso da mostra Leonardo da Vinci, foi adiada. Martinez explicou em junho que o museu trabalha em um “plano de transforma­ção” com o Estado, seu principal mecenas, que será acompanhad­o de uma campanha de “ajuda financeira”. O plano também visa aos Jogos Olímpicos de Paris-2024. “Temos que estar preparados. Abrir por mais horas, mais salas, esta é a aposta”, resumiu.

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FRANCOIS GUILLOT / AFP
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CHRISTOPHE P. TESSON/EFE Chance. Mais fácil de ver a ‘Mona Lisa’

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