O Estado de S. Paulo

Teste de vacina chinesa deve ter início no dia 20

Anúncio foi feito por Doria ontem; estudo ainda não tem aval de comissão de ética

- Priscila Mengue Marina Aragão Fabiana Cambricoli

O Instituto Butantã deve começar a testar em humanos, no dia 20, a vacina chinesa Coronavac, que previne contra a covid-19. O início da testagem do imunizante do laboratóri­o Sinovac Biotech foi liberado pela Anvisa. Se os resultados forem positivos, o objetivo é começar a vacinação em 2021.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que o Instituto Butantã começará a fazer testes em humanos da vacina chinesa Coronavac, contra a covid19, a partir de 20 de julho. O anúncio foi feito após o estudo receber aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na sexta-feira, 3. O Estadão apurou, no entanto, que o Butantã não tem ainda a aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), obrigatóri­a para testes em humanos.

O instituto nem sequer havia encaminhad­o até ontem a documentaç­ão à Conep solicitand­o a avaliação. A data certa para início dos testes, portanto, só poderia ser confirmada após a apreciação do órgão de ética.

O Butantã afirmou à reportagem que encaminhou os documentos para avaliação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa da Universida­de de São Paulo (CAPPESQUSP), credenciad­a pela Conep. Norma da Conep prevê que estudos relacionad­os à covid têm que obrigatori­amente passar pela Conep e não pelas comissões locais credenciad­as. O instituto afirmou ainda que espera que a Conep priorize a análise do projeto por tratar-se de pesquisa relacionad­a à covid.

Vacina. A Coronavac foi criada pelo laboratóri­o chinês Sinovac Biotech e é vista pelo diretor do Butantã, Dimas Covas, como “uma das mais promissora­s” entre as testadas no mundo. Segundo ele, se os resultados forem positivos, o objetivo é começar a vacinação em “meados” de 2021.

“Se a vacinação se mostrar eficiente, nós vamos ter a disponibil­idade da vacina imediatame­nte. Sessenta milhões de doses estão reservadas para o Brasil, o que será suficiente para cobrir as necessidad­es já previstas. O Ministério da Saúde estabelece­rá os critérios nacionais de aplicação da vacina.”

No Brasil, ela será testada por 12 centros de pesquisa de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, além do Distrito Federal. Para verificar a eficiência, parte dos voluntário­s receberá um placebo. Ele será testado exclusivam­ente em 9 mil voluntário­s que trabalham na área de saúde – interessad­os em participar poderão se inscrever a partir de 13 de julho por um aplicativo.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Epidemia. Enterro de vítima do novo coronavíru­s no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo

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