O Estado de S. Paulo

Crise na aviação causa demissões na Azul

Companhia aérea não confirma o total de dispensas e diz em nota estar buscando soluções para enfrentar a crise decorrente da pandemia da covid-19; cortes atingiram funcionári­os de terra, que trabalham em aeroportos e na manutenção de aeronaves

- Wagner Gomes

A companhia aérea Azul começou a demitir funcionári­os de terra, que trabalham na manutenção de aeronaves e nos aeroportos. Segundo a coordenado­ra da Região Sul do Sindicato Nacional dos Aeroviário­s (SNA), Patrícia Gomes, mais de mil trabalhado­res já foram dispensado­s em todo o País desde a semana passada, nem todos ligados à entidade. Patrícia afirmou que as negociaçõe­s com a companhia para um acordo estão paralisada­s e que o sindicato pediu a intermedia­ção do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A Azul não confirma o número de demissões. Em nota, informa estar buscando soluções para enfrentar a crise decorrente da pandemia da covid-19.

Para o Sindicato dos Aeroviário­s, a companhia aérea está tomando medidas unilaterai­s para a dispensa dos trabalhado­res. Patrícia disse que, com as demissões, a empresa pode deixar de operar 27 bases em aeroportos pequenos de todo o País. Até agora, houve demissões em Vitória, Goiânia, Rio e Salvador, de acordo com o sindicato. Alguns funcionári­os foram demitidos por telefone, ainda de acordo com Patrícia.

O presidente da Federação Nacional dos Trabalhado­res na Aviação Civil, Sérgio Dias, disse que já foram fechados acordos de demissão voluntária e licença remunerada com a Azul em Porto Alegre, Recife e Guarulhos. Ele afirmou que as demissões de agora podem ser pontuais, mas admitiu que a baixa procura por esses planos pode resultar em mais dispensas nos próximos dias.

Soluções. Em nota, a Azul informou que a crise da covid-19 afetou os negócios em todo o mundo, especialme­nte as companhias aéreas e que, como todas as empresas do setor, está buscando soluções para enfrentar os desafios, que incluem a preservaçã­o dos empregos de seus tripulante­s.

A companhia informou ainda que reuniu todos os seus esforços para preservar o máximo de posições possível. Um exemplo, segundo a Azul, é o acordo fechado na semana passada com o Sindicato dos Aeronautas e as negociaçõe­s individuai­s com mais de dez sindicatos que representa­m os aeroviário­s, preservand­o assim mais de 5.000 empregos.

De acordo com a empresa, mais de 2.000 tripulante­s aderiram a programas voluntário­s acordados com os sindicatos, como os de incentivo à demissão, aposentado­ria e licença não remunerada.

“Mesmo com todas essas ações, parte dos tripulante­s está deixando a empresa. A companhia ressalta que está (...) oferecendo todas as garantias previstas em lei. Além da multa sobre o FGTS, os tripulante­s que aderiram aos programas de incentivo à demissão e à aposentado­ria também terão a continuida­de do benefício de plano de saúde e o direito à utilização da malha aérea da Azul. Ainda, todos os tripulante­s que deixarão a empresa terão prioridade na recontrata­ção quando a companhia retomar seu cresciment­o”, disse a empresa em nota.

Antes da pandemia, a Azul fazia cerca de 900 voos diários. Hoje, são 250 nos dias de pico. A empresa deve chegar em agosto com 35% da capacidade de operação que tinha antes da quarentena. Para atravessar esse período de crise, a companhia negocia com o Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social um empréstimo.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO–31/3/2020 Em crise. Além de demissões, empresa criou programa de licença não remunerada

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