O Estado de S. Paulo

Bolsonaro sonda Major Vitor Hugo para assumir o MEC

Líder do governo na Câmara teve almoço com o presidente, que procura sucessor para Weintraub

- Camila Turtelli Jussara Soares / BRASÍLIA LABOROU RENATA CAFARDO CO-

O líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), entrou na lista de cotados para assumir o Ministério da Educação (MEC). O parlamenta­r recebeu anteontem ligação do presidente Jair Bolsonaro para sondar a possibilid­ade.

Ontem, os dois tiveram um almoço, fora da agenda, no Palácio do Planalto, em que discutiram a educação do País. Entre os assuntos, falaram sobre educação básica e profission­alizante, temas que Bolsonaro quer atenção especial. O presidente não quer abrir mão das pautas ideológica­s para o País, mas tem ressaltado que essa bandeira não precisa ser algo beligerant­e, como era tratado pelo ex-ministro Abraham Weintraub.

Apesar de criticado pelos parlamenta­res, Vitor Hugo se mostra na Câmara um homem de confiança do governo e cumpridor de tarefas. Além disso, o deputado informa ter mestrado e é sempre elogiado por Bolsonaro, por ter sido o 1º colocado em sua turma na formação militar.

Major do Exército, Vitor Hugo é mestre em operações militares pela Escola de Aperfeiçoa­mento de Oficiais e é formado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, da Universida­de Federal do Rio, entre outros títulos. Bolsonaro disse a interlocut­ores que vai sentir a receptivid­ade do nome de Vitor Hugo para o MEC entre os apoiadores.

Até agora, a resistênci­a tem partido de dentro do governo. O fato de o deputado não ser general, a patente mais alta, tem gerado resistênci­a da ala militar, que queria alguém mais velho. Vitor Hugo tem 43 anos.

O MEC está sem titular desde a saída de Weintraub, no último dia 18, após o governo ser pressionad­o a fazer um gesto de trégua ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-ministro chamou integrante­s da Corte de “vagabundos” em reunião ministeria­l. Bolsonaro chegou a escolher o professor Carlos Alberto Decotelli para a pasta. O governo, porém, pediu que ele deixasse o cargo após questionam­entos a seu currículo.

Anteontem, o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, avisou que não vai ser ministro após convite de Bolsonaro. Conforme o Estadão revelou, o presidente foi pressionad­o pela ala ideológica do governo e por militares para não colocar Feder no comando do MEC.

Encontro. Antes do almoço com Vitor Hugo, Bolsonaro recebeu pela manhã Aristides Cimadon, reitor da Universida­de do Oeste de Santa Catarina. O encontro não foi registrado na agenda oficial, mas confirmado por fontes do Planalto e pessoas ligadas ao reitor.

Cimadon também entrou na lista de cotados no último final de semana, com apoio do senador Jorginho Mello (PL-SC), mas saiu do gabinete presidenci­al sem garantia de que será o escolhido. Outros candidatos que já haviam sido sondados antes da nomeação de Decotelli, voltaram a ser considerad­os.

Entre eles, Marcus Vinícius Rodrigues, que presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is (Inep/mec) , e do reitor do Instituto Tecnológic­o de Aeronáutic­a (ITA), Anderson Correia. Ele chefiou a Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os dois são próximos a militares e atuaram na gestão do ex-ministro Ricardo Vélez. Também seguem cotados Sérgio Sant’ana, ex-assessor de Weintraub, e Ilona Becskeházy, secretária de Educação Básica do MEC. Ela, porém, perdeu força na ala ideológica do governo, por ter atuado na na campanha presidenci­al de Ciro Gomes (PDT). Há ainda o evangélico Benedito Guimarães Aguiar Neto, que foi reitor da Universida­de Mackenzie e hoje é presidente da Capes./

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MARCOS CORRÊA/PR - 29/4/2020 Apoio. Ala militar resiste ao nome do deputado de 43 anos

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