O Estado de S. Paulo

Flávio reclama de julgamento­s sem o ‘contraditó­rio’

Em nota, senador diz que relatório do Facebook não permite saber se rede social ‘ultrapasso­u limites da censura’

- / CAMILA TURTELLI, PAULA REVERBEL, PEDRO PRATA e CAIO SARTORI

Em nota para comentar a ação do Facebook, o senador Flávio Bolsonaro (Republican­osRJ) afirmou que “julgamento­s que não permitem o contraditó­rio e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas”.

“Pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapasso­u ou não os limites da censura”, disse. Flávio afirmou que o governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais. “Por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos são livres e independen­tes.”

À noite, o senador publicou mensagem no Twitter na qual afirma que vai ajudar a divulgar os perfis “injustamen­te censurados” quando forem recriados. “Minha solidaried­ade a todos os perfis que foram injustamen­te censurados por Facebook e Instagram – aparenteme­nte por apoiarem o presidente Bolsonaro. Assim que criarem seus novos perfis para exercerem a sagrada liberdade de expressão, avisem no privado ajudarei a divulgá-los.”

A reportagem ligou e enviou mensagens para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas ele não respondeu, bem como Paulo Eduardo Lopes e Eduardo Guimarães. Procurado, Tercio Arnaud Tomaz não quis comentar o conteúdo do relatório. O Palácio do Planalto também não se manifestou.

O deputado estadual de São Paulo Coronel Nishikawa (PSL) afirmou, por meio de nota, que foi tomado de surpresa pela notícia que citava o servidor lotado em seu gabinete na Alesp, Jonathan Willian Benetti. Ele disse que, ao questionar funcionári­o, ouviu que ele não tinha conhecimen­to de nenhuma conta sua suspeita. O deputado disse ainda que não compactua com disseminaç­ão de fake news. O advogado do deputado afirmou ao Estadão que, apesar de ele ter se eleito com bandeira bolsonaris­ta em 2018, não é próximo da família do presidente. O Estadão entrou em contato com Jonathan, mas não obteve resposta.

O deputado estadual fluminense Anderson Moraes (PSL) classifico­u como “absurda e arbitrária” a ação do Facebook. “O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio nas redes sociais, perfis livres. Querem tolher a principal ferramenta da direita de fazer política”, disse.

Alana Passos (PSL) afirmou que está à disposição para prestar qualquer esclarecim­ento. “Nunca orientei sobre criação de perfil falso e nunca incentivei a disseminaç­ão de discursos de ódio”, disse a parlamenta­r.

Partido. A direção nacional do PSL divulgou nota negando envolvimen­to do partido na rede de perfis falsos. “Não é verdadeira a informação de que sejam contas relacionad­as a assessores do PSL, e sim de assessores parlamenta­res dos respectivo­s gabinetes, sob responsabi­lidade direta de cada parlamenta­r, não havendo qualquer relação com o partido”, diz o partido.

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