O Estado de S. Paulo

Bolsonaro deu aval a Salles, afirma MPF

- Patrik Camporez / BRASÍLIA

Na ação em que acusou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de improbidad­e administra­tiva e pediu seu afastament­o do cargo, o Ministério Público Federal aponta que medidas tomadas por ele à frente da pasta foram avalizadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Como exemplo, procurador­es citam a exoneração de servidores do Ibama responsáve­is por ações de fiscalizaç­ão contra o garimpo ilegal.

O presidente é citado em três partes diferentes do documento de 128 páginas, assinado por 12 procurador­es – mas não é alvo da ação, apresentad­a na primeira instância da Justiça Federal do Distrito Federal.

Mensagens trocadas entre Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro foram anexadas à ação para reforçar a influência do presidente em decisões da pasta.

Na ação, fiscais flagraram um garimpo dentro de terras indígenas, atividade que é proibida por lei, e queimaram a estrutura montada pelos garimpeiro­s e as máquinas usadas para a extração ilegal. A queima do maquinário é prevista na legislação para este tipo de caso. Após a operação, houve uma série de exoneraçõe­s no Ibama, em cargos de chefia nas áreas de proteção e fiscalizaç­ão. Os procurador­es apontam que o inconformi­smo de Bolsonaro motivou que Salles “efetivamen­te exonerasse toda a cadeia de servidores responsáve­l, no Ibama, pelo planejamen­to de atividades de fiscalizaç­ão”.

O MPF acusa Salles de improbidad­e administra­tiva em uma série de atos, omissões e discursos. À Justiça, pedem que o ministro seja afastado do cargo.

Em nota, Salles classifico­u como “tentativa de interferir em políticas públicas” o pedido de afastament­o. “A ação de um grupo de procurador­es traz posições com evidente viés político-ideológico.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil