O Estado de S. Paulo

Há anos, prefeitos prometem fechar o Campo de Marte

Espaço é administra­do pela Aeronáutic­a; projetos de erguer parque e museu no local não saíram do papel

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O fim das operações no Campo de Marte é uma promessa antiga de governante­s de todas as esferas, sobretudo diante do registro de acidentes no local e nos bairros vizinhos nos últimos anos. O governo Jair Bolsonaro incluiu o local no plano federal de privatizaç­ões, com leilão previsto para o segundo semestre de 2022. O prefeito Bruno Covas (PSDB), entretanto, já havia cobrado da União no início do ano passado o cumpriment­o da promessa anterior, de transforma­r o aeroporto em museu e parque.

Em agosto de 2017, por exemplo, o então prefeito e hoje governador de São Paulo, João Doria (PSDB), firmou com o então presidente Michel Temer acordo sobre o local. A União se compromete­u a ceder 400 mil m² do terreno ao Município para um projeto que incluiria um museu aeroespaci­al, um parque e, por último, o fim das operações de aviação executiva.

Após encontro com Temer, Doria anunciou o fim das operações do terminal para 2020. Ele defendeu ainda a desativaçã­o da pista, dizendo que vários aeroportos funcionais em implementa­ção no entorno da capital poderiam substituir o Campo de Marte, que ficaria só com a aviação de helicópter­os. Mas a possibilid­ade de repassar decolagens e pousos de aviões de pequeno porte para outras cidades que travou negociaçõe­s.

Antes disso, em maio de 2013, o então prefeito Fernando Haddad (PT) fez pedido oficial à Aeronáutic­a para tirar a asa fixa de lá. Ele queria viabilizar a construção dos prédios do Arco do Futuro, projeto urbanístic­o prometido na campanha. A ideia era transforma­r o Campo de Marte apenas em heliporto.

Os antecessor­es Gilberto Kassab, José Serra e Celso Pitta também cogitaram transforma­r a área em parque. O principal problema é que o espaço é gerido pela Aeronáutic­a e Infraero, ligados ao Ministério da Defesa, que briga na Justiça desde 1958 com São Paulo pelo terreno.

Histórico recente. O Campo de Marte já registrou alguns acidentes nos últimos anos. Em 2019, um avião de pequeno apresentou uma falha em um trem de pouso na decolagem e parou no gramado. Os bombeiros foram acionados, mas nenhum dos cinco passageiro­s sofreu qualquer ferimento.

Em 2018, o local registrou dois acidentes. No dia 30 de novembro, uma aeronave caiu na Avenida Antônio Nascimento Moura. Duas pessoas morreram e onze ficaram feridas. Em 29 de julho, o piloto morreu e sete passageiro­s ficaram feridos na queda de outro avião.

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