MEC define que prova do Enem será em janeiro
O governo definiu que o Enem ocorrerá nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021 e o Enem digital, em 31 de janeiro e 7 de fevereiro. O ministro interino da Educação, Antônio Vogel, disse que a data não é uma decisão “perfeita e maravilhosa”, mas a considera uma “solução técnica”. Mais de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos. Em enquete feita pelo MEC, 49,7% dos que votaram haviam escolhido ter a prova em maio.
Enquete com alunos indicou preferência por maio, mas prova no início do ano foi defendida por universidades e secretários de educação; resultados serão divulgados até 29 de março. Por covid-19, nº de candidatos por sala deve ser menor e haverá oferta de álcool em gel
O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) anunciaram ontem que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicado nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. Mais de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos para o exame, que terá custo adicional de R$ 70 milhões por causa de medidas sanitárias decorrentes da pandemia do coronavírus.
Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, o ministro interino da Educação, Antônio Vogel, disse que a nova data da prova não é uma decisão “perfeita e maravilhosa para todos” os candidatos. “Buscamos uma solução técnica”, completou. A versão digital da prova, que ocorre pela primeira vez no País, será nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. E os resultados serão divulgados no dia 29 de março.
A prova, inicialmente prevista para novembro deste ano, foi adiada por causa da pandemia do coronavírus. Escolas de todo o País tiveram atividades presenciais suspensas para evitar a propagação do vírus.
O MEC também informou ontem a possibilidade de que seja realizado mais um Sisu, sistema que reúne vagas no ensino superior público, em 2021. Se isso ocorrer, serão três seleções no ano que vem. “Há toda uma reação em cadeia quando se define a data do Enem. Essa nota do Enem serve de critério primeiro para entrar em uma universidade pública, pelo Sisu. Se não entrar, tem a possibilidade de conseguir bolsa pelo Prouni. E, se não conseguir, pode ter o Fies”, disse Vogel.
“Se deixasse para maio, os ingressos (no ensino superior) seriam só no segundo semestre. Perderíamos o semestre inteiro. Por isso estamos com a opção aberta, e vamos avaliar junto com instituições de ensino superior, de fazer outro Sisu ao longo de 2021”, disse Vogel.
O estadao.com.br antecipou, na manhã de ontem, que o Enem seria realizado em janeiro. A aplicação da prova no mês de janeiro foi defendida por secretários de educação e universidades em reuniões com o governo. Em enquete realizada a pedido do ex-ministro Abraham Weintraub, a maior parte dos estudantes (49,7%) votou para que o Enem fosse realizado apenas em maio. Outros 35,3% optaram por janeiro. Mas, depois que Weintraub foi demitido, a direção do Inep não se comprometeu em seguir o resultado da pesquisa e anunciou que ouviria representantes dos Estados e do ensino superior para tomar uma decisão.
Segundo fontes que estavam
presentes às reuniões feitas com o Inep, maio foi considerado um mês inviável pela maioria, pelo que causaria ao calendário do ensino superior. Universidades particulares também não queriam um Enem tão tarde porque os estudantes esperam o resultado da prova e do Sisu para ver se conseguiram vaga em instituições públicas e só depois partem para uma particular. O exame em maio prejudicaria mais ainda um mercado já fragilizado, com perda de estudantes e alta inadimplência.
Alexandre Lopes, presidente do Inep, explicou que a enquete com os estudantes não foi o único parâmetro para definição da data. “Entendemos que seria importante ouvir secretários estaduais de Educação e instituições de ensino superior públi
cas e privadas. Todas as informações foram levadas em consideração. Mais da metade optou por (fazer a prova em) dezembro e janeiro. Também estamos atendendo a esse público.”
Segundo o governo, o nível da prova não será modificado em função das dificuldades de ensino durante a pandemia, já que os itens que compõem o teste foram elaborados antes da covid. O governo também informou que prevê gasto extra de R$ 70 milhões com a aplicação neste ano em função da pandemia – no ano passado, o exame custou R$ 537 milhões. A covid19 deve obrigar que a aplicação ocorra com menos estudantes em sala para evitar contaminação, o que pode elevar o número de locais de prova. Também deverão ser fornecidos álcool em gel e máscaras.
O MEC ainda anunciou que a reaplicação da prova impressa, que ocorre quando há falhas como falta de luz no local do exame, será nos dias 24 de fevereiro e 25 de fevereiro de 2021.
Estaduais. As novas datas do Enem devem embaralhar os vestibulares das universidades estaduais paulistas. A Universidade de São Paulo (USP), que utiliza as notas do exame para a seleção de parte dos estudantes, deve divulgar comunicado hoje sobre seu processo seletivo.
Indagado sobre manter a utilização das notas do Enem como forma de seleção de parte dos estudantes no próximo vestibular, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, disse que “não sabe se vai conseguir”, mas estuda as chances. Já a Unesp informou que considera a possibilidade de aproveitar as notas do Enem – a universidade usa o exame para compor as notas da primeira fase – e disse ser “provável” o adiamento do seu vestibular.
Por meio de nota, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) disse ser fundamental que o Enem seja “tecnicamente exitoso e com concorrência democrática”. Para a Andifes, a data anterior não apresentava as condições necessárias, como segurança de alunos e profissionais e equidade.