O Estado de S. Paulo

MÉXICO AGORA BARRA OS EUA

Moradores bloqueiam estradas por medo do avanço da pandemia na Califórnia e no Arizona

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Para tentar diminuir a circulação do coronavíru­s, moradores de cidades mexicanas na fronteira montaram barricadas para barrar americanos, em especial da Califórnia e do Arizona.

Apandemia de coronavíru­s vem provocando cenas que até bem pouco tempo eram difíceis de imaginar. Desde o início da semana, moradores de cidades mexicanas na fronteira com os Estados Unidos montaram barricadas para impedir a entrada de americanos – a passagem é permitida apenas em caso de viagens essenciais.

O medo dos mexicanos tem explicação. Embora o vírus venha castigando o México, que registra uma média de 6 mil novos casos por dia, a pandemia parece muito mais fora de controle ao norte da fronteira, especialme­nte nos Estados da Califórnia, que vem relatando 9 mil contaminaç­ões diárias, e do Arizona, que vem notificand­o 3,5 mil infecções todos os dias.

As praias de Sonora e Baixa

Califórnia, no México, são muito procuradas por turistas americanos no verão – especialme­nte no feriado do Dia da Independên­cia, em 4 de julho. Apenas 350 quilômetro­s separam a cidade de Phoenix, no Arizona, de

Puerto Peñasco, balneário no Estado mexicano de Sonora.

No fim de semana, moradores de Sonoyta, cidade mexicana que faz fronteira com o Arizona, utilizaram os seus próprios carros para bloquear a estrada até Puerto Peñasco. “Pedimos aos turistas americanos que não visitem o México”, disse o prefeito de Sonoyta, José Ramos Arzate. “Temos de proteger a saúde da nossa comunidade diante da taxa acelerada de contágio no Arizona.”

Em Mexicali, cidade mexicana de um milhão de habitantes na fronteira com os EUA, moradores também montaram barricadas com veículos para impedir o acesso às praias de San Felipe, no Golfo da Califórnia. Os bloqueios no fim de semana causaram engarrafam­entos de mais de oito horas na região. Segundo autoridade­s locais, a polícia mexicana apreendeu mais de duas mil latas de cerveja.

As barreiras foram incentivad­as pelas autoridade­s mexicanas. Na semana passada, o secretário de Saúde de Sonora, Enrique Clausen, alertou para o perigo de manter a fronteira aberta. “A entrada de americanos só deve ser permitida em casos especiais, de trabalho ou negócios”, disse.

A fronteira oeste também é um dos principais pontos de entrada de drogas nos EUA – e as restrições vêm afetando as receitas dos cartéis. “Antes da pandemia, a região era conhecida como ‘corredor da cocaína’. Agora, está sendo chamada de ‘corredor da covid’”, disse Gonzalo Gerardo, chefe de polícia do condado de Calexico, na Califórnia.

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GUILLERMO ARIAS / AFP Limpeza. Funcionári­o de Tijuana desinfeta área de fronteira

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