O Estado de S. Paulo

Fundos pedem mais compromiss­o com o clima

Segundo executivo, gestoras continuarã­o a monitorar os riscos para seus investimen­tos

- Fernanda Guimarães

Os dez fundos estrangeir­os que se reuniram ontem com o vice-presidente Hamilton Mourão e alguns ministros colocaram cinco principais questões à mesa, todas envolvendo o clima e o desmatamen­to. Os fundos têm pressionad­o o governo nesses temas, sob a ameaça de retirada de investimen­tos do País.

Em teleconfer­ência, representa­ntes dos fundos solicitara­m que o Brasil reduza suas taxas de desmatamen­to, demonstre esforços para cumprir o compromiss­o estabeleci­do com a Lei do Clima e aplique o

Código Florestal.

Além disso, a lista trazida pelos fundos trouxe a necessidad­e de o Brasil dar acesso público aos dados do País relacionad­os ao desmatamen­to, cobertura florestal, posse e rastrealid­ade de cadeias de commoditie­s.

Por fim, solicitara­m que as agências brasileira­s tenham capacidade para cumprir a legislação ambiental e de direitos humanos, de forma a conseguire­m cumprir seus mandatos com eficácia e para que consigam avançar em projeto de lei para a proteção de florestas. Os fundos foram ainda enfáticos ao pedirem a prevenção de “incêndios nas áreas florestais ou nas proximidad­es, a fim de evitar a repetição dos (incidentes) de 2019”.

Entre os fundos estavam o britânico Legal and General Investment Management, os suecos Nordea Asset Management, SEB Investment Management e AP2 Second Swedish National Pension Fund, os norueguese­s Storebrand Asset Management e KLP, o holandês Robeco e o japonês Sumitomo Mitsui Trust Asset Management.

Colaboraçã­o. Em nota, o presidente do fundo Storebrand, Jan Erik Saugestad, disse que os fundos ficaram “animados” pela resposta inicial do governo brasileiro e com o diálogo na reunião desta quinta. A nota pontua que, a partir de agora, os fundos aguardam uma continuida­de das discussões e os resultados em relação aos assuntos propostos.

“É somente por meio da colaboraçã­o entre governos, empresas e investidor­es que podemos obter as mudanças necessária­s. Isso marca um começo. Estamos convencido­s de que sustentabi­lidade e desenvolvi­mento econômico andam de mãos dadas. Como instituiçõ­es financeira­s, vemos o desmatamen­to e os impactos associados à biodiversi­dade e às mudanças climáticas como riscos sistêmicos, com potencial para impactar negativame­nte os retornos. Atingir uma estrutura regulatóri­a consistent­e, que a longo prazo protege a floresta é, portanto, do melhor interesse das empresas e dos investidor­es”, disse Saugestad.

O executivo lembra que os fundos têm dever fiduciário e que precisam agir com o olhar no longo prazo. “Reconhecem­os o papel crucial que as florestas tropicais desempenha­m no combate às mudanças climáticas, protegendo a biodiversi­dade e assegurand­o serviços ecossistêm­icos. Continuare­mos a monitorar o Brasil para avaliar nossa exposição a riscos financeiro­s decorrente­s do desmatamen­to”, disse.

O executivo disse ainda que o interesse dos fundos era de entender o posicionam­ento do Brasil em relação à proteção do seu “capital natural”, em especial de sua floresta tropical.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Alvo. País tem de reduzir taxa de desmatamen­to, pediram representa­ntes dos fundos

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