O Estado de S. Paulo

TSE vai aumentar eleitores por seção

Média de pessoas por seção deve saltar de 380 para 430 no dia da votação, em novembro, porque licitação para comprar urnas atrasou

- Rafael Moraes Moura

Uma guerra de recursos e a pandemia da covid-19 atrasaram a licitação milionária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com objetivo de comprar novas urnas eletrônica­s para as eleições deste ano. Apesar de manter o processo em andamento, o próprio TSE admite não haver mais tempo hábil para o uso dos equipament­os em novembro, quando os brasileiro­s escolherão prefeitos e vereadores. Com menos urnas, a Justiça Eleitoral começou a fazer um remanejame­nto de eleitores e, com isso, a média de pessoas por cada seção eleitoral saltará de 380 para 430.

A mudança provoca preocupaçã­o sobre filas e aglomeraçõ­es nos locais de votação. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, pretende discutir a licitação com os colegas, já que as novas urnas só poderão ser usadas em 2022, quando o tribunal será comandado pelos ministros Edson Fachin ( de fevereiro a agosto) e Alexandre de Moraes ( a partir de agosto). “Para utilização nas eleições de 2020, não há mais tempo hábil para a aquisição. Sobre 2022, o assunto será discutido com os próximos presidente­s do tribunal”, informou o TSE.

A licitação, que ainda não teve empresa vencedora definida, envolve a aquisição de 180 mil novas urnas por até R$ 775 milhões. Segundo o Estadão apurou, o TSE tem no orçamento de 2020 cerca de R$ 241 milhões, o que lhe permitiria adquirir cerca de 43 mil unidades até o fim do ano. O restante ficaria para 2021. A compra é necessária já que o tempo médio de

funcioname­nto de uma urna é de dez anos. A última vez que o tribunal adquiriu novos aparelhos foi em 2015.

Em setembro do ano passado, duas empresas entregaram ao TSE a documentaç­ão para disputar a licitação: a Positivo e a Smartmatic. Fundada por venezuelan­os nos EUA e com sede atualmente no Reino Unido, a Smartmatic formou um consórcio com a americana Diebold, tradiciona­l fornecedor­a dos equipament­os.

As duas concorrent­es foram desclassif­icadas por não cumprirem requisitos técnicos exigidos pelo TSE, além de terem se envolvido em uma guerra de recursos para contestar a qualidade do equipament­o da oponente. O TSE deu uma nova chance para que os erros fossem corrigidos. A Positivo é a favorita por ter oferecido o menor preço. Procurada, a Positivo não quis se manifestar. A Smartmatic não respondeu à reportagem.

Votação. Para diminuir os riscos de infecção, o TSE avalia ampliar a faixa de horário da votação – de 8h às 20h, em vez de 8h às 17h, ganhando mais três horas – e até dividir as pessoas por faixa etária. Outra medida que deve ser tomada nas próximas semanas é deixar de lado a biometria na identifica­ção dos eleitores. A biometria prolonga o tempo de votação, além de trazer riscos de contaminaç­ão, por envolver a leitura das digitais de cada eleitor. Técnicos do TSE apontam que o fato de a campanha deste ano ser municipal reduz os riscos de filas, já que os eleitores escolherão apenas dois candidatos.

Para o médico Julival Ribeiro, integrante da Sociedade Brasileira de Infectolog­ia (SBI), a eleição em si representa um risco de contaminaç­ão, agravado pelo fato de ocorrer em prédios fechados, com pouca ventilação. “Se você tem menos urnas, vai ter mais aglomeraçã­o de pessoas, então piora mais ainda o fator de risco”, disse.

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JARBAS OLIVEIRA./ESTADAO -3/10/2018 Fortaleza. Funcionári­os do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará preparam as urnas eletrônica­s para as eleições de 2018

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