O Estado de S. Paulo

Bebida nacional ainda enfrenta desafio de reputação

Enquanto o espumante já é considerad­o até melhor do que o internacio­nal, outros vinhos ainda precisam se afirmar

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O aumento do consumo é um bom sinal, mas o vinho nacional ainda enfrenta um desafio de reputação com o consumidor, de acordo com Felipe Gualtaroça, presidente da Ideal Consulting, que acompanha de perto o mercado do País. “Ainda há uma certa associação ao vinho de garrafão, mas aos poucos o preconceit­o está diminuindo”, diz o consultor. “Isso já não acontece mais com o espumante brasileiro, que já é considerad­o tão bom ou até melhor do que o internacio­nal.”

Apesar do recente cresciment­o, ainda há uma carência de informação sobre vinhos – o consumo per capita de 2,13 litros por habitante ao ano ainda é bastante baixo diante de mercados mais maduros. Para se ter uma ideia, na maior parte da Europa o consumo está acima dos 20 litros anuais por pessoa, passando de 30 em várias nações, incluindo Itália e Suíça. Na América Latina, nações como o Uruguai e a Argentina estão cima dos 10 litros.

Portanto, a recém-adquirida curiosidad­e do brasileiro pelo vinho e pelo espumante precisa ser alimentada com conteúdo. A pandemia viu a explosão das lives sobre os mais diversos assuntos – e foi também um terreno fértil para os enólogos de plantão.

Somente a sommelier da Wine.com.br, Cibele Siqueira fez 22 lives durante o período de isolamento. O argumento é que vinho pode ser bebido em qualquer ocasião – ela ministrou aulas de combinação da bebida até com paçoca, em homenagem às festas juninas.

Uma das caracterís­ticas do vinho é a ligação com o entretenim­ento, de acordo com Marcelo D’arienzo, presidente da Wine. Segundo ele, para incentivar a conversa sobre combinaçõe­s e variedades, é necessário entrar em searas análogas, como a da gastronomi­a. “O vinho tem a vantagem de ser um produto que gera conversa: vou harmonizar com o quê? É um incentivo à pesquisa.”

Presença. As oportunida­des de compra de vinho também tiveram de ser ampliadas. Além dos supermerca­dos e dos ecommerces especializ­ados, hoje o produto está mais evidência em grandes marketplac­es, como Lojas Americanas e Magazine Luiza.

A Wine vem tentando consolidar sua presença além da internet. A companhia já tem duas lojas – uma em Belo Horizonte e outra em Curitiba. Mesmo com a pandemia de covid-19, vai abrir mais oito até o fim do ano, em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Goiânia, Salvador e Vitória.

Para tentar aumentar o interesse do brasileiro pelo tema, o Instituto Pró-vinho está fazendo uma espécie de campanha institucio­nal periódica do produto, para despertar o interesse da população. A ideia não é promover o produto nacional ou importado – que são trabalhado­s individual­mente por associaçõe­s de agricultor­es e de importador­es –, mas o universo do vinho e do espumante. A próxima campanha do Pró-vinho vai ser veiculada no fim de julho.

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