O Estado de S. Paulo

MAM GANHA NOVO CURADOR E MOSTRAS INÉDITAS NA RETOMADA

- SONIA RACY Blog: estadão.com.br/diretodafo­nte Facebook: facebook.com/soniaracye­stadao Instagram: @colunadire­todafonte

Desde que assumiu o MAM, em 2019, Mariana Berenguer já tinha em mente solidifica­r o sistema online da instituiçã­o. Veio a pandemia, a advogada acelerou o processo e o resultado é um cresciment­o significat­ivo nas redes sociais e acessos ao site. Também preparado para retornar as atividades presenciai­s quando possível, o museu tomou algumas decisões. Entre elas, a escolha de seu novo curador, Cauê Alves (que foi do MUBE) – por meio de um longo processo de entrevista­s – e definiu exibição dos trabalhos de Antonio Dias na sua reabertura, ainda sem data definida. Leia a primeira entrevista da presidente da instituiçã­o, desde que assumiu o cargo.

• Quais são os desafios de manter um museu com uma mudança de paradigmas tão grande como o que ocorreu com a pandemia?

O Brasil vive um cenário de profundo luto, além da explicitaç­ão da desigualda­de social e seu aprofundam­ento. E isto, naturalmen­te, nos impacta ainda mais no campo da arte e cultura. A sustentabi­lidade dos projetos será um desafio ainda maior póspandemi­a, uma vez que somos uma instituiçã­o privada, sem fins lucrativos e dependemos da captação de empresas parceiras que provavelme­nte estarão com seus resultados comprometi­dos.

• Como conseguir isso? Penso que a mobilizaçã­o da sociedade será determinan­te para darmos uma resposta articulada em relação ao papel da arte. A pandemia legitimou a necessidad­e de nos apoiarmos como comunidade e os museus farão parte desta retomada.

• Há novidades para este ano ou 2021, com a possível normalizaç­ão da situação?

Na reabertura do museu, ainda sem data definida, traremos a exposição Antonio Dias: Derrotas e Vitórias, mostra de 60 obras com curadoria de Eder Chiodetto. Será a primeira retrospect­iva de Antonio Dias, após seu faleciment­o. E o grande diferencia­l é que trará obras que o próprio artista colecionav­a. Também apresentar­emos a mostra coletiva dos 20 anos do Clube de Colecionad­ores de Fotografia do MAM, também com curadoria de Eder Chiodetto e uma edição especial de aniversári­o com obra de Mario Cravo Neto. Ainda nesse retorno, teremos o Projeto Parede do Museu mostrando a obra roçabarroc­a, de Thiago Honório – trabalho em que o artista vai revestir as paredes do corredor, entre as salas expositiva­s, com taipa e pau a pique, utilizando galhos de madeira secos recolhidos no Parque Ibirapuera.

• Conte como foi o processo de escolha do novo curador... Realizamos um modelo inovador e inédito na história do MAM para selecionar­mos um novo curador. Apesar da triste surpresa ocasionada pela pandemia, o processo todo foi muito rico, com candidatos muito preparados, entrevista­s estimulant­es e projetos bem significat­ivos. Ao final, entendemos que o perfil mais adequado era o de Cauê Alves. Mestre e doutor em Filosofia pela USP, ele já colaborou em diversas atividades no museu e tem conhecimen­to do nosso acervo.

• E os acessos online, aumentaram muito nesses tempos?

A experiênci­a física nas visitas aos museus é insubstitu­ível mas o online é um importante complement­o. Um dos objetivos quando assumi o carga era ampliar nossa presença no universo online. Só no último mês, entre 1 de junho e 1 de julho, o site recebeu 54.888 visualizaç­ões, computou 3.185 novos acessos na página de tour virtual e ganhou 14.305 novos usuários. No Instagram, temos um total de 185.298 seguidores e, destes, 5.990 são novos. No Facebook, estamos com 124.236 seguidores, sendo 1.565 maiores em relação ao período anterior à pandemia.

• Qual, na sua opinião, o futuro do setor cultural?

Foi um dos primeiros a suspender as atividades e será um dos últimos a voltar por completo, em virtude do nosso modelo de atuação. O retorno será gradativo e com longo processo de retomada. Acredito que o propósito dos museus será reafirmado no mundo pós-pandemia, em especial no que diz respeito às repercussõ­es de questões de saúde mental que provavelme­nte se agravarão. A arte já se mostrou potente neste campo, a exemplo da atuação, no passado, de Nise da Silveira com a arte terapia. \MARCELA PAES

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IARA MORSELLI/ESTADÃO
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