O Estado de S. Paulo

Republican­o diz aos eleitores que votem 2 vezes

- WASHINGTON

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu a seus eleitores que votem duas vezes, uma pelos correios e outra pessoalmen­te, para testar a segurança da eleição. A afirmação foi feita na noite de quarta-feira, durante uma viagem à Carolina do Norte. “Deixe que eles enviem (as cédulas) e votem. E, se o sistema deles for tão bom quanto dizem, então, obviamente eles não poderão votar. Mas, se não estiver tabulado, eles poderão votar”, disse o presidente.

A declaração colocou a campanha do presidente na defensiva, já que votar intenciona­lmente duas vezes é ilegal. Em muitos Estados, incluindo a Carolina do Norte, é crime. Em seguida, Trump tentou retificar aquilo que disse. Segundo ele, sua intenção teria sido apenas convocar seus eleitores a votar por correspond­ência e, no dia da eleição, comparecer à seção eleitoral para checar se o voto foi ou não computado.

Nas últimas semanas, o presidente vem insistindo que as eleições serão “repletas de fraudes” contra ele. Ontem, ele voltou a dizer que a votação pelos correios – que neste ano foi ampliada em muitos Estados em razão da pandemia – terá erros na apuração, contagem duplicada de cédulas e atrasos, tornando impossível saber quem ganhou.

Dados oficiais, no entanto, não sustentam a alegação de Trump. Uma análise feita pelo Washington Post em três Estados que adotam o votação por correio apontou apenas 372 casos de voto duplo ou em nome de pessoas mortas, de um total de 14,65 milhões de cédulas enviadas por correspond­ência nas eleições de 2016 e de 2018 – cerca de 0,0025%.

O democrata Joe Biden, que foi questionad­o sobre o assunto na quarta-feira, acusou Trump de “tentar deslegitim­ar” o resultado da eleição e pediu às pessoas que “votem o mais cedo que puderem”. “A única maneira de resolver esse problema é votar. Vote, vote, vote. E não há nenhuma prova de que a votação por correspond­ência seja fraudulent­a”, disse o democrata.

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