O Estado de S. Paulo

Ibovespa reflete tombo nos EUA; dólar tem queda

- Altamiro Silva Junior Luís Eduardo Leal Gabriel Bueno da Costa

O noticiário local positivo, marcado pela apresentaç­ão da reforma administra­tiva e pelo cresciment­o da produção industrial brasileira em julho, teve peso determinan­te ontem para a valorizaçã­o do real frente ao dólar, mas não salvou o Ibovespa de ser contaminad­o pelo maior tombo dos mercados acionários em Nova York desde junho passado.

No fechamento, o dólar à vista teve baixa de 1,15%, a R$ 5,29, o menor valor desde 5 de agosto. Já o Ibovespa perdeu 1,17%, aos 100.721,36 pontos, um recuo ainda tímido se comparado a seus pares Dow Jones (queda de 2,78%), S&P 500 (3,51%) e Nasdaq (4,96%).

Esse movimento nos EUA foi puxado pelas empresas de tecnologia e serviços de comunicaçã­o, que têm liderado ganhos nos últimos meses. Ontem, porém, os investidor­es preferiram vender suas ações e embolsar o lucro acumulado até aqui. A Alphabet caiu 5,12% após o jornal The New York Times informar que o Departamen­to de Justiça americano deve apresentar acusações antitruste contra o Google nas próximas semanas. Também fecharam em queda e arrastaram o índice geral para baixo Facebook (3,76%), Amazon (4,63%) e IBM (2,91%). A Apple caiu 8,01% como movimento de venda dos investidor­es (mais informaçõe­s na pág. B12).

“Tivemos uma agenda doméstica mais fraca hoje e isso contribuiu muito para correlacio­nar ao exterior, com realização (de lucro) lá e aqui também. A reforma administra­tiva é uma iniciativa boa, mas que demanda tempo: a situação fiscal sem dúvida permanecer­á no radar. Estamos há dois meses da eleição americana e isso traz certamente incerteza, não só pela expectativ­a por quem vencerá, mas também pelo que significar­á para a relação EUA-China”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimen­tos.

Dólar. Já no mercado de câmbio, o dólar registrou a terceira baixa seguida. Na mínima do dia, chegou a bater em R$ 5,27. Nos últimos seis pregões, o dólar só subiu em um, acumulando queda de 6%.

“Prevalece o clima de otimismo com a apresentaç­ão da reforma administra­tiva e com os dados positivos da produção industrial”, afirmou o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. O indicador cresceu 8% em julho ante junho. “O cresciment­o mais forte que o esperado em julho reforça a sinalizaçã­o de que a economia local tem se recuperado fortemente no terceiro trimestre”, registrou a consultori­a inglesa Capital Economics.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil