Ibovespa reflete tombo nos EUA; dólar tem queda
O noticiário local positivo, marcado pela apresentação da reforma administrativa e pelo crescimento da produção industrial brasileira em julho, teve peso determinante ontem para a valorização do real frente ao dólar, mas não salvou o Ibovespa de ser contaminado pelo maior tombo dos mercados acionários em Nova York desde junho passado.
No fechamento, o dólar à vista teve baixa de 1,15%, a R$ 5,29, o menor valor desde 5 de agosto. Já o Ibovespa perdeu 1,17%, aos 100.721,36 pontos, um recuo ainda tímido se comparado a seus pares Dow Jones (queda de 2,78%), S&P 500 (3,51%) e Nasdaq (4,96%).
Esse movimento nos EUA foi puxado pelas empresas de tecnologia e serviços de comunicação, que têm liderado ganhos nos últimos meses. Ontem, porém, os investidores preferiram vender suas ações e embolsar o lucro acumulado até aqui. A Alphabet caiu 5,12% após o jornal The New York Times informar que o Departamento de Justiça americano deve apresentar acusações antitruste contra o Google nas próximas semanas. Também fecharam em queda e arrastaram o índice geral para baixo Facebook (3,76%), Amazon (4,63%) e IBM (2,91%). A Apple caiu 8,01% como movimento de venda dos investidores (mais informações na pág. B12).
“Tivemos uma agenda doméstica mais fraca hoje e isso contribuiu muito para correlacionar ao exterior, com realização (de lucro) lá e aqui também. A reforma administrativa é uma iniciativa boa, mas que demanda tempo: a situação fiscal sem dúvida permanecerá no radar. Estamos há dois meses da eleição americana e isso traz certamente incerteza, não só pela expectativa por quem vencerá, mas também pelo que significará para a relação EUA-China”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Dólar. Já no mercado de câmbio, o dólar registrou a terceira baixa seguida. Na mínima do dia, chegou a bater em R$ 5,27. Nos últimos seis pregões, o dólar só subiu em um, acumulando queda de 6%.
“Prevalece o clima de otimismo com a apresentação da reforma administrativa e com os dados positivos da produção industrial”, afirmou o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. O indicador cresceu 8% em julho ante junho. “O crescimento mais forte que o esperado em julho reforça a sinalização de que a economia local tem se recuperado fortemente no terceiro trimestre”, registrou a consultoria inglesa Capital Economics.