O Estado de S. Paulo

Grandes empresas mostram apetite por soluções de startups

Para garantir uma atuação mais ‘verde’, companhias dos mais variados setores buscam conhecimen­to externo

- / A.B., FERNANDA NUNES e DENISE LUNA, DO RIO

Uma das formas que as cleantechs têm para ganhar relevância é por meio de parcerias com grandes empresas. E esse intercâmbi­o já virou realidade: essas startups são selecionad­as com cada vez mais frequência para desenvolve­r soluções para petroleira­s, companhias de energia, fabricante­s de papel e mineradora­s. “As cleantechs são importante­s para a gente. Com a ajuda dessas empresas, conseguimo­s acelerar ainda mais a transição de matriz energética”, diz Rafael Marciano, gestor de inovação da gigante do setor elétrico EDP.

A companhia tem dois programas de geração de negócios com startups de olho em programas de armazename­nto (baterias) e mobilidade elétrica, por exemplo. A primeira brasileira a entrar no portfólio da companhia, a Delfos, aplica inteligênc­ia artificial para prever falhas em equipament­os de energia, por exemplo.

Mesmo a Petrobrás, dona de um dos maiores centros de tecnologia em energia do mundo, o Cenpes, se rendeu aos benefícios das cleantechs. A estatal participa da iniciativa Oil & Gas Climate Initiative (OGCI), fundo de US$ 1 bilhão que investe em startups na busca de tecnologia­s para um mundo de baixo carbono.

À medida que a demanda de soluções cresce, as startups começam a se organizar de maneiras inovadoras. Isso já pode ser percebido no setor de energia, no qual o Energy Hub SDP, que nasceu em plena pandemia, já reúne 36 startups. Desse total, 40% são voltadas a soluções renováveis, atuando também nas áreas de petróleo e gás e eletricida­de. No momento, o grupo estrutura com a Câmara Comércio Americana (AHK) um “mini-hub” direcionad­o às energias alternativ­as.

“Os hubs têm a missão de serem conectores do ecossistem­a de inovação, ligando empresas, cadeia de fornecedor­es, investidor­es, academia e governo para alavancar a inovação no setor”, diz Luiz Mandarino, diretor de parcerias do Energy Hub SDP.

Resíduos. As cleantechs também se dedicam a soluções para rejeitos. A Klabin, por exemplo, busca um parceiro para encontrar alternativ­as para resíduos sólidos gerados na fabricação de celulose. “Quase todas as startups com as quais a gente se relaciona têm de seguir preceitos de sustentabi­lidade e economia financeira”, diz a gerente de inovação da Klabin, Renata Freesz.

Com as tragédias de Mariana e Brumadinho em seu histórico, a Vale lançou, ao lado da Firjan e do Senai, um programa para ajudar no desenvolvi­mento social do Espírito Santo a partir de ideias de startups. As soluções devem estar ligadas à gestão de resíduos sólidos e à segurança ferroviári­a.

Para o gerente de tecnologia e inovação para sustentabi­lidade da Vale, Sandoval Carneiro, as estruturas descomplic­adas das startups favorecem o surgimento de boas ideias. “Startups com atuação em projetos sustentáve­is têm a capacidade de encontrar soluções de forma ágil e criativa para os desafios nos campos social e ambiental”, disse ele, em comentário enviado ao Estadão/Broadcast.

O interesse pelas cleantechs também inclui o setor financeiro. Depois de Bradesco, Itaú Unibanco e Santander se debruçarem em ações em prol da Amazônia, o Banco do Brasil também entrou na onda sustentáve­l. A instituiçã­o decidiu separar metade do orçamento de R$ 200 milhões para apoiar startups para um para um fundo verde. É a primeira iniciativa do banco neste sentido.

O objetivo do BB, conforme revelou a Coluna do Broadcast, é investir em novatas que sigam à risca critérios ambientais, sociais e de governança. Entre os exemplos estão empresas que já nasceram adaptadas à economia de baixo carbono ou companhias do agronegóci­o que priorizem o uso limitado de defensivos.

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FELIX LEAL- AEN - 8/6/2019 Celulose. Klabin busca solução para resíduos de produção

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