O Estado de S. Paulo

Brasil retira status de diplomatas do governo Maduro

Itamaraty comunica que integrante­s do corpo diplomátic­o ligados ao governo chavista passaram a ser ‘persona non grata’ no País

- Felipe Frazão

O governo Jair Bolsonaro declarou “persona non grata” diplomatas venezuelan­os que representa­m o governo de Nicolás Maduro no Brasil. O Itamaraty afirmou que comunicou ontem ao corpo diplomátic­o, consular e administra­tivo da Venezuela que eles deixaram de ser bem-vindos.

Na prática, os funcionári­os de Maduro podem permanecer no Brasil, mas perdem o status diplomátic­o ou consular, além de imunidades e privilégio­s garantidos internacio­nalmente.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que o status de “persona non grata” não equivale à expulsão ou qualquer outra medida de retirada compulsóri­a dos venezuelan­os do território nacional.

O Itamaraty argumenta que tem como prerrogati­va usar da declaração “para indicar que um representa­nte oficial estrangeir­o não é mais bem-vindo como tal em seu território”.

Os EUA impuseram ontem sanções contra a presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Indira Alfonzo, acusando-a de impedir eleições legislativ­as transparen­tes em dezembro. Ela ficará proibida de movimentar bens nos EUA e de entrar no país.

A pasta diz que, com isso, a Venezuela tem a prerrogati­va de retirá-los do Brasil.

A decisão ocorre depois de o governo Maduro cobrar publicamen­te uma resposta a pedidos de trégua e cooperação em ações humanitári­as e de saúde por causa da pandemia do novo coronavíru­s. Recentemen­te, o cônsul venezuelan­o em Boa Vista (RR) foi infectado e morreu em complicaçõ­es decorrente­s da covid-19, depois de transferid­o ao país vizinho.

A declaração é mais um sinal de hostilidad­e de Bolsonaro com relação ao regime chavista. O governo considera Maduro um presidente “ilegítimo” e reconhece o presidente da Assembleia Nacional, o opositor Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, desde que ele se proclamou como tal, em janeiro de 2019.

O Brasil já havia decidido fechar a embaixada em Caracas, além das repartiçõe­s consulares na Venezuela. Brasileiro­s passaram a ser orientados a procurar apoio na Colômbia. Os diplomatas e funcionári­os brasileiro­s foram removidos e enviados de volta – e os contratado­s localmente, dispensado­s.

Há meses, a embaixador­a enviada por Guaidó a Brasília, Maria Teresa Belandria, cobrava do governo Bolsonaro uma ação mais incisiva contra os diplomatas enviados por Maduro. Parte deles estava com credenciai­s vencidas, mas o grupo controla a sede da embaixada na capital federal e consulados. Belandria despacha de um quarto de hotel. Ontem, ela se reuniu com embaixador­es dos países do Grupo de Lima, criado em oposição ao regime bolivarian­o.

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REUTERS Sob pressão. Nicolás Maduro em pronunciam­ento no palácio presidenci­al em Caracas

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