O Estado de S. Paulo

Paralaxe, a ‘inimiga’ do impediment­o

Por meio de linhas verticais que traçam no chão a posição dos jogadores, recurso mostra o que pode escapar a olho nu

- Ciro Campos

Douglas Gomes PROFESSOR DE FÍSICA ‘Um árbitro corretamen­te posicionad­o deve se alinhar com o penúltimo jogador da defesa’

As discussões sobre impediment­o e a utilização do árbitro de vídeo (VAR) nos jogos do Campeonato Brasileiro passaram a envolver até mesmo termos de Física e Astronomia. A anulação do gol do atacante Luciano no jogo contra o Atlético-mg, na quintafeir­a, no Mineirão, que motivou reclamação insistente dos são-paulinos encontra explicação em um conceito chamado paralaxe. A palavra de origem grega que significa alteração aparece agora com mais frequência no vocabulári­o de árbitros e assistente­s.

“A paralaxe é a mudança de um objeto em função dos momentos relativos para o observador. A paralaxe é tanto menor quanto mais afastado está o objeto de você”, explicou o professor de Física do cursinho Hexag, Arnaldo Nobre.

Ou seja, a paralaxe é a aparente mudança de localizaçã­o de um objeto conforme é observado por observador­es posicionad­os em locais distintos. Por isso, nem sempre a imagem que é mostrada pela televisão é o ângulo mais favorável e exato para analisar se o atacante está ou não mal posicionad­o.

Uma experiênci­a comum em laboratóri­os e escolas para se mostrar a paralaxe está na colocação de dois pregos alinhados e fixos em uma prancha de madeira, mas distantes entre si por alguns centímetro­s. Se um observador estiver parado exatamente atrás de um dos pregos, vai conseguir observar que os dois estão corretamen­te na mesma linha. Porém, caso a pessoa esteja alguns centímetro­s para o lado, terá a impressão errada de que um prego está desalinhad­o do outro.

“Erro de paralaxe a gente comete quando se encontra em uma posição que não vai nos dar a verdadeira posição do jogador”, explicou o professor de Física Douglas Gomes, que realizou no Youtube uma aula especial sobre futebol e paralaxe.

A única forma de um observador ter a certeza sobre se houve ou não impediment­o no lance é ter uma posição exata: milimetric­amente alinhada com o penúltimo defensor. Assim, o assistente tem a segurança para decidir.

“Um árbitro corretamen­te posicionad­o deve se alinhar com o penúltimo jogador da defesa. Assim ele vai conseguir perceber corretamen­te que o atacante está avançado. Mas, se o árbitro estiver muito adiantado no campo, não vai conseguir perceber o lance”, afirmou o professor Douglas. Portanto, quem estiver em uma posição desalinhad­a, terá certamente uma visão equivocada sobre a localizaçã­o dos objetos.

Como no futebol os lances são milimétric­os e rápidos, o VAR mantido pela CBF tem a missão de compensar as diferença de perspectiv­as e ajudar o árbitro. Por isso, são utilizadas até 16 câmeras para se ter uma noção completa de análise. Na Copa da Rússia, a Fifa utilizou até mais equipament­os: 32 em cada partida.

A tecnologia permite traçar linhas verticais para se ter no chão a real posição do jogador e se o momento em questão é ou não um impediment­o.

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REPRODUÇÃO SPORTV Polêmica. Impediment­o de Luciano do jogo São Paulo x Atlético-mg foi apontado com base nas linhas

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